O Babá(ka)

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| Subaru Sakamaki |

De hoje não passaria. Subaru iria embora.

Ficara por mais tempo do que imaginava suportar. Não existia nenhuma razão pela qual o fizesse querer o contrário.

Por que continuava a se submeter àquela situação patética mesmo? Memórias. Malditas memórias...

Ele definitivamente não deveria ter se rendido à chantagem de Ayato.

"Mergulhando para a tempestade onde tudo mudou, o caçula dos Sakamaki acabara de sair de uma briga de bar vitorioso. Praticamente sem nenhum arranhão. Mal passou um segundo desde que pisou fora daquele estabelecimento insalubre, ele sentiu a sua jaqueta de couro pesar sobre a forte chuva. Enquanto marchava pelas calçadas desertas e escuras de Kyoto rumo a sua motocicleta preta estacionada próxima a um beco, deixava as águas dos céus o banharem sem se preocupar de pegar um resfriado, já que o cuidavam para que esfriasse a sua cabeça e lavasse o sangue sujo de um velho trapaceiro em suas mãos.

Enfim havia conseguido o dinheiro que precisava para sobreviver mais uma tranquila noite sozinho em um quarto de hotel. As ruas suburbanas após a meia-noite eram hostis, porém uma triste realidade da qual Subaru identificava-se. Sem regras, sem consequências. Apenas destruição. Era na penumbra afinal que a parte escória da sociedade revelava-se. Alcoólicos, assassinos, ladrões, prostitutas, traficantes e... Monstros de seu mundo exibiam tal podridão. Criaturas perfeitas de serem alvejadas pela sua violência irrefreável.

Por mais que parecesse estar purificando a cidade do mal, o próprio jamais se viu como um justiceiro. O vampiro apenas queria descontar a sua raiva fútil, chegando até a se divertir no processo. Nunca foi por uma causa louvável. No final, ele não era tão diferente deles.

O albino sentiu a cercada de um sujeito encapuzado do outro lado da rua, abaixo da luz tremeluzente alaranjada de um poste. Ele não era o único imundo tresnoitado debaixo daquelas nuvens chorosas. O outro ser acompanhava-o com o olhar, sob o estampar de um sorriso macabro de orelha a orelha. Dava para notar, de longe, o sangue encrustado em suas vestes e o vapor escapando de uma transpiração feral por entre seus lábios.

Era um caniçal covarde. Ele estava tremendo, mas não de frio.

De êxtase por estar recém-alimentado.

Ele continuava a encarar Subaru com desejo por mais carne, mas sequer ousava em cruzar o seu caminho.

Os monstros daquela área sabiam quem ele era...

E, se ainda fossem imbecis o bastante para enfrentá-lo, a morte seria certa.

Subaru nunca saiu gravemente ferido de uma briga. A sorte daquele ghoul nojento era que o jovem Sakamaki já descarregara a sua ira em um jogo de apostas.

Prestes a subir em seu veículo sob duas rodas, deixou-o assim que sentiu uma presença se aproximando em passos arrastados. O Sakamaki então preparou-se em uma pose de combate e, antes mesmo que pudesse avançar e atacar, as sombras logo revelaram o ser à espreita.

Era um de seus irmãos mais velhos.

O único que sabia por onde ele andava:

- Ayato.

- Subaru.

Apesar de não tão íntimos, o destino escolheu bem quem acabaria descobrindo o 'paradeiro' do mais novo. O Japão era um mero arquipélago do tamanho de uma noz e, a cada ano, mais delimitada ficava pelas hordas de criaturas tão sedentas quanto ele. Cedo ou tarde um daqueles idiotas iria encontrá-lo.

Obliviate para Um Sonho - Diabolik LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora