Reencontro

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Ao lado dele tudo era instável e complicado. Todavia, Anne parecia não se incomodar. Afinal, a atração que sentia por ele era suficiente para fazê-la permanecer ao lado dele. Ela sabia que mais cedo ou mais tarde, George a machucaria já que era da natureza dele magoar as pessoas que se importavam com ele. Contudo, mesmo estando cientes dos riscos de acabar com o coração partido, ela decidiu que daria uma oportunidade a ele.


Anne nunca havia sentido por ninguém o que sentia por George. Nunca ninguém conseguiu despertar nela o que ele despertava. Ao lado dele ela sentia-se viva, sentia-se feliz, sentia-se completa e acima de tudo, realizada sexualmente. Sempre que ele a possuía seu corpo implorava por mais. O desejo de ambos era algo carnal, algo que ia além da compressão do senso comum, já que era difícil entender como uma mulher poderia se entregar de corpo e alma a um relacionamento fadado ao fracasso e ao sofrimento, seus amigos diziam que ela era masoquista e por alguns instantes ela até acreditou, afinal seu maior prazer era estar na companhia de um homem que lhe causava dor.


Mas, apesar de serem um casal fadado ao fracasso, quem os via juntos pensava que eles haviam sido feitos um para o outro. De alguma forma, um completava o outro. Ele dava a ela o prazer que ela tanto queria, enquanto ela dava a ele o amor que ele carecia. Durante o último ano do ensino médio, o relacionamento deles ficou mais sério e por praticamente todo o ano letivo se acreditou que eles seriam um daqueles casais que sairiam do ensino médio para a vida e viveriam um felizes para sempre, pois George havia mudado bastante em relação ao ano anterior. Todavia, na vida real não existe um felizes para sempre e Anne acabou com seu coração em pedaços.


No momento em que os olhos de Anne viram o homem alto e forte com barba por fazer ultrapassar a porta principal da recepção em que ela estava, ela desejou sair correndo, desejou fugir e fingir que não o tinha visto. Todavia, ela não era mais uma menina de dezoito anos para sair correndo então ela permaneceu ali onde estava com sua champanhe na mão.


Ela tentou desviar os olhos dele, mas não conseguiu. Ela não parou de olhar para ele, para a forma que ele entrou se comunicando com todos ali presentes. Era evidente que a presença dele era algo confirmado e ela era a única que não sabia. Naquele momento ela desejou não ter comparecido a reunião dos ex-alunos. Se ela soubesse que ficaria frente a frente com a pessoa que feriu seu coração ela jamais teria comparecido.


Apesar de dez anos terem se passado, Anne lembrava com exatidão tudo o que George havia lhe feito. Ele havia sido um canalha da pior espécie quando ficou com outra bem na sua frente e a deixou sozinha enquanto o mundo desabava em sua cabeça. Ela havia desafiado seus pais e seus amigos para ficar com ele. Ela sempre dizia que apesar daquela aparência fria existia um ser humano, um ser humano capaz de amar. E o que ele fez se agarrou com a primeira vadia que apareceu no baile da escola a deixando sem graça na frente de seus amigos e colegas e mediante a sua família que repetiram por meses que haviam lhe avisado que ele não prestava.


Estar naquela reunião era como voltar ao passado, como voltar no ensino médio e ver seus colegas, seus amigos e seu amor só que com uma diferença a maior parte deles tinham vidas estabelecidas com família e carreiras promissoras. Enquanto ela bom, ela era uma designer de modas em decadência.


Anne caminha até o garçom e pede para que a coloque em uma mesa sozinha e afastada. Ela não queria ter que ficar falando do passado com seus colegas ou pior do seu futuro que estava por um fio. O garçom atende seu pedido e ela vai para a mesa. Ela fica sozinha durante um tempo, mas Bianca, sua melhor amiga vai até ela e diz:


-Pela sua cara você já viu quem chegou?


-Você sabia que ele estaria aqui?

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