One-shot

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Aziraphale tentava tocar sem sucesso aquele instrumento musical. O violino era tão mágico e suave, mas sua melodia saía tão desajustada pelas mãos de Aziraphale. Não que ele não soubesse tocar, apenas, bom, compor é diferente. Principalmente quando se tem uma musa a quem dedicar a melodia.

Não importava o quanto repetia os acordes melódicos, parecia faltar algo. Um Tcham na coisa. E enquanto esse Tcham faltava, seu coração humano disparava como louco, sua corporação era mesmo muito estranha. Mas nem tanto assim. Afinal, é um tanto coerente as reações de seu corpo, visto que, a música cujo qual o anjo tenta compor é para Crowley.

Seu coração batia como um tambor e resoava até sua cabeça. Ele podia ouvir aquele Tum, tum, tum, tum.

O demônio provavelmente vai zombar de Aziraphale, mas mesmo assim o anjo está comprometido com sua decisão. Ele quer expressar o que sente, mas as palavras não são o bastante. Ele pensou muito a respeito e concluiu que talvez uma música os ajudassem a se situarem melhor em seu relacionamento, principalmente agora, graças à aquele apocalipse frustrado, eles não tinham motivos para continuarem seus passeios e lazeres humanos e mesmo assim ainda os faziam. Crowley parece gostar muito de música, com uma pegada mais metálica e expressiva, já Aziraphale também gosta de música, mesmo sendo coisas mais clássicas e um tanto refinadas, e então o que poderia dar errado? Aziraphale aprendeu diversos instrumentos no decorrer da história humana e aprecia cada um deles (por mais que alguns não tenham sons tão agradáveis), e sua principal inspiração era Crowley, então deveria ser algo belo. Tem que ser fiel a sua musa.

Aziraphale corou levemente e colocou o violino de lado.

— Por Deus, desde quando eu me embaraço desse jeito? — Suspirou com um sorriso de aflição Música bela como minha musa. Tenho que ser firme.

A biblioteca estava fechada assim como esteve por um longo tempo nesses últimos meses. O quase apocalipse colocou tudo em jogo e agora o que está em jogo são os sentimentos de Aziraphale. Crowley deve estar dormindo nesse momento, de acordo com o raciocínio de Aziraphale. Então, ele deve ter bastante tempo para compor sua declaração afetuosa.

Ao menos, ele espera. Crowley é imprevisível e o anjo adora isso nele, por um lado torce para que esteja dormindo e por outro deseja com todas as forças que o demônio entre agora mesmo na sua biblioteca com um bom vinho ou uma oferta para um passeio.

Aziraphale sorriu bobinho enquanto cantarolava sua composição melódica e anotava em um pequeno caderninho (que foi destinado especialmente para a música dele).

— Talvez eu devesse ligar quando terminar... e chamá-lo para uma refeição? — Murmurou o anjo enquanto bebia algo em sua caneca — Não, não. Fora de questão. Não quero acordá-lo...

O tempo não tardava a passar, era dia e então já era noite e logo o sol começava a nascer outra vez. E assim se repetiu por não tão longos quatro dias seguidos, quando finalmente Aziraphale considerou seu trabalho finalizado com sucesso.

E, bom, seria uma pena compor uma música tão bela que conta uma história inefável por meio de sua melodia melancólica e agitada, sem que outras pessoas pudessem degustar o som daquele lindo violino (que por sinal, foi um presente de um antigo compositor e amigo do Sr. A.Fell). E por coincidência, recentemente foi inaugurada uma praça em homenagem a esse compositor em uma cidadezinha no interior. E definitivamente, ou ao menos o anjo negaria com todas as forças, não houve influência de Aziraphale nesse trabalho. Afinal, não é como se aquele garoto músico, que por sinal ninguém sabe quem exatamente ele é, não merecesse algo desse tipo. As pessoas fizeram isso sozinhas, Aziraphale apenas sutilmente os ajudou a terem essa ideia, embora o anjo negue ter ajudado de qualquer forma.

VIOLINISTA ANGELICAL |  good omens Onde histórias criam vida. Descubra agora