Um Amor do Colegial

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No último mês ele a observava todos os dias, enquanto ela entrava e saía da universidade com as mãos carregadas de livros. Augusto sentia vontade de chamar Veronica para conversar. Todavia, ele sentia receio. Afinal, eles não concluíram o ensino médio de forma amigável.

Augusto e Veronica se conheceram no primeiro ano do ensino médio e não demorou muito para que ainda no primeiro semestre se tornassem amigos. Eles passavam todo tempo livre no pátio ou em algum canto conversando. Quem os via juntos pensava que havia algo além de amizade, afinal eles formavam um belo casal. Talvez, eles desejassem ser mais que amigos mais nenhum dos dois nunca disse uma única palavra sobre isso. Veronica percebia os olhares de Augusto da mesma forma que ele percebia os dela, todavia algo os impedia de falar sobre o que sentiam um pelo outro e por isso eles preferiam implicar com o jeito um do outro do que serem sinceros sobre seus sentimentos. Contudo, entre uma implicância e outra eles sempre se mantiveram firme em sua amizade até que no final do segundo ano do ensino médio, algo estremeceu a amizade a levando ao fim.


O ano letivo chegou ao fim e eles nem se despediram. Veio às férias de verão e nenhuma palavra foi trocada. Quando o último ano começou, eles tentaram se reaproximar, mas foi inútil. Ela já não confiava mais nele e por isso decidiu romper a amizade de uma vez por todas. Com o fim da amizade entre Veronica e Augusto, ela sentia os intervalos sem graça e tudo o que fez foi se dedicar de corpo e alma aos estudos. Ela precisava de uma nota alta no ENEM para ser aceita na Universidade Federal de Rio Grande e dar continuidade aos seus estudos. O ano passou de pressa e quando eles se deram conta já estavam na formatura que ocorreu no dia vinte oito de dezembro e como em um piscar de olhos o fim do verão se aproximou e com ele o inicio das aulas na universidade. Veronica entrou para o curso de direito com uma excelente pontuação no Exame Nacional do Ensino Médio, enquanto ele entrou em oceanologia onde realizaria seu sonho de embarcar em expedições marítimas pela Antártica.


Eles eram o oposto em muitas coisas mais a atração entre eles sempre foi visível. E talvez se um dos dois tivesse dado um passo em direção ao outro eles tivessem ficado juntos. Mas, o orgulho ou talvez o medo da rejeição não permitiu. Porém, agora em que ambos estavam no último ano da faculdade, ela no curso de direito e ele de oceanologia o destino resolveu que era a hora de bagunçar um pouco a vida dos dois.


A troca repentina de horários dos cursos fez com que Augusto e Veronica passassem a se encontrar com frequência. Eles não diziam uma única palavra e pareciam dois desconhecidos. Todavia, Augusto queria falar com ela. Ela havia sido a garota por quem ele foi apaixonado durante o ensino médio, entretanto, ele sabia que falar com ela não seria algo fácil, já que ela não era o tipo de garota que esquecia as coisas facilmente.


Augusto se encontrava na biblioteca quando ela entrou segurando três livros. Era impossível não notá-la em seu casaco verde comprido e seu sapato de salto alto da mesma cor. Ela nem havia se formado ainda e já parecia uma advogada. Ele sorriu para ela disse oi e para sua surpresa ela lhe cumprimentou. Ele não soube se foi por educação ou se algo dentro dela havia disparado como disparou nele. Da mesma forma que ela estava mais bonita ele também estava. Augusto não podia deixar de notar o quanto Veronica havia amadurecido, seu corpo já não era o mesmo e sua postura era a de uma mulher implacável. Seus cabelos pretos ondulados caídos nos ombros e seus olhos azuis como duas safiras carregados de frieza deixavam evidente que ela não era mais uma garotinha e sim uma mulher.


Se passaram três dias desde o encontro de Augusto e Veronica na biblioteca. Durante esses três dias ele não conseguiu parar de imaginá-la. Ela estava linda, seus lábios carnudos eram um convite a um beijo, um beijo que ele desejou dar há anos atrás mais nunca teve coragem. Ele a queria não como amiga, mas como mulher, como uma mulher que ele pudesse tocar e deflorar cada parte de seu corpo.

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