Capítulo 2

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1 semana depois

Não estava mais fácil dormir, depois de dias sonhando com caninos pingando sangue eu não conseguia respirar, por isso escolhi ficar trancafiada no meu estúdio trabalhando. A demanda de trabalho estava alta e para isso eu era grata, com a mente ocupada eu não precisava mais me preocupar daquela matilha migrar e me achar.
Daquele lobo preto enorme me encontrar.
Estava limpando uma peça de madeira quando a campainha da frente do meu estúdio soou, indicando que alguém estava no hall de entrada, me levantei limpando as mãos e gritei um aviso que estava indo para indicar que o espaço não estava vazio, removi o avental sujo e me direcionei pelo amplo espaço.
O estúdio era térreo, mas na entrada paredes de DryWall davam a sensação de hall, escondendo a bagunça de peças, produtos, mesas e ferramentas que eu mal organizava atrás, passei deslizando a porta de madeira estilo industrial apenas para empacar no lugar.
O cheiro dele foi a primeira coisa que me atingiu, todos os meus pelos eriçaram e eu precisei lutar com a sensação de cair. O Alfa.
A imagem dele não era nada do que eu esperava, ele era alto, musculoso, os cabelos pretos caiam ondulando até seu queixo jogados de forma despretensiosa para trás, a pele morena e a barba por fazer, mas o que realmente me pegou desprevenida foi o seu rosto. Ele parecia uma estátua grega, traços fortes, seus lábios eram carnudos e seus olhos eram violentos, tudo nele gritava perigo, a imagem de senhor do crime fechava com chave de ouro com um terno preto impecável.
Ele era de tirar o fôlego.
- Alfa - sussurrei involuntariamente.
- Olá Rebeca - sua voz me cortou como trovão, minhas pernas tremeram e eu quase me curvei em sua presença - eu demorei algum tempo para te encontrar.
Engoli em seco, existia uma saída de emergência no fundo do estúdio, que dava para o beco lateral do prédio, se eu corresse rápido...
- Não tente - ele tirou a mão de seu bolso checando seu relógio prateado - eu tenho certeza que antes que você consiga chegar ao fundo eu pegarei você.
- Não me alcançou na floresta - retruquei encontrando minha voz - eu sou rápida.
- Sim, você é - a satisfação em sua voz me atordoou - posso te levar para almoçar? - desprevenida eu recuei, seus olhos atentos não perderam meu movimento quando encontraram os meus - um almoço para conversar, eu não vou te machucar.
- E-Eu não sei - recuei mais um passo.
- Rebeca - ele falava meu nome de forma doce, mas não perdia o perigo por trás - eu poderia muito bem te obrigar ordenando que me encontre para almoçar, mas eu estou pedindo educadamente, apesar de nada em mim ser educado - vacilei - eu tenho uma alcateia, se fosse te matar ou te sequestrar, já teria feito isso, mas ao invés estou te chamando para almoçar, seja educada como eu e aceite.
Ponderei minhas opções, ele provavelmente não estava sozinho e se fosse me matar poderia já ter feito, mesmo que as câmeras de segurança do meu espaço capturassem isso, ele só precisaria pegar o HD nos fundos e pronto, ninguém saberia.
- Tudo bem, eu vou apenas pegar minha bolsa - assenti me virando.
- Não tente fugir de mim - ele avisou, seu tom não deixando margem para discussão.
- Eu não vou - olhei para ele por cima do ombro - apenas minha bolsa e podemos ir.
Antes que ele pudesse dizer algo mais caminhei para o roupeiro em um canto no meu espaço de trabalho, eu vestia uma calça wide leg preta e tênis brancos casuais, uma camiseta de banda e uma bolsa branca de ombro. Soltei meu cabelo do coque bagunçado que estava e percebi uma mancha de sujeira perto do meu queixo, limpei rapidamente e sai de volta para o hall.
Andei em direção a porta e quando a abri ofereci passagem a Markus, ele parou de frente para mim e inclinou me cheirando, era um ato simples mas ao invadir meu espaço pessoal respondi com um rosnado baixo, me retraindo. Ele olhou em meus olhos e disse de forma casual:
- Você cheira a âmbar e jasmim, é um cheiro incrível.
Não agradeci, ele se endireitou e saiu para a rua, sai atrás dele e fechei meu estúdio, uma Porsche preta estava parada no meio fio e ele abriu o banco do carona pra mim, andei e entrei me sentindo totalmente intimidada pela imagem que aquele homem passava.
Então ele era um alfa, ele vestia roupas caras - poderia dizer isso pela costura e tecidos, seu carro custava duas vezes o preço da minha casa e eu estava ali, como uma idiota, agarrada a minha bolsa e lutando para não correr em pânico.

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