Naipe de Copas

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Após a academia tomamos uma ducha rápida e seguimos rumo ao ginásio, Law não tinha necessidade de assistir aos jogos, mas faz questão de estar lá, não só para me ver como também, segundo ele: “Me proteger dos rinocerontes tarados do time de futebol americano”

Como os vestuários abertos do ginásio não são muito “recomendáveis” por assim dizer, mudei para o uniforme ainda na academia. O lugar era bem amplo, sua estrutura não diria que é precária, porém as paredes descascadas e a tintura semi apagada da quadra deixava muito a desejar. Acho que acabei por ficar olhando de mais, pois logo meu querido primo fez mais um de seus comentários ácidos.

-Sim, Mazu. Isto é um lugar público, então não espere que lhe tragam água mineral Dinamarquesa ou toalhas aquecidas – ele faz uma pausa dramática e continua – Só o que você pode esperar é muito barulho e ser picada por mosquitos estranhos.

-Idiota – reclamei

-Tsc, Nami-ya vem aí, vou para a arquibancada. Quer um repelente antes de eu ir, princesinha do papai?

-Por que você não vai se foder, priminho querido?

-Por que Nico-ya prefere esperar – ok, isso me doeu. Ele acena e sai tranquilamente, antes que pudesse rebater sinto meu braço ser puxado

-Pontual como sempre, essa é minha garota! – exclama Nami animada

-As outras já chegaram?

-Nem todas, bem....

-Deixe-me adivinhar, vossa majestade Boa Hancock está atrasada

-Acertou em cheio, eu juro Mazu. Um dia desses eu vou pegar essa garota sozinha e ninguém vai salvá-la – afirma de forma sombria

-Tô pagando pra ver. E Zoro?

-Levou a manada de imbecis lá pra fora

-Ele teve problemas? Fiquei meio receosa, sabe?

-É claro que ele teve, mas o Killer deu um apoio, parece que ele tem algum resquício de cérebro no meio de todos aqueles músculos. Enfim, vamos jogar, quando aquela surucucu chegar nós a incluímos.

-Ela fica invocada quando você chama ela assim *risos*

Sou ala armador das Mambas Negras, literalmente a Michael Jordan do time, além de Nami, Hancock e eu, temos também Bonney, Vivi, Robin, Koala e Rebecca. Sendo geralmente do banco reserva Hancock que está no time obrigada pelo pai, Robin e Vivi que jogam muito bem, mas preferem observar, principalmente Vivi que faz questão de acompanhar a namorada capitã do time nos jogos.

O treino hoje foi como em qualquer outro dia tirando o fato que uma das integrantes havia faltado e que agora tínhamos plateia de todo o tipo, desde apreciadores do esporte a apreciadores de mulheres usando shorts. O tempo passou rápido e logo era hora de ir embora, me despedi das meninas e me voltei a arquibancada onde Law já me aguardava com uma garrafa de água e a minha bolsa.

-Foi um bom jogo – elogia o moreno entregando-me a garrafa

-Foi sim, tirando os assobios irritantes foi bem legal, mas eu não quero me acostumar aqui, prefiro a quadra da universidade – lamento virando um gole do líquido refrescante

-É só por um tempo, não se preocupe.... – antes que termine sua frase sua atenção parece se desviar para algo atrás de mim - ....se preocupe com o impacto na verdade

-O quê? – antes que percebesse recebo um forte impacto pelas costas me empurrando alguns passos a frente, sorte que consegui manter o equilíbrio e segurar o indivíduo bem conhecido que havia pulado em mim e abraçando minha cintura com as pernas ficando de macaquinho.

-MAZUUUUUU!! – berra Luffy, com toda sua animação característica enrolando os braços suados em volta do meu ombro e pescoço – QUERIA TE VER, NÃO TE ENCONTREI O DIA TODO!!

-Não precisa gritar, eu estou literalmente bem aqui! E eu estava ocupada, por quê queria me ver?

-Por que sim, ué! Eu vi todo mundo hoje só não você! OI TRAL!!

-Droga....ele me notou – reclama fazendo a voz ranzinza do grupo como sempre

Luffy.... como posso dizer? É o Luffy! Foi um dos primeiros amigos que fiz na faculdade, ao contrário da opinião do meu querido primo, o garoto é simplesmente o melhor do mundo. Luffy mora com os irmãos mais velhos Ace e Sabo na mansão Newgate onde reside o homem mais poderoso da Grand Line, Edward Newgate, o Barba Branca, além de ser o homem mais temido é também o coroa mais gente boa que eu conheço. O garoto do chapéu de palha pretende seguir carreira de Bombeiro militar assim como seu irmão mais velho. Faz parte do time de futebol americano como running back do time devido a sua velocidade e agilidade. Luffy tem uma personalidade cativante a barulhenta, muitos se impressionam com a facilidade que ele tem para atrair as pessoas.

-Shishishi! Você é engraçado, Tral! – a contra gosto, o mais novo se põe de pé novamente aliviando o peso sobre mim.

-Luffy, meu amor! – a voz familiar ressoa da passagem de saída da quadra onde uma linda mulher de olhos azuis e cabelos negros e compridos corria graciosamente para onde estávamos

-Hancock? Pensei que não viria hoje

-Eu digo a mesma coisa – comenta Nami com a voz firme e impaciente, ela ficou grilada com a irresponsabilidade da princesa cobra

-Ai, não começa, ruiva aguada! Eu vim sim, mas encontrei algo bem mais interessante – rebate e em seguida direciona um olhar apaixonado ao rapaz que sorria como um sol alheio às segundas intenções da mais velha

Boa Hancock é a mais velha de três irmãs e o rosto da Universidade, “A mulher mais linda do mundo” como ela gosta de ser intitulada, não é toa que ela era a marca do lugar tendo como pai o próprio diretor da GLU, Silver Rayleight. Rayleight é um bom homem, porém o fato de ter mimado tanto essa garota criou um monstro vestindo Gucci. Apesar de toda a beleza e todas as opções, Hancock insiste em tentar cortejar Luffy, que por ventura não dá a mínima para ela. Cá entre nós, acho que Luffy nem sabe o que “namorar” significa.

-Você é inacreditável, sabia? – responde Nami no limite já

-Não liga pra ela, Nami – tento apaziguar a situação – Ela nem faz nada no time, ela está aqui obrigada afinal de contas

-Exatamente – concorda a morena de cabelos longos empinando o nariz

Numa tentativa falha de conseguir amigas para sua filha, o diretor a inscreveu contra a vontade da mesma na equipe, no entanto ela conseguiu a proeza de aumentar seu número de inimigos.

Quando Luffy se afastou de nós para encontrar com Zoro que conversava com alguns membros do time, Boa o seguiu como uma cadelinha levando consigo a tensão que havia deixado na ruiva.

-Eu te juro, Mazu! Qualquer dia desses eu vou pegar essa garota sozinha e o paizinho dela não vai estar lá pra salvá-la

-Quando isso acontecer você filma?

-Ai, claro, amiga! – de uma face zangada um sorriso radiante se fez presente

-Seus amigos são loucos, Mazu. Acho melhor irmos embora...

-Ah, mas já? Queria ficar mais um pouco, Law – insisto

-Desculpe, mas a convivência já está ficando insuportável

-O quê?

Sem entender seus motivos apenas me deixo ser guiada rumo a saída. No caminho não pude deixar de notar como um certo ruivo nos encarava, seus olhos de uma cor que acredito ser algo como castanho avermelhado nos acompanhava a todo momento junto de um sorriso fechado porém sombrio de qualquer forma. Eustass Kid era sinistro.
-Law...
-Hn?
-Aquele ruivo sinistro que tava encarando a gente era...

-Eustass Kid, o próprio

Os Supernovas são um grupo de jovens promissores que fizeram fama, ou infâmia, por vários aspectos independentes de cada membro, tem quem os considere a Pior Geração, por ter balançado o país de todas as formas possíveis. Nesse grupo três possuem mais destaque, estes conhecidos como Trio Supernova.

Monkey D. Luffy é o primeiro que eu posso citar, como filho de um político “Revolucionário” e neto de um vice-almirante da marinha, por mais que seja considerado um “herói” para muitos, o garoto não se considera como tal, ele faz o que quiser, seja de acordo com a lei ou não.

Trafalgar Law é apontado como herdeiro do império de Doflamingo como sendo mais velho entre nós dois. Além disso, o rapaz é a maior aposta do hospital Drum como futuro diretor e cirurgião.

Eustass Kid, como posso dizer....é o mais infame, não sei ao certo quem ele é, o pouco sob conhecimento das pessoas é que trabalhava em uma oficina e em uma loja de armas ao dia, quando anoitece....bem....suas mãos se sujam de sangue.

Além das três estrelas do show, cada um tem o seu apoio de palco que conseguiram tanto holofote quanto seus parceiros.

Roronoa Zoro trabalha como detetive particular e recentemente se tornou pupilo de Dracule Mihawk no dojô do espadachim. Zoro trabalha de forma independente investigando o esquema “Shichibukai” no qual meu querido pai supostamente faz parte.

Killer é segundo em comando de Kid em todos os seus negócios. Foi mandado para o exército na juventude, mostrou ser um soldado extremamente habilidoso e sanguinário, mas nem um pouco submisso às autoridades, após um acidente grave deixou o quartel, e hoje é conhecido como “Soldado Massacre”

Donquixote Mazu, no caso eu propriamente. Minha carreira como jogadora de basquete trouxe-me renome em todo o Novo Mundo sendo fortalecido pelo meu sobrenome e minha parceria com Law.

Antes de entrarmos no carro ouvimos um toque de celular familiar. Pacify her

-Estão te ligando, Cry Baby – zombo do rapaz

-Boboca-ya – xinga e atende seu aparelho trocando algumas breves palavras – Trafalgar falando....hun....agora?....*suspiro* ,ok... – desliga o telefone parecendo um pouco apreensivo

-Tudo bem? – indago preocupada

-Tá sim. Só preciso encontrar com Shachi e Penguin no caminho pra casa

-Ah, ok! Está tudo bem mesmo?

-Claro! Entra aí, vamos embora

Como o cavalheiro que é quando bem entende, Law abre a porta do passageiro para mim e da a volta no automóvel para adentrar pelo lado do motorista.

Durante o percurso jogamos conversa fora, banalidades do dia e sobre o evento Supernova que participaríamos a noite.

-Vou parar o carro aqui – avisa ao estacionar o veículo na um pouco atrás da avenida onde estava consideravelmente movimentado devido ao horário – Vou encontrar com Shachi e Penguin naquela loja de discos – aponta para uma loja quase que imperceptível se comparada com os outros prédios em seu entorno, só o que indicava sua funcionalidade era o singelo letreiro dizendo “Retro Records” na entrada – Volto já

-Ok

Observo quando o rapaz desliga o carro sem retirar a chave do contato sinalizando que realmente pretendia voltar logo. O segui com o olhar até que desaparecesse no interior do estabelecimento. Law e sua obsessão por antiguidades, como se não pudesse encontrar qualquer música que quisesse na internet.

Sem ter muito o que fazer nesse tempinho vago meu olhar pelas redondezas buscando algo que talvez fosse suficientemente interessante. No entorno havia uns dois ou três brechós femininos, uma banca de jornal tão cheia quanto um parque de diversões numa segunda feira, ao lado de onde havíamos estacionado havia uma pequena padaria, a parte frontal do local não poderia ser visto por mim, no entanto pude assimilar pelos inúmeros bolos e outros doces na vitrine, confeitarias das mais variadas, mas a que chamou-me mais atenção fora o bolo de coco que estava mais próximo, parecia tão tentador, não me lembro da última vez que comi um quitute do tipo, mas de alguma forma o sabor se fazia presente na minha memória gustativa.

Aiai....

Comer salada e proteína falsa todos os dias é capaz de cansar qualquer um. Entendo a necessidade de ter uma alimentação balanceada e suprir outros nutrientes com vitaminas, mas não mando nos meus pensamentos e às vezes a vontade vem. A vitamina que tomo supostamente deveria acabar com essas tentações, porém a sensação tomando-a é tão adversa.

Sem que eu perceba minhas palmas começam a soar frio e meu estômago dói como se não houvesse almoçado hoje, meus dedos se agitam um pouco então para suprir esse tique aleatório retiro o celular do bolso e vou mexendo em coisas aleatórias, logo conseguindo empurrar os meus impulsos para as profundezas do meu subconsciente. Por sorte Law retorna com uma sacolinha em mãos adentrando o automóvel novamente.

-E então? – indago antes que diga qualquer coisa

Sem dar uma palavra, o estudante de medicina apenas ergue uma capa de CD bastante familiar para mim.

-Espera....esse é o álbum Delux do Coolio?

-Queria te ensinar os prazeres de escutar CD’s em micro sistems um dia e acho que esse é um ótimo começo – sem esperar que eu pegue, o rapaz joga a capa sobre meu colo enquanto ainda estava desacreditada. Eu amo rap americano.

Não se trata de questões raciais ou algo do tipo, mas o mundo do rap me atraiu a anos por que para mim esse tipo de som aborda todos os pontos de vista sociais, os ricos, os pobres, os esperançosos, os guerrilheiros, os apaixonados e os criminosos, sejam os temas independentes ou todos combinados. Admiro outras divindades do rap como Run DMC, Bell Biv Devoe, Tupac, Snoop Dogg, Queen Latifah e Nicki Minaj, mas o Coolio se destaca entre eles para mim, pois resume um pouco da minha vida.

Eu vivo em um paraíso de um gangster.

-Muito obrigada, Law – agradeço ao meu primo lhe dando um abraço pelos ombros

-Não tem de quê...agora desencosta eu odeio seu perfume enjoativo, principalmente misturado com suor – reclama em seu jeito tsundere de ser

-O que mais tem dentro da sacola? – indago assim que o vejo depositar a embalagem dentro de sua mochila – Parece cheia

-São coisas minhas, não se preocupe – diz simples manobrando o carro para sairmos da vaga

-*risos*Tá cheio de CD’s da Melanie Martinez aí não é? – pergunto já com a certeza cômica em mente

-Ai, cala a boca.... – reclama estressado e envergonhado sem olhar para mim que fazia questão de rir

-Você é muito estranho, Trafalgar Law

Anestesia - One Piece x OC [AU Moderna]Onde histórias criam vida. Descubra agora