4-Coelhinha🐇

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    Hoje era domingo, a semana passou bastante rápido por causa do trabalho

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  Hoje era domingo, a semana passou bastante rápido por causa do trabalho. Ethan foi a cafeteira todos os dias e sempre pedia a mesma coisa, café amargo, o meu invasor continuou voltando todas noites, no terceiro dia chamei a polícia mas não deu em nada, eles apenas fizeram um boletim de ocorrência e pediram pra ligar caso ele voltasse, todos dos dias ele deixou um lírio vermelho no mesmo lugar que entrei a edelweiss.
   Tava sentada na poltrona em frente a grande parede de vidro da sala, a chuva caia lá fora enquanto eu li Otelo, de William Shakespeare, eu amo essa peça por que ela me faz pensar sobre o amor incompreensível , sobre o ciúme incompreensível que nasce em Otelo e sobre o ódio incompreensível. Esses sentimentos tão incontroláveis que nos faz sofrer e machucar as pessoas ao nosso redor, um final tão triste e trágico, tão cego de ciúme, Otelo mata Desdêmona e só depois descobre que ela era inocente e então, cheio de culpa, ele se suicida. Isso nos mostra o quão irracional é o ser humano, Otelo deixou-se levar pelo sentimento de ciúmes e ódio e acabou matando aquela que ele amava, no final machucado e sozinho ele tira a própria vida.
  
   Tava tão distraída com o livro que nem percebi que já era 23:30, resolvi largar o livro em cima da mesa ao lado da poltrona e subi para tomar um banho. A acordei novamente com a mesma sensação de tá sendo observada, um relâmpago iluminou o quarto me fazendo pular de susto na cama, a chuva lá fora havia piorado virando uma tempestade, meu corpo se arrepiou quando me virei na direção da janela mas não uma arrepio de frio mas sim um de perigo, como se o meu corpo tivesse me avisado que há algo de perigoso lá fora, mas uma parte de mim gostava dessa sensação, uma parte de mim se excitava com a sensação de perigo e isso era o que mais me assustava.

    Me levantei da cama e caminhei em passos lentos em direção a janela, o quarto estava escuro fazendo com o que tivesse lá fora não conseguisse ver nada aqui dentro. Meu quarto era como o resto da casa, com grandes janelas que davam uma vista de tirar o fôlego da floresta, as cortinas estavam abertas. Continuei meu caminho em passos lentos, meu coração acelerava a cada passo, me encostei do lado da cortina e espiei o lado de fora da janela, e foi quando eu vi, meu coração começou a bater freneticamente tenho certeza que se tivesse alguém no meu quarto com certeza ouviria. Do lado de fora tinha uma pessoa, provavelmente um homem pela a silhueta, ele tava usando um grande sobretudo preto e um capuz sobre a cabeça me impedindo de ver o seu rosto, ele apenas estava parado lá, do outro lado da cerca encarando a minha casa, um arrepio subiu pelo meu corpo e foi quando eu tive a impressão que ele sabia que tava sendo observado, na hora um relâmpago cortou o seu deixando tudo claro por uns segundos e pude ver o seu maxilar embaixo do capuz, a sua boca se curvou num sorriso, ele sabia, ele sabia que eu tava ali parada o olhando, então ele se virou e entrou na floresta sumindo do meu campo de visão.
  

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  O resto da minha noite foi passada em claro, não consegui dormir mais com a sensação de tá sempre sendo vigiada, com medo daquele cara voltar e entrar na minha casa. A minha mente estava a mil tentando entender quem era ele, será que era o meu invasor?
  Quando desci as escadas pra ir trabalhar vi o tapete da porta de entrada sujo de lama, gotas de água seguia até a cozinha como se alguém tivesse entrado aqui durante a tempestade, segui as gotas de chuva até a cozinha e lá estava, um lírio vermelho em cima da bancada da cozinha, ele esteve aqui ontem a noite enquanto eu dormia, o homem de ontem é o meu invasor. Provavelmente ele estava indo embora quando acordei e acabei vendo ele, peguei o lírio e amassei antes de jogar no lixo da cozinha, peguei a chave do carro e sai de casa como se tivesse fugido de algo, fugindo dele.

  Cheguei no trabalho faltando cinco minutos pro café abri, quarta feira a menina que estou substituindo volta a trabalhar então amanhã é o meu último dia, espero arrumar um emprego o mais rápido possível, não sei até quando o dinheiro que tô ganhando no café vai durar. May já estava no seu lugar atrás do balcão conversando com o Jas.

-BOM DIA RAY- Ela gritou assim que entrei no local, as vezes queria entender como é possível ela estar sempre animada a essa hora da manhã, sempre foi assim até mesmo na época da escola, não importa o quão merda esteja o dia a Maya vai tá sempre com um sorriso no rosto e uma animação gigantesca.
-Bom dia- Respondi assim que me aproximei deles.
-Que cara é essa Alecrim dourado? Parece que viu uma assombração - Disse Jasper com um tom de brincadeira na voz, ele me deu o apelido de alecrim dourado na semana passada quando estávamos voltando do trabalho.
-Quem dera se fosse uma assombração - Suspirei cansada por ter passado metade da noite em claro.
-Desembucha, Rayna- Maya falou ficando séria ao perceber meu estado.
-Agora não, o café vai abrir e temos que trabalhar.-Jasper falou me jogando um avental marrom.

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   O dia seguiu tranquilo, Ethan não apareceu no café o que me fez estranhar, será que ele finalmente cansou de vir aqui? Ou aconteceu algo? Bem não importa, ele não é ninguém importante pra mim, não tem porque ficar preocupada Ray. Estava pegando minha bolsa pra ir embora quando fui cercada por dois seres humanos irritantes.
-Agora desembucha, Rayna- Disse Maya olhando dentro dos meus olhos, Jasper estava ao lado dela bloqueando a minha saindo como se a qualquer momento eu pudesse fugir sem contar a fofoca que eles tanto queriam ouvir.

-Vocês dois são dois fofoqueiros sem nada pra fazer da vida, isso sim - Suspirei cansada, contei o que aconteceu ontem a noite e sobre as marcas no chão da minha casa e da flor em cima da minha bancada, mas claro não contei sobre ficar excitada com toda aquela loucura, essa é a parte que mais me assusta.
-Meu deus,Ray, você tem a porra de um stalker- May começou a andar de um lado pro outro mechendo nos cachos do seu cabelo, ela sempre faz isso em sinal de preocupação e nervosismo. - Polícia, você tem que chamar a polícia.
-Não dá, chamei na semana mas não deu em nada- Coloquei a mão na cabeça, ela já tava começando a doer.
-Ray, isso deixou de ser um simples caso de flores aparecendo em sua casa, agora você tem um stalker que entra na sua enquanto você dorme, e se ele tentar algo com você? E se ele te machucar ou pior?- Jasper me olhava com desespero estampado no rosto.- Tá decidido, essa noite você dorme na minha casa, vamos sair daqui e ir na delegacia, vou mandar mensagem pro Mark avisando.
-Não, Jasper não quero ser um incômodo para você e o seu namorado, eu vou ficar bem.
-Não, essa noite você dorme lá em casa, vamos passar na sua casa e pegar umas roupas suas. Vem, anda.- Ele saiu puxando o meu braço para fora do café.

  Pelo visto ir na polícia é sempre uma perda de tempo. A gente praticamente paga os salários deles com os nossos impostos, se um morre é uma pessoa a menos pra pagar e uma pessoa a menos pra dar o dinheiro dos salários deles, isso deveria fazer eles se preocuparem mais com a população. Mais uma vez fiz um boletim de ocorrência, segundo o policial que nos atendeu o meu primeiro boletim tinha sumido do sistema agora que o fazendo boletins na moda antiga, bom papeis pra não correr o risco de sumir novamente.

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O próximo capítulo teremos uma surpresa.
Bjs meus coelhinhos 🐇❤️

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Nightfall (Em Hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora