CAPITULO 5

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CAPÍTULO 5

Estava ali, estendido no sofá, gelo comprimindo meu tornozelo dolorido, enquanto me distraía no celular. Foi quando o Zoro, muito imprevisível, entrou na sala segurando um maldito micro-ondas. A pergunta ecoava em minha mente: até quando eu suportaria essas situações absurdas?

— Que porcaria é essa, Zoro? — perguntei, perplexo.

Ele apenas sorriu, com aquele jeito enigmático que ele tinha.

— Me dá uma força aqui. Preciso botar essa coisa nas costas. — Seu tom era casual, mas havia algo estranho no ar.

— Sério? — Fiquei olhando para ele, com cara de desgosto.

Sem mais palavras, ele se agachou, preparando-se para fazer flexões enquanto segurava o micro-ondas.

— Tá me zoando? — falei, incrédulo. — Eu tô com o pé todo fodido.

Mas ele apenas deu de ombros.

— E daí? Você não é homem, é?

Aquela provocação me atingiu como um soco. Fui tomado por uma onda de raiva e, quase que instintivamente, peguei o micro-ondas e o joguei em suas costas com uma força que nem sabia que tinha.

— Com cuidado, pô! — Ele começou a fazer as flexões — Vai contando aí! Um, dois...

— Que saco.

— Seis, sete ...Não tô te ouvindo contar.

Enquanto ele suava e fazia força, eu contava as repetições, uma mistura de raiva e incredulidade inundando meus pensamentos. A cada contagem, a sala ficava mais abafada, impregnada com o cheiro do esforço dele.

— Quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta.

— Já chega — falei, aliviando-o do micro-ondas. Ele se levantou, coberto de suor, e arrancou a camiseta, exibindo um sorriso de vitorioso.

— Que tal um banho agora?

— Nada disso. Tenho mais uma hora de treino pela frente — ele limpou o rosto na camiseta. — E você tá de boa, já dá até pra ficar de pé. Quer se juntar a mim no treino?

— Nem pensar — virei as costas e saí da sala, segurando o micro-ondas.

O Zoro reclamou baixinho, e fui para a cozinha tentar arrumar a bagunça que ele havia feito. Mais tarde, quando o som dos esforços dele finalmente cessou, resolvi entrar na sala.

— Terminou sua tortura? — perguntei, e me deparei com ele, todo suado, cabelo bagunçado, respiração pesada. Uma sensação estranha tomou conta de mim ao olhar para ele daquele jeito.

Ele me encarou, um sorriso malicioso se formando em seus lábios.

— Acabei agora — disse ele, como se lesse meus pensamentos. — Quer tocar?

— Só se for com a mão fechada. — respondi, irritado e um pouco envergonhado, me retirando em direção ao banheiro.

Talvez um banho quente conseguisse afastar toda aquela energia eufórica que dominou meu corpo.

— Também quero tomar banho — o marimo bateu na porta.
— Então espera eu sair.

— Tudo bem, vou deitar na sua cama, todo suado. — Abri a porta quase de imediato.

— Não! Você não vai!

— Ok! Não vou.

— Senta ali no cantinho, e só sai quando eu dizer que pode sair.

— Nossa, me tratando igual cachorro? Eu curto essas paradas, mas normalmente é na cama.

— Senta logo — falei mais alto.

— Tudo bem, nossa, tô indo. — Ele se sentou no canto da sala, com a cara amarrada.

Tomei meu banho quente, que eu tanto mereço, fiquei minhas clássicas horas submerso na banheira, morna com folhas de chá de camomila relaxando minha pele. Já fazia tempo que não ouvia a voz do marimo, no começo fiquei feliz com o silêncio, mas com o tempo, meu corpo foi tomado por uma preocupação "o que o marimo está fazendo?" Me levantei, me enxuguei e me enrolei na toalha, abri a porta do banheiro, e fiquei surpreso ao ver ele sentado, no mesmo lugar que eu havia visto pela última vez, porém desacordado.

— Zoro? — cutuquei seu braço — Zoro!

— Ah, oi, já terminou seu banho?

— ... já sim, se quiser pode ir lá.

— Tudo bem. — Confesso que achei fofo.

— Você realmente me obedeceu.

— Na verdade, eu só peguei no sono muito rápido.

— Vai logo tomar banho, seu desgraçado.

— Quanto mais eu olho para suas pernas, mais bonitas elas ficam.

— Obrigada, agora xô.

Manhã Seguinte - ZorosanOnde histórias criam vida. Descubra agora