2. Caden Carter

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Alguns me chamavam de metódico. Eu, por outro lado, me via apenas como um homem compromissado e muito responsável. Portanto, nada me irritava mais do que atraso e irresponsabilidade.

A garota petulante à minha frente representava tudo o que eu mais desprezava.

Isso não diminuía a sua beleza, no entanto. E era o que mais me irritava.

Os cabelos ruivos e lisos caíam em suas costas como uma cascata de fogo. Os olhos castanhos eram audaciosos e os lábios carnudos escondiam uma língua afiada. Ela possuía o nariz arrebitado, elevando-o em cada momento que pensou ter razão sobre algo ou se sentiu ofendida, assim como fez comigo momentos antes, dentro da minha sala de aula. Meu olhar correu pelo corpo magro, detalhando cada curva acentuada. As pernas eram longas, a bunda empinada e a cintura fina.

Linda.

Porém, jovem, irresponsável e imatura.

Bem diferente de mim.

Enquanto eu levava a vida de forma mais precisa, focando em meus objetivos, a garota parecia seguir o fluxo que a vida estava disposta a levá-la, fosse sendo uma aluna exemplar, ou apenas uma jovem que frequentava as festas no meio da semana e chegava atrasada para as aulas.

- Algum problema? - questionei, fechando a mão em punho na alça da minha pasta, pendurada ao meu lado.

Ela não olhava para mim, permanecia de costas, como se estivesse me evitando. Talvez, não esperasse ser pega no flagra, bem no momento que fazia uma reclamação sobre a minha personalidade, mesmo que fosse ela quem estivesse errada.

- Senhor Carter - sussurrou a senhorita Cooper, nervosa e sem saber ao certo como agir. Pigarreou. - Quer a lista com os seus próximos horários?

Lancei um olhar frio para ela, antes de correr meus olhos de volta para a garota petulante, fixando-me em sua cabeleira ruiva.

- A minha aluna gostaria de fazer mais alguma reclamação ou eu posso começar a falar sobre o seu atraso em minha aula? - retruquei em tom trocista. - Talvez, o diretor Evans também goste de saber o quanto é irresponsável com os seus horários.

Ela se virou para mim, esfregando a língua nos lábios volumosos e me encarando com uma carranca.

- O professor Wilson sempre foi coeso com os meus horários - teve a audácia de responder.

Avancei, parando a poucos metros de distância dela e abaixei a cabeça para encará-la. Assim, tão perto, conseguia distinguir as sardas salpicadas no seu rosto e as pintas cor de mel, perdidas no castanho profundo dos seus olhos.

- Ainda bem que não sou o professor Wilson, então.

O músculo da mandíbula dela trabalhou e uma coloração rosada cobriu as bochechas. A garota estava com raiva e destinava todo o sentimento a mim.

Virou-se bruscamente, as pontas do cabelo golpearam o meu peito com o movimento. Sorvi o cheiro adocicado do seu perfume, prendendo o ar em meus pulmões para mantê-lo em mim.

A garota não fazia o meu tipo. Era imatura demais, irresponsável demais e muito, repito, muito petulante. Era o tipo de mulher de quem eu passava bem longe, pois tudo nela remetia à problema. Só que... eu me sentia atraído por ela, e isso era incontestável. E foi assim desde o momento em que notei, através da visão periférica, sua figura entrando em minha sala, tentando passar despercebida.

Confesso que fiquei atônito por alguns segundos, surpreso com a sua audácia, antes de impedi-la.

- Quero trancar a matrícula nesta matéria. Não faço questão nenhuma de ficar na mesma sala que esse professor - sibilou em direção ao diretor Evans.

O Professor Arrogante - Bianca Pohndorf [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora