A origem do Holmes16

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Autor: J B Alves



Carta ao Jornal do Comércio

Todos já ouviram falar do prodígio que é ele. Um ser extraordinário criado por um gênio, detentor de uma capacidade quase que infinita para resolver casos que necessitam de grande inteligência e raciocínio lógico. Foi ele quem resolveu o misterioso caso da Liga dos assassinos gaúchos, uma organização que só matava políticos através do envenenamento de bombas de chimarrão e que tinham o intuito de reescrever a história política do Arroio Chuí. Da mesma maneira, foi ele que resolveu o caso da mulher conhecida como "viúva-negra" que roubava, literalmente, o coração de homens poderosos e os substituía por máquinas de controle.

Um dos corações mecânicos criados pela "Viúva Negra"

Foi ele também que impediu a realização do Ritual contido no livro Airequecê Ao, impedindo assim a liberação de monstros da mitologia Tupi-Guarani bem no centro de São Paulo. Mas talvez o caso mais emblemático até o momento tenha sido o do médico Michael Ostrog que havia acabado de se mudar para a cidade de Petrópolis e, sem que nenhuma autoridade suspeitasse, cometeu uma série de assassinatos sangrentos usando o pseudônimo de Jack o Estripador.

Como ele foi capaz de fazer isso? Bem, dizem que toda ideia, filosofia ou poesia nasce de uma interrogação. No entanto, para meu caro amigo Holmes16, isso não é verdade. Para ele, tudo nasce das respostas possíveis dessas infinitas interrogações. Para ele, analisar uma situação e chegar a uma conclusão é que realmente cria algum sentido ou luz, mesmo que temporário, para esse universo estranho, escuro e misterioso no qual ele foi criado.


Michael Ostrog O estripador de Petrópolis

É a busca pelas respostas que o impelem a continuar, que o fazem tentar entender e ajudar o mundo à sua volta. E desde o início, foi essa busca, e a promessa que fiz para tio-avô, que me fizeram ser seu companheiro, ajudando e registrando todos os passos de sua existência magnífica.

Mas antes de tudo, devo pedir desculpas por minha total falta de educação. Como os bons costumes indicam, é preciso que eu me apresente de maneira apropriada como um verdadeiro cavalheiro habitante de uma das colônias do Império Britânico.

Meu nome é João Landell Watt. Sou descendente direto do grande inventor escocês James Watt que foi escolhido como construtor de instrumentos mecânicos do Reino, membro da Sociedade de Edimburgo e da Sociedade Real de Londres.

O padre inventor Landell de Moura

Eu nasci em 1906 e, seguindo os passos de meu tio-avô, me mudei para estudar na escola politécnica do Rio de Janeiro. Desde cedo eu sempre quis fazer o mesmo curso que ele e quem sabe entender e ajudar em suas pesquisas e inventos. Meu bisavô imigrou para a 14o. Colônia Inglesa e casou-se com Sara Mariana Landell. Eles tiveram dois filhos, Abelardo e Roberto Landell de Moura Watt. Abelardo vive até hoje em Porto Alegre mas seu irmão, tornou-se o famoso padre cientista e inventor, responsável pelas principais descobertas sobre electromagnetismo, rádio e mecânica dos últimos 50 anos.

Foi no dia 03 de julho de 1900 que ele fez a primeira demonstração de vários aparelhos que ele havia criado tendo como base estudos profundos sobre luz, eletricidade e alquimia que ele aprendeu em Roma. Muitos desses conhecimentos estavam relacionados com a criação de um ser artificial conhecido como Golem, uma criação que faz parte da tradição mística do cabala, mas que só pode ser criado através de um processo mágico complexo e muito raro.

Recorte do jornal

Meu tio-avô, no entanto, havia desenvolvido um método de criação mais efetivo através da união da antiga sabedoria judaica com as últimas descobertas de Charles Babbage sobre máquinas analíticas. Seu primeiro servo era apenas um homúnculo feito de barro, roldanas e uma pequena máquina diferencial mas mesmo assim foi um sucesso completo.

Antologia: Clube de Autores de FantasiaOnde histórias criam vida. Descubra agora