A luz do sol esquentou a minha pele, acordei preguiçosamente, me esticando na grama verde e na terra. Meus cabelos estavam esticados ao meu redor e de nada adiantava pensar em nudez agora.
Meus sentidos estavam aguçados, eu ouvia o som das asas dos pássaros, dos animais que rastejavam e dos menores que escalavam as árvores.
Eu ouvia a respiração dele, o barulho do seu coração, ele não estava longe, na verdade ele estava me observando.
- Bom dia, grande Alfa - sorri ainda de olhos fechados.
- Bom dia, minha Rebeca - ele saiu de trás de uma árvore sorrindo, abri os olhos e logo minha visão caiu sobre as roupas dele, requintadas para a floresta.
- Não me lembro de você ter ido embora - me levantei em meus cotovelos - nem mesmo me lembro a que horas dormi.
- A euforia da alcateia te alcançou - ele se abaixou ao meu lado retirando uma folha presa no meu cabelo - agora você irá entender porque o Brian está sempre tão ansioso para sair.
- É sempre assim? - ele me ofereceu uma mão para me levantar e eu aceitei.
- Sempre que você quiser que seja, você pode bloquear, como eu fiz ontem.
- E onde você foi? O que era mais importante do que comemorar? - andamos de volta para a casa, em poucos segundos estávamos lá, minha velocidade também estava melhor - o que foi mais importante do que eu?
- Eu precisava me preparar para a chegada do Conselho - ele abriu o portão dos fundos para que eu passasse - porque eu sou o Alfa e sou responsável.
Rimos conforme eu caminhei para dentro da casa, ainda vazia, subimos diretamente para meu quarto e o banheiro.
Me olhar no espelho me fez pensar que talvez eu tenha rolado em terra e caído barranco abaixo, estava suja e com o cabelo desgrenhado.
- Você está linda - ele beijou o topo da minha cabeça - vá se arrumar, o Conselho logo chegará, eu vou ter os outros aqui em um instante.
- Tentarei manter o padrão para a recepção - brinquei tocando a gola da camisa branca bem passada, ele vestia calças sociais azul escuro e sapatos preto, combinando com o cinto e o relógio.
Ele saiu sorrindo e eu pulei direto no chuveiro, foi mais fácil lavar meu cabelo do que esfregar meus pés e unhas das mãos, eu nunca tinha estado tão selvagem e livre quanto antes.
Me olhando no espelho novamente percebi a marca roxa na curva onde meu pescoço e meu ombro se encontravam, dentes como a mordida de um cão.
Pensei sobre como esconder aquela marca, se eu perdesse muito tempo me maquiando não conseguiria secar meus cabelos e me arrumar, então decidi que iria de gola alta.
Coloquei uma regata gola alta branca acompanhada de uma calça social cinza escuro, acessórios em dourado, saltos altos brancos e sequei meus cabelos prendendo em um coque bagunçado.
Meu sentido aguçado cheirou panquecas e buscando meu celular desci para o andar de baixo.
- Garota - Lindsey me alcançou, ela vestia um elegante vestido social rosa envelhecido - você está linda!
- A pele de uma recém aceita - Tâmara suspirou do sofá, onde prendia as tiras de sua sandalha preta, ela vestia um elegante conjunto de terno feminino bege - você está brilhando!
- Vocês estão incríveis - fiquei boquiaberta - tão diferentes!
- São seus olhos - Lindsey riu.
Andei para a cozinha apenas para encontrar os grandes homens da matilha seguindo o padrão de vestimenta de seu Alfa: camisa social bem passada, calças sociais e um bonito relógio.
Bruno me passou uma xícara com café fresco enquanto Habacuque me ofereceu um prato com panquecas.
- Obrigada - agradeci voltando para a sala.
Enquanto comia verifiquei minhas mensagens e uma mensagem de Artur me alertou.Entre em contato, algo está errado! - Artur
Terminei minha refeição e larguei o prato na pia, caminhei para fora e fiz a ligação, como sempre Artur atendeu ao primeiro toque:
- Tutu? - chamei - o que aconteceu?
- Acharam mais um corpo, do outro lado da rodovia - ele suspirou - estão tentando dispersar nossas buscas.
- O que vão fazer? - perguntei preocupada.
- Nos dividir e conquistar - ele deu uma pausa - Beks, tem alguma coisa estranha com esse caso, eu tô com uma sensação....
- O que os seus instintos te dizem? - observei enquanto silenciosamente Markus se colocou à minha frente para escutar.
- Essas garotas, eu pesquisei sobre assassinos em série e geralmente eles mantêm seu modus operandi, mas aqui? Elas foram mortas de qualquer jeito e os corpos desovados, não tem um padrão - ouvi o farfalhar de papéis - os locais de desova também não possuem nada em comum.
- Assassinos em série, na história, aprimoram sua matança, tem alguns que começam com as mãos e depois evoluem para cordas e outros objetos - passei a mão pelo meu rosto - e se o seu assassino está evoluindo?
- Foi o que pensei de início, mas segundo a perícia a garota no lago foi morta antes da garota na clareira, porém a garota do lago não sobrou membros o suficiente para uma identificação, foi brutal, enquanto a garota da clareira estava com o rosto quase em paz, todas as marcas corporais foram feitas após a morte, um cuidado...
- Maternal - falei - a primeira foi uma morte crua e a segunda uma morte passiva, e se você estiver lidando com um casal?
- Um casal? Eu pensei em uma dupla mas por que um casal?
- Pense bem, na dinâmica de uma dupla sempre existe o ativo e o passivo, mas isso se intensifica na dinâmica de homem e mulher, como se ele a subjugasse a fazer uma morte tão feia quanto a dele, não basta estar morta, por isso ela fez as marcas depois, para ele pensar que ela sofreu.
- Mas por que ele não matou as duas?
- E-Eu não sei - suspirei - mas me prometa que vai tomar cuidado?
- Eu te prometo, não conte aos nossos pais que discutimos o meu caso, se mamãe ficar sabendo que dividimos as equipes ela vai surtar.
- Ta bom - respirei fundo - eu te amo, Artur.
- Eu te amo, Beks, te ligo mais tarde.
Sem mais despedidas Artur desligou, deixando eu e Markus pensativos sobre o que poderia estar acontecendo.
Os outros se juntaram a nós na entrada e Vincent anunciou que o Conselho estaria chegando, pensei que teríamos que ir de carro para algum lugar, mas o que todos fizemos foi apenas nos posicionar na escada.
Markus como o alfa estava à frente, enquanto eu estava a sua direita prontamente posicionada, atrás de nós no degrau a cima estavam Tamara, Lindsey, Vincent, Bruno, Brian e Cavan como Betas, atrás deles permaneciam Fogue, Racan, Habacuque e os gêmeos Martin e Mondrian como Ômegas, era como se nos posicionássemos para um retrato antigo, todos bem vestidos, quietos, de postura ajeitada e com sorrisos educados em seus rostos.
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Conectada ao Alfa
FantastikRebeca é uma loba solitária e acredita estar bem assim, até conhecer o Alfa. Assassinatos sobrenaturais invadem e chegam a sua porta, será ela capaz de lidar? Agora com toda uma família nova para se preocupar e um Alfa para chamar de seu, ela é leva...