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Tell me love is endless

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Tell me love is endless.

Eu sentia cada parte do meu corpo tremer. Um puta desespero que nascia na minha coluna e se propagava dos meus pés até minha cabeça, levando tudo embora, como a porra de um tornado.

Estava perdida, abandonada para trás, rodando e rodando no centro de um ciclone.

Não pude desviar meus olhos dela nem por um minuto. Estavam presos nos dois globos verdes iguais aos meus desde o momento em que atravessei a porta. Minha filha era exatamente como eu na sua idade. A cor dos olhos, o formato dos seus lábios, a curva do sorriso... tudo. Era como me encarar no espelho. Era assombroso.

Para não dizer que nada nela era de sua mãe, ela tinha as mãos de Ellie. Seus dedos eram curtos e grossos e as unhas eram quadradas. Eu as reconheci de longe, porque sempre brincava com eles nas madrugadas em que ela fugia para se juntar a mim e ver That '70s Show no meu quarto. Era uma maldita ironia ter me escondido a pequena por todos esses anos e ter de encará-la se transformar em mim a cada mês.

Eu não tive muito tempo para absorver todo o lugar em que estávamos. As paredes eram frias, porque estavam me congelando. Não havia quase nenhum detalhe, exceto por algumas árvores desenhadas a mão – eu as vi quando entrei porque estavam atrás de seu leito. Ela estava repleta de fios também. Vários deles. Um monitor estava ao seu lado e um tubo estava conectado às suas narinas, fornecendo oxigênio. A imagem toda era perturbadora.

Eu nunca imaginei que pudesse ter alguém no mundo para chamar de meu, não assim, não uma parte de mim. Está custando tudo o que eu tenho assimilar que eu a conheci dessa forma – refém de uma cama de hospital, exageradamente magra, quase sem nenhuma cor e com quase nenhum cabelo. Literalmente, está custando tudo de mim me manter de pé para ela.

Acho que este é o significado de ser mãe.

Foi quando eu processei tudo. Eu sou mãe.

Todos os meus músculos enrijeceram de uma vez. Eu estava reta, imóvel, travada. Minha cabeça estava zonza, mas eu tentava manter minha expressão serena. Eu lutava, desarmada, contra um exército de selvagens, por ela. Acho que este é o significado de ser mãe. Eu sou mãe.

O instante em que ela se dirigiu a mim pela primeira vez durou apenas uma batida do meu coração, um tum forte e solitário, que ecoava ao meu redor — Oi, eu sou Hailie — ela me disse, sorrindo largamente.

Levei uns bons minutos para me recuperar disso. Está custando tudo dela me doar um sorriso e, mesmo assim, lá estava ele. Inabalável.

Eu engoli o bolo em minha garganta de uma vez. Levante-se, Scott, porra — Ei, pequena — ouvi minha própria voz num misto de carinho e medo, torcendo para que ela não notasse — Sou a Scottie — um sorriso ameaçou aparecer em meus lábios e eu batalhei para enlarguece-lo.

Jane's Midnight GardenOnde histórias criam vida. Descubra agora