Capítulo 91 - Sintomas Estranhos

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"Às vezes podemos passar anos sem viver, e de repente nossa vida inteira é concentrada em um único instante". - Oscar Wilde

Mais uma vez o médico abençoado estava ocupado e também não podia lhe dar uma consulta de emergência, de acordo com a secretária incompetente, ele tinha uma agenda cheia, enquanto a cabeça dela rebentava com a dor quase insuportável que a mantinha acordada durante a noite.

Ela desligou o telefone descuidadamente e voltou para a cama onde se enterrou sob um cobertor grosso e não fez nada além de perder tempo olhando seus olhos no espelho de uma mão. Para seu infortúnio, estava ficando cada vez pior. A mancha em seu olho era tão horrível que parecia ser o resultado de alguma surra que havia recebido.

Deveria estar aquecendo sua pele no sol do Brasil e ardendo de desejo pelas carícias e beijos de Leon, mas não. Seu azar estava fazendo a mais difícil das trapaças e não tinha outra escolha senão estar em Manhattan cinza e fria.

Trancada em seu apartamento apertado e se enchendo de comida para passar o tempo vendo televisão, ou seja, quando não tinha a dor perfurando através de seus olhos como naquele exato momento.

Ela colocou o espelho sobre a mesa de cabeceira, esvaziou o travesseiro e cuidadosamente deitou-se, fechou os olhos para esperar que o analgésico surtisse efeito. Sem se dar conta, o sono veio e isso lhe deu paz, pelo menos no meio da inconsciência não teve que suportar a dor.

Lúcia jurou que estava mais adormecida do que acordada quando o interfone tocou na sala, tirando-a abruptamente de seu momento quase curativo.

"Eu mato o Erick." - Murmurou de repugnância, a dor mais uma vez se intensificando com o som irritante. - "Vá se foder! Não estou respondendo a nada." - Ela assegurou sem a menor intenção de sair da cama.

O telefone tocou várias vezes e ela se sentiu tentada a se levantar e ir avisar Erick, mas sua cabeça parecia pesada demais para ao menos levantar o tronco. Quando o zumbido finalmente parou, ela suspirou profundamente e tentou voltar a dormir.

Mais uma vez ela estava quase dormindo quando Erick bateu na porta, odiou quando seu amigo e zelador do prédio ficou tão irritante. Convocou todo o esforço que possuía e, com repugnância, tirou suas cobertas, chutou-as para o lado e sentou-se, escorregou em seus chinelos e foi abrir a porta.

"Você vai ver, não terá mais vontade de me incomodar..." - Lucia resmungou no caminho para a porta. - "Concordamos que ela não poderia descer hoje para falar de suas experiências homossexuais com quase metade de Manhattan." - Ela começou a abrir a porta. - "Erick, eu lhe disse que me sentia..." - As palavras arrastaram-se no precioso momento em que abriu a porta e viu que não era Erick quem a estava incomodando, nem sequer teve tempo para pensar, apenas jogou a porta de madeira e jurou tê-la batido no rosto de Leon Carvajal.

Leon, do outro lado, estava completamente desnorteado. Ele mal tinha tido tempo de ver Lúcia quando, no segundo seguinte, a porta lhe bateu no rosto.

"Oh meu Deus, que pena, não pode ser, o que está fazendo aqui? Eu lhe disse que não podia ir, ponto final." - Ela disse mais a si mesma, procurando desesperadamente os óculos de sol mais próximos e viu alguns deixados no sofá, correu, colocou-os e voltou para a porta. - "Você ainda está aí?" - Perguntou como se fosse um psicopata do outro lado.

"Ainda estou aqui, não vou a lugar nenhum, não tenho para onde ir, esqueci de fazer reservas no hotel." - Ele respondeu, levantando um pouco a voz para que pudesse ouvi-lo.

Lúcia abriu a porta e mais uma vez se apresentou a Leon, ela se sentiu corada enquanto a examinava com seu olhar.

"Não diga mentiras, lembre-se que você tem um apartamento e Nova York não tem um único hotel. O que você está fazendo aqui?" - Ela perguntou e estupidamente começou a tremer sob o olhar de Leon.

Doce Mentiras Amargas Verdades - Livro IVOnde histórias criam vida. Descubra agora