Capítulo 6

22 2 0
                                    

Os dias se passaram e o Conselho não informou Markus de nada, ocupei meu tempo com meu trabalho e com um treinamento intensivo com os ômegas, eles me passavam e ensinavam tudo que sabiam, eu era razoavelmente boa em controlar emoções e ler emoções, ninguém falaria que era meu maior triunfo.
Artur tinha empacado nos casos, mas os corpos pararam de aparecer, talvez pela presença do Conselho na cidade ou porque tinham atingido seu objetivo com as matanças, eu não sabia.
Aos poucos essa história ficou em segundo plano, aproveitei meu tempo final com a alcateia para aprender sobre as histórias de onde viemos, da nossa criação e das leis que regiam os lobos, então todos foram realocados em outras situações que Markus precisava. Descobri que as empresas da alcateia eram passadas de alfa para alfa, era função dele gerenciar, garantir que todos os lobos tinham emprego e sustento, que a alcateia fornecia tudo a todos como casa, carro, escola de qualidade aos filhotes, era como uma cidade funcionando dentro de Washington, na verdade no mundo todo.
Quando um lobo se tornava alfa, seja por herança de posto ou por ganhar em uma luta, fazia um juramento de cuidar da sua alcateia, guiar todos através das leis pré estabelecidas pelo Conselho e nunca deixar um lobo passar por alguma necessidade, todas as empresas pelo mundo funcionavam com seus funcionários sendo outros lobos, se ajudavam quando um lobo migrava de uma alcateia a outra, todos os lobos deveriam ter uma vida estável.
Minha casa agora estava mais espaçosa com apenas eu e Markus, cada um que esteve ali tinha uma vida e uma função para exercer, inclusive eu. Descobri com o passar dos dias que Tamara e Rogue possuíam um relacionamento, mas eles não eram conectados, sabiam dos riscos caso um deles do nada conhecesse seu amor de alma, mas Markus me explicou que alguns lobos passam toda uma vida sem a conexão, ela não era uma ciência exata, poderia acontecer como não, então arranjos de relacionamento eram muito comuns. Vincent tinha uma parceira, mas um acidente muitos anos atrás tinha deixado ela fragilizada, por isso ele sempre estava de mau humor longe de casa, ele odiava se afastar dela, Markus contou que era o lobo mais super protetor que já tinha conhecido, poucas pessoas ousavam ir até sua casa e quando iam, eram prontamente expulsas a rosnados, quando perguntei mais sobre o acidente Markus não soube me contar, disse que era algo de muito antes dele ser um alfa e como Vincent era tão contra falar sobre, ele não perguntava.
Vasculhar memórias era algo que Markus não faria, era um limite muito bem definido para ele, em todo seu momento como Alfa não tinha usado esse poder para nada, era uma privacidade inviolável para ele.
Aprendi a fechar minha mente e me conectar somente com quem queria, mostrar somente o necessário, isso deu um alivio a todos da alcateia porque tudo que eu sentia eu transparecia pelo laço, eles brincaram que suas mentes estavam finalmente silenciosas de novo. O laço só era usado em comunicações muito necessárias, caso contrário eu receberia uma mensagem em meu celular ou uma ligação, raramente o laço estava barulhento durante aqueles dias.
O domingo dos pais chegou, sai do meu estúdio tarde da noite encontrando Markus parado no meio fio para me dar uma carona para casa, me aproximei o beijando e falando:
- Vou ficar tão mau acostumada com você sempre por aqui, quando for embora eu vou morrer de saudades.
- Talvez venha comigo - ele abriu a porta do carro pra mim - quem sabe?
- Eu já te disse - coloquei o cinto - eu tenho meu trabalho aqui, meus pais, uma vida, eu não vou sair de Port por enquanto, vai ser a distância até encontrarmos um meio termo que possa funcionar.
- Claro, você disse - ele ligou o carro, foi rápido mas não perdi a decepção em suas palavras.
- Não vou jantar em casa - falei digitando uma mensagem para meus pais que chegaria um pouco atrasada - eu preciso ir na casa dos meus pais, jantar deles esse fim de semana.
- Somente você?
- Eu e meu irmão - dei de ombros verificando meus e-mails - é uma coisa dos meus pais, já que saímos de casa pelo menos uma vez por mês temos que voltar e jantar.
- Parece interessante, fico me perguntando quando vou conhecer os seus pais.
- Você quer conhecer meus pais? - olhei para ele, mas seus olhos estavam fixos na estrada e seu rosto era neutro - você não parece o tipo que conhece pais.
- Não pareço? - ele deu um micro sorriso educado.
- Não, não parece - tentei contornar - mas poderia ir comigo jantar, se quiser, é algo bem simples e caseiro, mas sei que minha mãe iria amar.
- Se você insiste - ele sorriu mais amplo e eu tive que sorrir - como recusar?
Ele tomou a saída para Forks e dirigiu com sua postura mais relaxada.
- Sabe, eu nunca levei ninguém em casa, você será o primeiro - avisei me virando no banco - mas sem pressão.
- Fantástico - ele parecia orgulhoso.
- Como eu devo te apresentar? Markus, o alfa?
- Que tal como "Markus, o namorado"? Eu gosto de como soa.
- É isso que somos? Namorados? - ele vestia uma calça jeans, Tenis e um suéter, uma aparência cara e simples ao mesmo tempo.
- Se você fosse de uma família lycan, me apresentaria como seu companheiro e eles entenderiam que não é um simples relacionamento, é uma conexão de alma, mas acho que se falar algo assim pros seus pais, eles vão pensar em casamento logo de cara e se assustar - ele me olhou rapidamente - o que acha?
- Eu acho que sim - dei de ombros - seria assim tão mal se parecer casado comigo?
- Rebeca - ele me olhou mais lentamente, me acendendo em lugares certos - eu vou casar com você e passar uma eternidade ao seu lado, nada disso me parece mal.
- Eu aceito o namorado - sorri enquanto estacionávamos na casa dos meus pais.
Descemos e os cheiros das comidas da minha mãe invadiram meus sentidos fazendo meu estômago roncar e minha boca salivar, caminhamos até a porta e no primeiro soar da campainha meu pai estava na porta para me abraçar gritando:
- Beks!
- Olá papai - pulei em seus braços - pai, este é o Markus, Markus este é meu pai - apontei entre eles.
- É um prazer, senhor - Markus sorriu apertando a mão do meu pai.
- O prazer é meu - ele saudou de volta um pouco mais reservado - vamos, entrem, está um tempo estranho aí fora.
Entramos e logo minha mãe estava fazendo seu caminho até nós, ela deu uma pausa quando viu Markus e me levantou uma sobrancelha questionadora.
- Mãe, eu trouxe meu namorado para conhecer vocês - falei de forma casual.

Conectada ao AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora