Predestinações Funestas

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| Reiji Sakamaki |

Atrasada. Muito atrasada.

Reiji deu uma última olhada em seu pequeno relógio de bolso dourado. Cinco minutos atrasada... Inacreditável. Ele lamentou com a cabeça ao guardá-lo de volta. Perante a enorme mesa da sala de jantar, farta e intocável, a qual pôs os seus minuciosos esforços em preparar o café da “manhã” perfeito. Com os lugares distribuídos à moda inglesa, todos ocupavam uma cadeira, até mesmo aquele quem menos queria que estivesse presente, exceto a humana que o decepcionara já no primeiro dia. O Sakamaki corrigiria aquele inconveniente por si só.

— Ah! A Abelhuda não vai vim! — Ayato sentenciou batendo os seus punhos na mesa, impaciente, tintilando os talheres ao redor — Podemos comer agora?!

— Não. — Apenas a negação curta e fria deveria ser o suficiente, porém, tratando-se de seus irmãos mimados, Reiji precisaria reforçar que a sua vontade era uma ordem — Até que todos estiverem diante da mesa, ninguém tocará nos pratos. Eu tomarei as devidas providências se eu notar que uma mísera ervilha sumiu.

O vampiro teletransportou para a frente da porta do quarto da mortal desleixada. Ele deu uma batida na porta, duas, três... Nada. Como esperar bons modos vindos de uma dama que sequer era da cidade grande? O vampiro adentrou ao cômodo sem mais nem menos e, para exasperar mais a sua indignação, deparou-se com uma Momoko ainda adormecida em um sono profundo.

Ele aproximou-se até a beira da cama onde a jovem jazia esparramada sob os lençóis de seda transparentes. Estava em andrajos, de óculos tortos e babando no seu próprio travesseiro. Vê-la inapropriada assim tão de perto dava-lhe profundo desgosto.

Suspirando cansado, o Sakamaki sacou ao lado do cinto de sua calça um curto chicote de couro e desferiu uma chibatada bem dada, no centro da palma da mão da Momotani, fazendo-a despertar em um pulo.

Desorientada e desesperada, ao arrumar as suas lentes redondas e grandes demais para o seu rosto, a humana abismou-se com o que lhe afligira:

— EEEEEEH?! Reiji-san?! — exclamou enquanto chacoalhava a sua pequena mão em tamanha ardência. Aos poucos, a pele fina da palma evidenciava uma marca vermelha da ponta de seu açoite.

— Atrasada há seis minutos para o café. — Ele esclareceu, ríspido — Eu espero que a sua falta de pontualidade não se repita.

Ela, já massageando a lesão, fitou intrigada para o seu brinquedo em mãos:

— Isso... Era necessário?

Reiji deu-lhe um sorriso cínico:

— Apenas a dor é capaz de colocar os inadequados na linha. — reforçou sua ideia dando um, dois, três... A garota na cama estremeceu com cada estalido manso feito sobre a mão dele.

Tente não errar e falhe miseravelmente para que eu possa compensá-la com mais dor.

— Desculpe... — Momoko murmurou, mas, para o moreno de óculos, não pareceu um pedido de perdão sincero o suficiente por seu boçal desleixo ao bocejar tão despreocupada. Ela devia estar, no mínimo, envergonhada — ... Que horas são? — E então perguntou, coçando os olhos.

Que sem classe.

Não que tivesse opção. Tê-la morta seria mais uma pedra em seu sapato para ocultar e, por mais que se recusasse assumir, tê-la viva era “menos pior”. Apenas precisaria discipliná-la, como sempre fizera e fará com quem vivesse em seu teto. Ela escolheu ser uma hóspede afinal e, como tal, devia seguir as regras da casa – suas regras. Existia ao menos um lado bom naquele acordo:

Obliviate para Um Sonho - Diabolik LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora