Capítulo 1

27 4 0
                                    

10 anos depois

Abracei minha mãe apertado quando passei por ela ao entrar na casa em que cresci, meu pai logo atrás para me receber enquanto usava um ridículo avental rosa com babados lilás que dizia "Melhor Pai do Mundo" que eu tinha feito a mão na 1º série, meu irmão ainda estava fora trabalhando.
- Beks! - meu pai me saldou - eu amo os fins de semana de visita aos pais!
- Eu sei que ama - ri ao colocar minha bolsa ao lado da porta - como estão?
- Muito bem querida - minha mãe respondeu fechando a porta - sentindo o ninho vazio todos os segundos.
Lexi e Davi eram os melhores pais do mundo, sem nenhuma dúvida, mesmo não sendo meus pais sanguíneos eles me amavam como se fossem, não que eles soubessem que eu sabia da adoção.
10 anos atrás eu descobri que era uma Lycan, uma loba, quando sutilmente abordei assuntos sobre o animal em casa meus pais não passavam de alheios a isso, então 2 anos mais tarde Artur completou 15 anos e nada aconteceu com ele, foi assim que eu soube que eu não era mais parte dessa casa do que o sofá que eles tinham comprado no saldão. Passei bons anos remoendo isso, o que meus pais apelidaram de adolescência rebelde, mas em minha defesa era muito para lidar sem apoio, então percebi que eles me amavam, verdadeiramente me amavam, eram meus pais desde meu nascimento então mesmo que o sangue lobo que corria em minhas veias não fosse deles, todo o meu coração era deles.
Tudo da história Lycan eu tinha aprendido com o Google, algumas coisas na prática eram completas bobagens e outras tinham se tornado úteis, era um eterno testar e provar.
O que estava na internet era bom, fantasioso e muito hollywoodiano às vezes, mas bom, me protegeu e me ensinou tudo para sobreviver já que eu não nasci em uma alcateia.
Sempre pensei sobre fazer parte de uma, mas se eu me aproximasse de uma e não fosse aceita, eu seria morta porque era jovem e inexperiente demais para lutar totalmente por minha vida e assim escolhi reclusão, eu me desenvolvi ômega alguns anos após a transformação, o que era raro pelo que eu lia e muitos poderiam me matar ou me aprisionar por isso, não tinha nem como esconder afinal em minha forma de lobo eu possuía olhos amarelos.
Os Lobos Ômegas possuíam algo mais especial, que era o poder de equilibrar os ânimos de uma alcateia, se uma alcateia tinha um lobo ômega então essa alcateia tinha muito poder de persuasão.
Por fim, 5 anos atrás decidi ir para a faculdade, eu não tinha com o que me preocupar, aprendi cedo a mascarar meu cheiro e me manter ocupada em atividades solitárias para não chamar atenção indesejada, focinho baixo e orelhas empinadas eram meu lema, assim eu teria mais alguns anos para viver com minha família até ter que morrer e então me mudar, o que era outro fato interessante sobre lobos: aparentemente eu envelhecia mais devagar que as pessoas ao meu redor, também me curava mais rápido, era muito forte é muito rápida.
Me sentei na sala olhando para a cozinha de balcão americano dos meus pais totalmente coberta de comida, você diria que toda uma família de pelo menos 10 pessoas viria jantar, mas era apenas eu e Artur vindo uma vez por mês a casa de nossos pais.
Assim que Artur completou 18 anos se alistou para a polícia local e ele passou com maestria, desde então estava lá, um policial, mas logo ao completar 20 anos decidiu que também era hora de se mudar e tentar viver a vida sozinho, alugando uma charmosa casa do outro lado da cidade.
Ao contrário de mim, que havia me mudado para Port Angeles apenas para fazer faculdade de história, eu tinha meu próprio estúdio no centro e trabalhava com restaurações de peças históricas.
Como eu disse, um trabalho solitário e recluso, que não levantava suspeitas sobre minha vida nas noites de lua cheia.
A porta se abriu e meu irmão entrou, com cheiro de banho tomado e roupas limpas, Artur era um homem lindo, seus cabelos loiros sempre em corte militar e seus olhos azuis afiados fechavam um pacote que gritava "eu sou o Capitão América do mundo real", o mais engraçado é que ele tinha um senso de justiça igualzinho o personagem, daria a vida por sua cidade.
Meus pais avançaram nele com abraços e beijos, Lexi era baixinha e robusta, com curvas lindas, um cabelo preto sedoso, pele branca e olhos castanhos, em contraste de Davi que era uma cópia de Artur, enquanto eu estava no meio do caminho, com meus cabelos longos e pretos e meus lindos olhos azuis, exceto quando estava em minha forma de lobo branco.
- Olha, Beks pela primeira vez não está atrasada - meu irmão apontou - maninha, que isso se torne um hábito.
Mostrei a língua para ele antes de me levantar e pular em seus braços, eu sempre fui alta, atingindo meus 1.75 metros de altura aos 17 anos e empacando lá, Artur por muitos anos foi mais baixo, até os 19, quando ele pareceu ter tomado o soro do super soldado e crescido bons 30 cm acima de mim, em músculos e altura.
Meu estômago roncou alto e minha mãe aproveitou a deixa para todos nós sentarmos a mesa com nossos pratos já servidos, após uma breve oração feita pelo meu pai pudemos comer em conforto.
- Como vai a vida em Port, Beks? Tem feito amigos? - não perdi a insinuação do tom da minha mãe.
- Vai bem, mãe, ganhando muito bem na verdade, quem diria que restauração pudesse me fazer ter tanto em caixa - sorri.
- E você, Tutu? - minha mãe usou o apelido carinhoso de infância - como vai a sua vida na sua casa?
- Na verdade, mãe, eu sinto falta da sua comida - ele bajulou - poderia colocar um pouco para levar?
O sorriso de Lexi poderia partir o rosto dela se fosse maior, papai deu uma piscadinha de agradecimento ao meu irmão e eu aproveitei cada segundo do almoço antes da voz da tv nos atrapalhar.

Conectada ao AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora