''Gale''

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P.O.V Gale

  Havia acordado naquela manhã com uma sensação estranha, havia tido alguns pesadelos com relação a Mishell, minha melhor amiga, a proposito, me chamo Gale, vivo em Athanor desde que nasci, meus pais eram banqueiros muito ricos, mas faleceram durante uma viagem de navio alguns anos atrás, apesar de filho de dois banqueiros, levo uma vida mais simplista, meu proposito não é viver como a Elite, cheios de roupas de grife e joias, eu vivia pelo estudo, estudo na Academia de Ouro, na ponta norte de Athanor, um lugar onde jovens magos e alquimistas servem o reino para a grande evolução, Mishell estuda comigo lá, ela é uma grande entusiasta da alquimia, quer de toda forma encontrar o segredo do Éther que os anciãos sempre discutem, já eu prefiro estudar mais a fundo a magia que provem do Éther, sempre passo meus dias na biblioteca da academia, procurando livros ancestrais, capítulos perdidos, anotações, tudo que eu conseguir achar, mas nunca parece o bastante, minha magia nunca é forte o bastante, parece que sempre falta algo, não consigo conjurar nem uma flor sem que ela morra minutos depois, é um poder minguante, desde que despertei meus poderes ainda na infância é assim, só fui aceito na academia pois Mishell, que passou nos testes alquímicos com notas máximas, fez uma carta de recomendação para mim, basicamente devo minha estadia na Academia por causa dela, enquanto estudava nos livros mais antigos que podia achar naquela biblioteca, folheei incessantemente até achar algo interessante, algumas informações sobre criaturas feitas de Éther purificado que andavam na terra, criaturas tão poderosas que suas formas físicas não eram humanas, nem animalescas, eram um amalgama de energia quase imaterial, como se não tivessem densidade, diziam os anciãos que estas criaturas eram fragmentos de um Deus que caíram na terra e procuravam vassalos humanos para empunhar seu poder cósmico, infelizmente não haviam provas fotográficas nem dados sobre essas criaturas, apenas especulação e fala popular, enquanto estava concentrado, um pequeno aparelho de forma triangular em meu bolso vibrou e levitou para fora do bolso, era um comunicador geral que o pessoal da academia recebia para saber notícias e novidades diretamente do canal da Governanta de Athanor,  geralmente estes comunicados eram para festas de galã no Palácio Real ou alguma notícia muito ruim, então sempre que apitava, tinhamos uma certa ansiedade, se seriamos convocados para uma festa ou para uma guerra, quem sabe né?

" Duas entidades foram vistas adentrando Athanor e fazendo uso indevido de magia Étheriana de classe A, todo o pelotão mágico está atrás destas duas mulheres, se você avistou-as, não hesite em matar, se for covarde demais, chame as autoridades "

A

voz da governanta ressoou em meus ouvidos, uma voz potente, séria e grave para uma mulher, ninguém exatamente sabia qual era o rosto dela, ela sempre trajava longos véus e mantos que cobriam seu rosto, e sempre usava dos melhores e mais finos tecidos, era misteriosa e diziam que seu poder poderia destruir Athanor num estalo se quisesse, não acreditava muito nestas teorias, imaginava que ela era só uma velha rouca que mandava em tudo, após o comunicado, é claro que eu sai correndo da biblioteca para as ruas, não poderia perder a chance de provar que era poderoso para parar duas magas de Classe A, comuniquei a Mishell assim que sai das ruas, e ela estava lá, com um pequeno mas letal arsenal de frascos e bolhas químicas, ela rapidamente me abraçou e seguimos em busca daquelas mulheres, no comunicado geral haviam fotos de câmeras de segurança delas, uma mulher meio fauno, de cabelos ruivos e com chifres longos, e uma mulher de cabelos prateados e uma mecha escura e longa, e um vestido bonito demais para ela ser uma criminosa, de qualquer forma, buscamos elas por todo o canto, a cidade estava vazia na área onde os ricos moravam, foram evacuados, já na área pobre da cidade, estava um alarde, muita gente inocente sendo vistoriada, espancada, aleatoriamente ,sendo que tínhamos um alvo predefinido, ver aquilo era horrível, mas eu sozinho não poderia fazer nada, segui com Mishell para uma área onde não haviam soldados, a área próxima aos esgotos, na área humilde da cidade, havia um grande córrego aberto que dava direto no esgoto, descemos por uma escadinha de manutenção e logo adentramos ali, algo me cheirava mal, e não to falando do esgoto, tinha a impressão que estávamos indo na direção certa, fomos diminuindo os passos quando ouvimos uma discussão:

- Mas foi sem querer, eu não sei como fiz isso Astrid!

- Tá , Tá Cass, eu já imaginava que você tinha magia, mas olha só o estrago que você fez, agora tem todo um pelotão de magos contra nós, se formos pegas eles vão matar a gente!

- Como matar a gente?! Foi um acidente!

- esses caras são extremistas Cassidy, qualquer coisinha eles te matam, você não viu com seus próprios olhos? A garotinha e sua avó sendo espancadas?

Ouvir aquelas coisas me fez entender a situação, elas não tinham feito nada errado, de qualquer forma, Mishell logo  tirou uma de suas bolhas químicas do bolso, e se aproximou o suficiente para jogar nelas

-Cuidado! - a menina ruiva, que julguei ser Astrid, empurrou Cassidy para longe, sendo acertada pela bolha imobilizadora, um tipo de gel colante que a prendeu no chão,  Cassidy logo apontou os dedos na direção de Mishell, e... nada, não fez nada, ela parecia confusa, talvez não tivesse mesmo controle dos poderes, logo cheguei perto, e utilizei um feitiço para manipular as vinhas do esgoto, para prender a mulher, que tentou se soltar, me concentrei muito para manter ela presa.

- Me deixa em paz! - Gritou Cassidy, uma voz forte e energética, logo senti algo que não havia sentido antes, uma força mágica muito poderosa,  a voz dela começou a ecoar e ressoar em minha mente, milhares de vezes, cada vez mais alto, a ponto de que vi Mishell cair no chão, com os ouvidos sangrando, eu desmaiei em seguida, pois tudo ficou completamente escuro, mas não acho que ficamos tanto tempo imobilizados, pois ao abrir os olhos novamente, pude notar passos percorrendo o esgoto, aquelas marcas de água que permanecem quando você pisa, estavam bem molhadas e frescas, elas não haviam fugido a muito tempo, talvez tenham buscado uma saída no outro lado, levantei Mishell, e a ajudei a estancar o sangramento, e seguimos em frente, buscando aquelas mulheres

Nox Gênesis: a cidade sombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora