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SOFIA

Mesmo não acreditando fielmente que seria possível, eu estava disposta à tentar fazer Alexia mudar a visão que tem da minha irmã.
Entretanto, agora eu entendo que, por mais que eu insista, não a farei enxergar o que eu quero que ela veja - ou melhor, aceitar o que ela já viu...
Afinal, todas as sementes podem dar frutos, mas não significa que todas darão.
Não depende apenas das sementes, em si. Englobam outros fatores, cono os cuidados que se tem para que a semente possa semear e, principalmente, o solo.
Da mesma forma, acontece com os humanos.
Da mesma forma, acontece com Alexia.
Não depende apenas de um fator.
Não depende apenas de mim.
É impossível ajudar alguém que não quer ajuda...

E, mesmo sabendo disso tudo...ainda tinha aquele meu lado...

- Eu tô me sentindo um pouco mal de ter simplesmente passado por ela, depois de dizer aquilo...- falo com minha irmã, enquanto ela amarra as costas da parte de trás do meu biquíni.

Já eram 16h30. Entretanto, ainda estava muito calor, e Leonor já havia estudado, então...Por que não?

- Você fez certo, Sofia. Como você mesma disse...ela nos observou em vários momentos...não teria por que "fingir termos uma boa relação". Além disso, ela viu meu plano de fundo... é o que você disse. Ela sabe, e não quer aceitar. Você não foi errada em sair. Não tem como ajudar, se ela não quer. Além disso, você não tem obrigação de ajudá-la. - minha irmã diz, colocando um short que combinava com a parte de cima do seu biquini, para podermos ir.

Tinham pequenos grupos, espalhados pela extensa praia privada da UWC Atlantic College. Sendo assim, minha irmã e eu tivemos a possibilidade de ficarmos mais à vontade, tendo a certeza de que ninguém nos observava.
Corremos pela areia, fizemos castelos, pulamos ondas, apostamos corridas nadando, fizemos guerras d'água...enfim, fizemos que tudo que normalmente se faz em uma praia.
Encerramos sentadas na areia, observando o pôr do sol e tirando algumas fotos.

- Eu tô tão feliz de estar aqui com você. - falei, deitando minha cabeça no ombro dela.

- Eu também. É legal passar meus últimos dias aqui com você, e ver de pertinho suas primeiras experiências aqui. - ela falou, apoiando sua cabeça na minha. - além disso, é a primeira vez que estamos em uma praia sem que nossos pais falem pra termos cuidado de 5 em 5 segundos! - ambas rimos.

- Eu não queria sair daqui. É tão legal...estar vendo essa paisagem com você, ouvindo o barulho do mar... - falo, suspirando de gratidão.

Eu sabia que poderia aproveitar cada uma daquelas paisagens pelos próximos 2 anos.
Entretanto, não com minha irmã mais velha...e eu queria aproveitar cada segundo disso.

- Eu sei...- ela disse, me abraçando pelo pescoço antes de prosseguir. - mas, temos que ir...já tá escurecendo, e temos 10 minutos de caminhada até o Castelo.

Tão logo ela diz isso, ouvimos um espirro, seguido por passos apressados se distanciando.
Ao viramos nossos rostos na direção do barulho, vimos Alexia...

- Vamos esperar mais um pouco? Ela parece tão empenhada em não ser vista... - disse, observando o que agora era apenas um borrão, ficando cada vez menos visível, com um semblante de dúvida.

Por que tanto desespero para não ser vista por nós?

Leonor apenas suspira, com o mesmo semblante de dúvida que eu tinha, voltando a desenhar na areia.
Fiz o mesmo e, 10 minutos depois, voltamos para o campus, rindo e falando coisas aleatórias.

O jantar foi tranquilo. Decidi ficar com meus amigos de sala, já que os mesmos estavam sendo dramáticos, dizendo que eu havia os abandonado.
Tão logo o jantaŕ acabou, tui em direção à minha irmã, que estava conversando com alguns amigos.
Antes de chegar até ela, notei que Alexia parecia querer vir rm minha direção. Entretanto, não o fez, optando em ficar apenas nos olhando com aquela expressão de incompreensão, como fizera durante todo o jantar...
Leonor e eu ficamos algum tempo no jardim da sua residência, sentados na grama e conversando, antes de irmos para o dormitório.

Inimizades Entre Reinos- Princesa Leonor e Infanta Sofia Onde histórias criam vida. Descubra agora