"Agora estás preocupado em ir para o trabalho?" - Perguntou, totalmente surpreso com a atitude inesperada do filho, sem esperar que fosse Guillermo a censurá-lo por alguma coisa. - "Porque é que não me olha na cara? O que é que eu te ensinei?" - Se recordou com perguntas sobre as boas maneiras que lhe tinha ensinado.
Guilherme virou-se e imitou o pai, metendo as mãos nos bolsos, mas não conseguiu segurar o olhar dele, por isso olhou para o tapete cinzento e manteve-se em silêncio.
"Porque é que foi tão mal-educado? Não tem o direito de se comportar assim na frente da Lúcia. Deve a respeitar".
"Sim, acho que devo." - Ele murmurava como uma criança mimada.
"Não tens de sair, se quiseres voltar a trabalhar, há regras para se despedir e não saír como se fosses um menino de oito anos que não gosta da nova madrasta. E se o caso é que não gosta da Lúcia, não posso fazer nada".
"Eu não tenho nada contra a Lúcia." - Esclareceu entre um suspiro.
"Então porquê essa atitude?" - Pergunta, tentando compreender o filho.
"Não sei... se duvidar devia mandar os seguranças saírem da porta e me deixarem ir, não quero estar aqui... não quero festejar um novo irmão.
"Guilhermo, por amor de Deus! Está se ouvindo, está ouvindo o que está dizendo?" - Perguntou mais irritado do que surpreso.
"Eu sei o que estou dizendo." - Ele disse e levantou seu olhar deixando sair seus sentimento. - "Eu disse que não quero um irmão, não combinamos isso. Não quero que uma criança venha a ganhar o seu afeto... eu sou o seu filho mais novo, não há outro, não tem de haver outro." - A sua voz ficou entrecortada e as lágrimas brotaram nos olhos. - "Sempre disse que eu era a razão da sua existência, que me amava e de certeza que essa criança vai ocupar o meu lugar".
Léon via o seu filho chorar como se fosse uma criança e o seu coração se encolheu, Guillermo sentia ciúmes como se fosse uma criança de cinco anos, sabia que a culpa era sua por o ter mimado tanto.
"Guille... agora é um homem." - Murmura Leon com as suas defesas em frangalhos.
"Eu sei o que sou... talvez pareça um idiota porque estou chorando, por causa que pensa que é estúpido, mas não é isso que eu sinto." - Lhe assegurou e enxugou as lágrimas com raiva.
"Vem cá." Lhe disse dando um passo em frente, levou a mão à nuca, puxou-o para si e abraçou-o. - "Não é nenhum idiota, por expressar o que sente.". - Lhe deu um beijo na face e Guillermo abraçou o pai e desatou a chorar como nunca tinha feito desde criança.
"Peço desculpa, velhote." - Disse entre soluços.
"Guille, nunca ninguém ocupará o teu lugar... o lugar que ocupas no meu coração nunca ninguém o poderá ocupar. Foi o meu filho mais novo durante muito tempo. É a razão da minha existência... todos os meus filhos o são, se te acontecesse alguma coisa, ao Mateo ou a Valentina, eu não suportaria, somos um só, se faltasse um de nós essa família perderia o equilíbrio." - Diz esfregando carinhosamente as costas a um filho mais alto e mais forte do que ele.
"Eu sei que tem o direito de ser feliz, que é altura de se dedicar à sua própria felicidade, de satisfazer as suas próprias necessidades que nós não podemos satisfazer, mas outro filho... outro filho..."
"Outro filho para mim e um irmão que amará tanto como o Mateo ou a Valentina.... Deixei de te amar quando a Valentina veio viver conosco? Mudei alguma coisa com você?" - Lhe perguntou com carinho e Guillermo abanou a cabeça e conteve as lágrimas.
"Não, sempre foi você mesmo."
"E serei sempre... Continuarei a brigar com você sempre que me chamar de velhote e não brigarei quando sair do trabalho de vez em quando. Tal como todos os anos terás o seu carro no seu aniversário ou o que me pedir, sabe que não tenho vontade de negar nada, mas além do material, terá sempre o meu amor e a minha compreensão. Até ao último dia da minha vida." - Deu mais um beijo ao filho e ele retribuiu.
Desfizeram o abraço e Leon enxugou as lágrimas do filho enquanto esse olhava para os olhos do pai, que afinal eram idênticos aos seus, exceto pelas linhas de expressão que os envolviam.
"Vou deixar escolher o nome do seu irmão, porque não sou só eu que tenho de o amar, os irmãos dele também." - Lhe disse e deu uma palmadinha na bochecha.
"Muito bem, ele vai chamar-se Loki." - Disse acenando com a cabeça e Leon desatou a rir das piadas do filho.
"Está brincando comigo?"
"Não, é sério, ele vai chamar-se Loki." - Disse com toda a seriedade. - "Disse que eu podia dar um nome".
"Mas Guille..." - Murmurou Leon. "Isso é um capricho, não podes dar o nome de Loki ao seu irmão."
Guillermo pôs de lado o teatro e riu vendo a cara confusa do pai.
"Está bem, ainda não tenho um nome... tenho alguns meses para pensar e gostaria de concordar com a Lúcia, não é justo que sejamos nós a tomar essa decisão sem a consultar". "Ainda bem que pensa assim, porque eu amo mesmo a Lúcia." - Lhe diz se dirigindo ao elevador.
"Quando o amor vem como dessa forma, culpa de ninguém, entes não tęm tempo nenhuma data no calendário quando o desejo de acontecer." - Guillermo cantou e deu um tapa na cabeça do pai.
O rapaz riu e passou um braço pelos ombros do pai, puxando-o para junto de si. E com a mão livre esfregou a cara para limpar os vestígios do choro, embora fosse impossível que não notassem que ele tinha chorado.
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Autora LILY PEROZO
Adaptada por AAMJV1998
Traduzida por @NinaMSimonE
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Doce Mentiras Amargas Verdades - Livro IV
RomanceA diretora de uma prestigiada firma de advogados e bem-sucedida promotora de justiça de Manhattan Valentina Carvajal, vive sem restrições, experiente, aventureira, apaixonada e intensamente. Ela não gosta de compromissos e se verá envolvida em uma e...