A viagem para Paris abriu os olhos de Daniella para muitas coisas. Primeiro, que havia muito mais no mundo do que a sociedade sufocante de Nova Iorque; segundo, que ela continuava muito boa com suas observações; terceiro, seu sonho permanecia ali, escondido em um canto escuro e esquecido dela, mas que foi facilmente trazido à tona quando Levy a levou em diversos eventos e a apresentou a dezenas de pessoas envolvidas na organização.
– A maneira como nós fazemos é diferente dos americanos – Charlotte, uma mulher de quase 60 anos, conhecida de Levy e responsável por uma das melhores empresas de organização de eventos – se não a melhor de Paris, dizia para Daniella em um jantar de gala –, nós temos mais requinte e bom gosto.
– Sem sombra de dúvida – Daniella sorriu.
Uma característica daqueles que eram donos de seus próprios narizes, era que, para conseguir algo deles, era preciso mais do que palavras bonitas e um bom ouvido; para conseguir informações de fornecedores e como começar a carreira, Daniella fez comentários pertinentes e observações importantes sobre os eventos que, mais tarde, Charlotte a convidou para comparecer.
– Perda de talento - ela disse a Levy, na última noite dos dois em Paris –, ela não deveria estar envolvida com a política, mas sim tornando a política mais majestosa.
Daniella fingiu não ter ouvido, mas gostou do que havia presenciado. Ficou curiosa para saber o que Jones poderia ter respondido, mas contentou-se em guardar para si o elogio da mulher. Ali, longe de sua família e das correntes que a prendiam, ela se sentia dona de si e liberta para fazer o quisesse e ser quem quisesse ser.
Seu único problema, no entanto, era sua relação com Levy. Mesmo depois do vexame que ela passou quando os dois se beijaram, o homem parecia tratá-la da mesma maneira de sempre, a provocando, ao mesmo tempo que auxiliando-a em tudo o que lhe era possível.
Por várias vezes Daniella se viu confusa com as ações do senador. Por um lado, ele a fazia sentir palpitações que há muito tempo não acontecia com ela; por outro, não ultrapassava a linha que ela havia traçado entre eles. Sempre que chegavam ao apartamento do hotel, ele esperava que ela tomasse a iniciativa de se isolar em seu quarto ou passar parte da noite conversando com ele enquanto bebericavam uma taça de vinho cada.
– Você... - ela começou a falar na última noite dos dois em Paris; haviam passado da segunda taça, o que gerou mais coragem para Daniella falar o que precisava com Levy – Você poderia me passar o telefone de Jane?
– É claro - Levy pegou o próprio celular e encaminhou o número da famosa organizadora de eventos de Nova Iorque para Daniella. – Você precisa que eu marque com ela?
– Não, você já fez o suficiente, obrigada - ela olhou para o celular e engoliu seco ao ver o contato da mulher. – Daqui pra frente, eu sigo sozi...
– Você não precisa seguir sozinha, Daniella.
Ela ergueu os olhos surpresa para o homem.
– Não sei o que você poderia ajudar...
– Não estou falando só sobre isso - ele completou as taças de vinho dos dois.
A mulher ficou olhando para o líquido bordô em sua taça. Levy estava fazendo o que Ashton nunca fez durante o relacionamento dos dois: impulsionou ela para frente e a segurou quando necessário, tudo no momento certo. Daniella estava, de fato, querendo caminhar rápido demais em um caminho desconhecido; sentia-se poderosa e dona de si, mas provavelmente as coisas mudariam quando voltasse para Nova Iorque. Ter de encarar seu pai e sua família seria muito mais do que tudo o que ela havia imaginado antes. Todas as suas ilusões terminavam com eles aceitando deixá-la seguir seu próprio caminho; aparentemente, ela perdeu tempo demais pensando no que poderia ser, quando a família não deu sinal nenhum de que permitiria seguir outro caminho senão aquele criado por eles.
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O Par Perfeito
RomanceDaniella vive uma vida pacata. Com um trabalho rotineiro, hobby que já não desperta nenhum ânimo e uma família complicada, sua única alegria tem sido o relacionamento com Ashton, o namorado super bem-sucedido. Sua melhor amiga, no entanto, mostra qu...