As Peripécias de Um Deus II: Odiado

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Nos últimos dois dias que se sucederam a morte trágica da senhorita Machiko, a mansão Sakamaki perdeu os seus momentos de paz com Ayato em seu absoluto ócio. Ele tornava-se a encarnação perfeita do ditado "mente vazia, oficina do Diabo" quando ficava entediado, o que não era difícil.

Ninguém estava livre de ser alvo de suas pegadinhas.

Apenas em uma tarde aproveitou as raras distrações de Kanato para roubar Teddy - ou o que sobrou daquela pelúcia encapetada - e o esconder no quarto de Laito. O resultado foi hilário, pois, antes que o arroxeado fosse inquirir psicótico ao desavisado chapeleiro, sobrou para a Abelhuda lidar com os seus esperneios. Três otários em uma cajadada só. Em outra ocasião, foi a vez de sacanear Subaru. Bastou o caçula cair em sua própria destruição ao se sentar na cadeira que foi mal remontada, fazendo-o querer a cabeça de alguém. Ele não era tão burro quanto pensava, portanto aquela simples peça voltou-se contra o rei arlequim - e, pasmem, Momoko que passava na hora errada pelo o caos de objetos sendo atirados do albino para Ayato - Era tão frustrante quando suas brincadeiras não saíam conforme planejado, semelhante ao que aconteceu com Shuu. Ao dar sumiço nos preciosos sais de banho dele, o primogênito, ao invés de rende-se à preguiça de procurar e ficar no mínimo uma semana sem entrar na água, respondeu-lhe invadindo a banheira da jovem humana - o que provocou uma inexplicável crise de ciúmes no ruivo até que desse achado - Nem mesmo sua pobre irmã, Yui, escapou de ser zoada ao ter os seus sutiãs trocados pelos da Momotani como mensagem subentendida de que era uma "tábua".

Um completo circo.

Contudo, mais cedo do que esperava, o seu reino de traquinagens finalmente chegou ao fim.

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"ATCHOO!"

- Caralho! - exclamou Ayato, sem chance de disfarçar o susto que levou do estrondo melequento da Momotani - Isso foi um espirro ou um protótipo de Hiroshima, Abelhuda?!

Sua pergunta então foi retrucada por uma crise de rinite:

"Atchoo! Atchoo! Atchoo!"

- Céus! - A garota fungou, limpando seu rosto alérgico no próprio antebraço - Há quanto tempo vocês não limpam esse lugar?!

- Eu sei lá! Ninguém vem aqui faz DÉCADAS! E duvido que vai ser diferente quando você for deixar tudo nos trinques... - Ao perceber as micropartículas de poeira e muco sujando seu casaco, o vampiro, enojado, fez questão de se espanar e, estalando a língua, resmungou - Tsc! Só o otaku de louças mesmo...

O que ele disse demais? Quando voltou sua vista para Momoko, esta simplesmente já estava armada de sua típica postura de braços cruzados e olhar arqueado.

- Ah? Como assim "eu"? - apontou-se para si, indignada - Fui forçada a vir aqui apenas pra supervisionar um certo mosquito que teve a "brilhante" ideia de fazer uma brincadeira de mau gosto com o mais azedo da casa!

Mosquito? Ele? Seus irmãos? De qualquer modo, por mais que fosse a culpa do próprio Sakamaki em os colocar naquela situação desagradável, não foi como se tivesse planejado.

- Essa "brincadeira de mau gosto" se chama pegadinha, Abelhuda. - Seu riso brotou ao se lembrar do que aconteceu - Hahaha! Admita, até você achou engraçado.

Era impossível não achar quando o protagonista de seus truques fosse Reiji Sakamaki. Um homem tão elegante, inteligente, refinado - e metido a bosta - bebericar da xícara um belo chá de folhas de takoyaki acreditando ser camomila, até notar tarde demais ao cuspir tudo sem os seus cultuados modos, foi o epítome da ironia. Mais uma lição do que uma piada pelos os dias de clausura que o próprio permeava. A cereja do bolo para Ayato era saber que o seu irmão mais velho antes caíra duas vezes nesse mesmíssimo golpe, funcionava sempre que o via divagando em suas palestras sobre o quanto era "o único que fazia algo de útil pela a casa".

Obliviate para Um Sonho - Diabolik LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora