– Eu tenho trabalho para terminar.
Levy deu a volta na bancada de Daniella e parou atrás da mulher. Em seguida, inclinou o corpo para frente e deu uma olhada no material que Daniella digitava sem parar no computador.
– Isso não é para o fechamento do ano? Caramba, Flack, você precisa dar um tempo e ter uma vida - então, sussurrou no ouvido da moça. – Ashton não está presente na sua vida?
Em um impulso, Daniella empurrou a cadeira de rodas para trás, pegando no pé do senador, que exclamou de dor e encostou na divisória atrás de si para segurar o pé atingido.
– Pode ter acabado o horário útil, senador Jones, mas ainda estamos em um ambiente de trabalho - ela pegou a pasta com as planilhas e enviou um olhar sério para o homem, que tinha um pequeno sorriso no rosto. – Ponha-se no seu lugar.
Aproveitou a deixa para ir ao banheiro, onde poderia tirar as fotos longe das câmeras de segurança, e também dos olhos de Jones. Ninguém podia saber do serviço que fazia para o seu pai, apesar de todos saberem o motivo dela estar ali e não na empresa incrivelmente bem-sucedida da família Flack.
Antes de sair, olhou no celular se havia alguma mensagem de Ashton. Não, é claro. Ele havia avisado que demoraria. Eram quase 19h, mas pelo que ela conhecia o namorado, ele só chegaria às 20h no restaurante.
Dessa vez, revirou os olhos quando, ao sair da prefeitura, encontrou com o carro de Levy parado em frente. O motorista saiu e abriu a porta para ela. Não era possível ver Jones de fora, mas ela sabia que ele estava ali.
Não havia escolha. Havia prometido a Ashton que tentaria se dar melhor com Jones, mesmo que ela tivesse tentado lhe explicar de diversas maneiras por que os dois eram tão incompatíveis.
– Você quase fez um estrago no meu pé, Flack - Levy disse, massageando o pé enquanto o motorista seguia para o restaurante.
– Que pena.
Com aquela simples resposta, Daniella mostrou que havia, sim, tido a intenção de machucá-lo, e que continuaria tentando, pois ele também estava sendo ousado demais para cima dela.
– Como vai o seu irmão? Ouvi dizer que ele está tendo dificuldade em ter uma lei sancionada. Qual era o nome do ato?
Daniella não respondeu. Aumentou um item em sua lista do que odiava em Levy Jones. Ele sempre achava que a provocava, exaltando as falhas do seu irmão mais velho. Mas a mulher não se importava, pois dividia da mesma opinião que o senador; no entanto, o que mais a incomodava era o fato dele sempre mencionar o irmão dela em uma conversa. E já tinha de suportar pessoas falando de Bernard o tempo todo durante o horário de trabalho.
– Se você não tem outro assunto para tratar, prefiro fazer a viagem em silêncio.
– Ouch. Você não me dá mesmo um desconto.
Mas mesmo assim o homem respeitou a vontade da moça e desviou a atenção para o celular e o iPad.
O trânsito de Manhattan em uma sexta nunca era livre. Turistas do mundo inteiro se aglomeravam em quase todos os quarteirões da ilha, de forma que um trajeto de 20 minutos facilmente se transformava em quase uma hora. Assim, foi tempo o suficiente para Daniella encomendar as compras do final de semana e pedir a entrega na cobertura em que ela dividia com Stephanie. Além disso, tentou contatar Ashton, mas foi o assistente quem retornou, dizendo que ele estava finalizando um protocolo com a última cliente do dia. Por fim, recebeu do pai uma transferência de dinheiro intitulada "happy hour", mas que era somente uma bonificação pela planilha que ela enviou mais cedo a ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Par Perfeito
RomanceDaniella vive uma vida pacata. Com um trabalho rotineiro, hobby que já não desperta nenhum ânimo e uma família complicada, sua única alegria tem sido o relacionamento com Ashton, o namorado super bem-sucedido. Sua melhor amiga, no entanto, mostra qu...