Sir Boogeyman

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| Kanato Sakamaki |

Restavam poucos minutos para o Sol nascer com todo seu esplendor e, desde que refugiou-se para os seus aposentos, o pequeno vampiro durante toda aquela noite fria e solitária mal sequer uma vez encostara em sua cama. Já lhe passou da hora de ficar acordado como deveria.

Kanato, contudo, não dava a mínima. Nem mesmo o seu único e melhor amigo Teddy, que já fora posto deitado dentre os grandes travesseiros confortáveis do arroxeado, era capaz de convencê-lo a tirar uma mísera soneca.

- Eu já disse, Teddy. Eu não preciso disso. - reforçou ele, voltando a olhar para o manchado espelho vitoriano de chão emoldurado por bronze fosco.

Tudo e nada mudou, pensava o Sakamaki, pondo de volta uma de suas atrevidas mechas longas e lilases de seu cabelo para atrás da orelha. Estava tão insatisfeito com o que via em seu reflexo que podia chorar.

E estava com fome. Muita fome.

Teddy não parecia nem um pouco convencido de suas razões.

- Ei, não me olhe assim... - Kanato finalmente aproximou-se da cama para apenas negociar com a sua "pelúcia", fazendo uma carinha pidona - Eu sei que agora gostaria de descansar junto com o pessoal, mas... Podemos ver se aquela coisa ainda está respirando?

Pequenos e petulantes raios solares então tiveram a audácia de invadir o seu quarto pelas frestas desapercebidas das cortinas roxas e pesadas, irritando seus olhos cansados. Era o sinal de que ele não podia mais esperar... O que começou com um leve chiado em seus ouvidos, tornou-se um insuportável coral de gritos impossível de ser contido por suas próprias mãos. As vozes estridentes ressoavam em sua cabeça, reclamando que aqueles malditos intrusos brilhantes também os incomodavam. Kanato correu imediatamente até às janelas para fechá-las por completo e inundar a todos em uma acolhedora escuridão.

As suas demais pelúcias que se dispunham pelas estantes do cômodo o agradeceram, compensando o vampiro com o prezado silêncio.

- Então. O que dizia, Teddy? - perguntou genuinamente curioso, retornando para a cama.

O ursinho prosseguiu. Preocupado, o alertou que estava pensando demais nela.

Tal suposição deixou o pequeno no fundo deveras indignado, porém não suficiente para descontá-la na frente de seu amigo, não restando-lhe outra opção do que apenas desviar o olhar:

- Não diga bobagens, Teddy... Momo-chan é apenas comida. - Kanato balbuciou amuado, retirando Teddy dos travesseiros sem mais nem menos. Indo em direção a saída, ele passou a olhar meigo para a pelúcia enquanto acariciava os seus pontos de costura da cabeça - Não se preocupe. Eu prometo que vamos voltar antes dos pássaros cantarem.

(La La La)

Kanato já se encontrava no quarto de Momoko com Teddy em seus braços. A cada visita, para sua agonia, presenciava mais e mais bagunça.

Por um momento o pequeno pensou que havia parado em uma biblioteca inutilizada nos fundos da mansão. Nem os seus brinquedos mais antigos eram abandonados assim. Bem como a sua mãe dizia: "o quarto de um amante deve resguardar apenas e sempre virtudes".

As pilhas de livros velhos enjoavam as suas narinas. Se continuasse assim, ele mesmo a puniria por tal desleixo.

Por outro lado, que tamanha sorte do cheiro dela estar tão agradável, o qual denotava que nenhum de seus irmãos imundos a tocaram há pouco tempo.

Sua presa já se encontrava inebriada por um sono profundo, largada sobre os lençóis repletos de drapeados que, de tão revirados devido a sua notada mania de mexe-se de um lado para o outro até adormecer, mal cobriam metade de seu arqueado corpo que expusera um camisetão tie-dye¹ um tanto provocante. Kanato - e Teddy - passaram a observá-la dormir há pouco tempo e rapidamente se tornara seu novo passatempo favorito.

Obliviate para Um Sonho - Diabolik LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora