Capítulo 3: Confusão

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Não é a primeira vez que trago alguém aqui, e realmente, espero que seja a última vez. Meus seguranças levam-no até o quarto e o colocam na cama. Eu fico ao seu lado, de pé. Olhar para as pessoas de cima, chega a ser um costume meu. Eu adoro esse costume, mas antigamente, eu odiava-o. Imagine o porquê, pois eu não falarei, não terei esse trabalho, por enquanto. Depois de alguns segundos, um grupo de médicos entra no quarto, carregando várias máquinas, enquanto dispersavam-se ao redor dele. Ainda vou descobrir o seu nome.

— Me responde uma coisa... — Ele abre os olhos lentamente, tentando mexer as mãos.

— Diga. — Me inclino minimamente em sua direção, atenta ao que ele tinha a dizer.

— Qual o seu nome verdadeiro? — Pergunta me olhando profundamente. Será que ele leu minha mente e fez a pergunta antes de mim?

— Não direi. Afinal, isso não importa. — Olho para a porta. Quero sair, para que eles possam trabalhar. Ele está perdendo sangue, caso eu demore muito, ele pode acabar não resistindo.

— Por favor... — Ele segura minha mão. Eu queria que ele fosse salvo, mas eu mesma estava com vontade de atirar nele outra vez. O que é meio irônico, já que quero que ele sobreviva.

— Quando estiver se recuperando. Agradeça por você ainda estar vivo e pare de me contrariar. Por outro lado, eu não vou hesitar em atirar na sua cara e guardar os seus olhos azuis intactos em um pote de cristal. — Me viro em direção à porta, na intenção de sair do cômodo, porém, paraliso enquanto escuto sua voz falando comigo, outra vez. Havia algo naquela voz que eu adorava ouvir, é rouca e atraente. Ah, que raiva.

— Então, parece que eu sou importante para você, não é? — Sinto que esta frase o divertiu. O que ele quer dizer com isso?

— O que te faz acreditar nisto? — Ainda virada para a porta, eu o respondo, acariciando minhas próprias coxas, meio nervosa.

— Quer guardar meus olhos em um pote de cristal? Quer lembrar de mim com tanto carinho a esse ponto? — Ele está lendo a minha mente! Ele deve ser telepata. Lembro-me de vezes que ele fez algo parecido, adivinhando minhas falas, ações e até meus pensamentos. O que é meio estranho. Mas, de certo modo, acabei me acostumando.

— Eu ainda estou pensando seriamente se vou te matar ou não. E dependendo do meu humor, eu vou te fazer engolir os próprios olhos, ao invés de me recordar com potes caros, como os de cristais. — Por mais que ele não estivesse mentindo, me irritei, e a raiva subiu consideravelmente. Mas, desapareceu em questão de segundos. É incrível o que ele faz comigo indiretamente e inconscientemente.

— Quero que você fique sabendo que eu não me esquecerei das suas palavras. Mas ainda quero que seja sincera comigo. — Ele fala rindo. Senti minhas bochechas queimarem, mas não parecia ser de raiva, sentia algo a mais, por mais que eu não conseguisse identificar. Saí do quarto enquanto um dos médicos, fechava a porta lentamente.

O que está acontecendo comigo? Eu... me sinto diferente. De um jeito bom, mas ruim ao mesmo tempo. Eu não quero que seja o que eu estou pensando que é. Se eu me apaixonar por ele, minha irmã vai descobrir e vai atrás dele, apenas para se entreter com a minha dor. A dor de perder alguém é enorme e você já deve ter provado deste tipo de sentimento amargo antes. E ela, se diverte com isso. Mas se esquece de que ela mesmo já provou uma boa dose de amargura. Deve ser por isso que ela é tão insegura. Mas eu não duvido de nada que ela ameaça fazer. Para uma pessoa que assassinou os próprios pais, nada é impossível para ela. Eu e ela temos uma grande diferença, que nossa mãe identificava desde o nosso nascimento. O nome da minha irmã gêmea é Sola Jessy Miller. Apesar de sermos gêmeas, não somos nada parecidas. Eu sou morena, meu cabelo é cacheado e meus olhos, castanhos escuros como carvalho. Minha irmã é loira, seu cabelo é claro, juntamente a sua pele e seus olhos azuis que mudam de cor conforme ela saía no sol. E aí vem a origem de nossos nomes. O dela é Sola, porque ela é divertida e radiante como o sol. Sempre consegue sorrir independentemente da situação. Diferente de mim, a origem do meu nome vem da lua, com sua beleza delicada que é notada em meio a escuridão. Nunca fui muito sorridente, mas isso não significava que eu não era feliz. O mais absurdo, são as nossas personalidades totalmente diferentes. A dela, é estranha, sorridente demais até em momentos desnecessários. Eu, sou séria na maior parte do tempo. Mas agora, estou apavorada com meus sentimentos, eu queria não sentir nada disso por um bom tempo. Enquanto pensava nisso, eu chego no meu quarto.

— Jonny, queria que conhecesse a Sol que eu estava acostumada a conhecer. — Coloco minhas mãos na minha cabeça, enquanto elas entrelaçavam meus fios castanhos. Deito-me na cama ao lado de Jonny que estava em um sono profundo desde muito tempo e me aconchego enquanto abraço-o. — Não sei por que você ainda vem dormir comigo se tem um quarto só para você. — Tenho a mera sensação de que amanhã será desafiador. Apenas não enxergo o porquê. 

Seu Nome Me Persegue (CONCUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora