Um Milagre por Uma Condenação

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"Ao meu amado pai celestial,

Baseado nas últimas notícias sobre a praga, descobriram que ela sempre se aflora nesta estação. Uma lástima, pois eu amo os dias de primavera e, agora, toda a humanidade passará a temê-los mais do que qualquer inverno medievo.

Dizem que a esperança é a última que morre, porém, nesses novos tempos de desespero, até ela já se encontra em xeque. Se desistirmos de procurar por uma cura, que primavera teremos para recomeçar?

Pobres mortais, que Deus os proteja.

- Sakamaki Yui;

15 de junho do novo ano de 66."

| Yui Sakamaki |


O anel dourado de sinete incrustado por rubis e entalhado pelo brasão da árvore da vida selou sob a cera carmim mais uma das cartas de Yui, escritas como parte do hábito de se manter próxima de seu tão amado Deus. A loira olhou orgulhosa para o envelope e o guardou em sua própria gaveta de correspondências abaixo de sua escrivaninha. Ela estava pronta para tirar uma soneca, até as luzes ardentes do candelabro de prata ao seu lado tremeluzirem em contato com o vento gélido. A Sakamaki virou-se em sua cadeira, já sabendo que a porta de seu quarto fora aberta.

Era Ayato.

A julgar pelas despojadas roupas encharcadas do ruivo acerejado, este acabara de voltar do centro da cidade:

- Ô Panqueca! - Ela odiava ser chamada por aquele apelido. Eles já não eram mais crianças há muito tempo - Shuu voltou.

Um milagre...

Acompanhado de um trovão.

Se ela, no momento que ouviu aquela notícia abençoada, estivesse ainda segurando em mãos sua caneta de pena, esta teria escorregado de seus dedos tão facilmente. Yui perdera todos os seus próprios sentidos e, desta vez, a razão era bem mais além do que o urgir da tempestade daquela noite.

O seu medo não era nada comparável a saudades. Podia até chorar.

Isto arrancou de seu irmão mais novo um riso grasnado, o qual a tirou de seu transe:

- Ei! Segura as lágrimas aí, Panqueca, que tem mais... - Ayato, prestes a abrir a boca para detalhar mais da situação, abruptamente calou-se, como se preferisse não explicar por ora, o que cortou as expectativas de Yui pela raiz - Não dá tempo, hahaha! É melhor você ver com os próprios olhos, já que o otaku de louça me deu o trabalho de chamar as crianças dorminhocas. Ele já quer todos nós estejamos reunidos na sala de estar em menos de um minuto.

Yui levantou-se, indo até o ruivo enquanto secava o canto de seus olhos:

- Como assim criança, Ayato-kun? - A garota de rosa questionou, sorrindo torto de presunção - Eu sou mais velha que você.

- Sério? Mas a sua falta de peitos te faz parecer bem mais nova. - retrucou, correspondendo-a com um sorriso de canto implicante e, em seguida, desaparecendo antes que levasse um tapão bem dado na nuca pela mais baixa.

A loira suspirou, expirando toda a sua indignação:

- Bobão. - murmurou ela, rindo vacilante.

Eu vejo o trabalho dos meus parentes com orgulho
Brincando em algum lugar entre o amor e o abuso
Chamando para se juntar a eles - os miseráveis e alegres
Balançando as asas de suas terríveis juventudes

Como esperado de seu irmão mais velho, Reiji. Ele não fizera um pedido hipérbole, mas uma ordem ao pé da letra.

Uma ordem justa, afinal, era quase impossível de chegarem atrasados.

Obliviate para Um Sonho - Diabolik LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora