'' Mons Omniscientiae ''

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 E seguimos, convenci Astrid de que deveríamos ir até aquela montanha onde vivem alguns clarividentes, e ela foi relutante, Mishell e Gale conversavam entre si alegremente, acho que para cortar o clima pesado de sermos fugitivos, para chegar até a montanha, teríamos que passar por uma cidadezinha  e depois fazer uma trilha até o alto da montanha, e como não tínhamos mantimentos, iriamos passar na cidade primeiro, ao adentrar a cidade, fomos bem recebidos, ainda não havia se espalhado a noticia de que éramos fugitivos da lei, claro, naquela cidade não haviam televisões iguais as de Athanor, conseguimos pagar uma pousada por que Gale tinha algumas moedas, logo após isso saímos para uma taverna local,  para comermos e bebermos um pouco, ao adentrar a taverna, notei olhares curiosos cercando nosso grupo, fazia sentido, éramos bonitos demais para um lugar como aquele, ao menos no julgamento popular, eu não era tão bonita, parecia mais um cadáver, bem, nos sentamos, pedimos alguns pratos de variados alimentos e bebidas, Mishell se prontificou a pagar oferecendo algumas poções para o dono, que aceitou após uma breve discussão, enquanto nos alimentávamos notei um homem com uma lança num canto da taverna, era asiático, incrivelmente alto e tinha longos cabelos dourados, tinha um físico bem forte, parecia um guerreiro, acompanhei-o com os olhos até ele ir embora, ao terminar, nós saímos da taverna de volta para a pousada, onde iniciamos uma reunião.

-Olha, basicamente a Cassidy caiu do céu, disse que veio de um outro mundo onde não havia magia, só alquimia... ou algo parecido, ciência no geral, ela disse que era mais jovem antes de cair, mas quando eu a encontrei ela estava nesse corpo de mulher adulta. - Astrid comentava com Gale e Mishell explicando nossa condição, e o porque nós estávamos indo para Athanor.

- Será que ela é uma viajante do tempo? mas isso é possível no mundo dela? - Mishell indagou, olhando para mim com uma expressão aflita e curiosa, talvez aflita por não imaginar o por que de eu estar ali e como era possível eu estar

- Ela disse não saber, ela falou que era só uma menina de 11 anos quando abriu uma porta num orfanato, e despencou do céu já aqui no nosso mundo, se isso é viagem no tempo eu já não sei- Astrid comentará novamente, Gale parecia pensativo

- Talvez seja viagem dimensional, Mishell, ela deve ter aberto um portal no mundo dela, uma fenda de Éther que veio do nosso mundo, talvez... - Gale teorizou, sem brincadeira, era uma possibilidade, talvez esse Éther pudesse viajar pra muitas dimensões além da deles, até chegar na terra

- Talvez Gale, e digo mais, talvez ela tenha absorvido o Éther remanescente quando atravessou a porta, por isso conseguiu sobreviver a queda e ainda usar magia no nosso mundo, talvez por isso o poder dela esteja falhando, logo vai voltar a ser só uma humana. -Mishell complementou, eu não estava participando da discussão ativamente já que mesmo eles tendo me explicado, eu não sabia tudo daquele mundo, não sabia o que fazer, e não tinha respostas para nada, eles nasceram aqui, acho que eu não ia saber teorizar nada sobre minha chegada.

- A gente decidiu seguir pra montanha dos clarividentes, eu sei que lá tem muitos charlatões, mas ela insistiu, parece que sentiu algo lá quando olhou meu mapa, vamos ter que confiar, não temos muitas opções na verdade, voltar pra Athanor nesse momento é sentença de morte. - Astrid foi se deitar junto aos outros, ao apagarem as velas, fiquei olhando pela janela a esquerda, a luz da lua era reconfortante, o céu daquele planeta era simplesmente divino, eu conseguia ver tudo que tinha fora da atmosfera, outros planetas muito muito longe, algo que eu não havia parado para notar, tantas estrelas no céu, adormeci minutos após, e sonhei, um sonho muito estranho.

 Era tudo... diferente, o mundo, as pessoas ao redor, ouvi uma voz, era uma voz masculina e doce, quase melódica, chamava meu nome.

-Minha mãe, você voltou pra cá! a quantos milênios já não te vejo.

 era um rapaz de cabelos loiro claro, uma pele tão pálida quanto a minha, seus olhos eram dourados, ele era alto e esguio, e tinha um par de asas saindo de sua cintura,  ele trajava uma túnica simples, branca com detalhes dourado e azul índigo, ele me abraçou, e eu senti seu abraço como se fosse real, tão quente e reconfortante, seu abraço me lembrava de alguém que a muito tempo não via, olhei seu rosto uma ultima vez.

- Theo? eu.. lembro de você.....

- Mãe, sua mente esta uma bag-

e a escuridão me engoliu novamente, e logo eu estava em outro lugar, abri meus olhos com outra voz gritando meu nome, e senti meu corpo ser sacudido, eu estava deitada no chão.

-Cassidy? Cassidy! acorda!

Era uma garota de vestido vermelho, com cabelos médios castanhos, com mechas esverdeadas e bagunçadas, ela tinha um óculos bonito, uma armação com uma borboleta nos cantos, prateada, ela sorriu ao me ver, mas não tivemos tempo de trocar palavras, logo eu acordei.

-Cassidy? - Ouvi a voz preocupada de Astrid, ela estava no lado da minha cama, utilizando um feitiço curativo em meus braços, que estavam todos arranhados, e minhas unhas estavam totalmente quebradas e sangrando, como se eu tivesse me rasgado durante o sono, eu estava lacrimejando bastante, ao contar meu sonho para eles, eles pareciam ainda mais preocupados, por que esse sonho poderia significar que a coisa era ainda mais séria, por isso logo que acordei eles já estavam com tudo preparado para irmos, com bolsas, mantimentos, roupas para o frio, saímos de carroça após uma senhora idosa nos oferecer carona, já que estava indo na direção da montanha de toda forma, isso facilitou bastante, seguimos pelos caminhos pré definidos da montanha, pontes velhas e perigosas, escalamos algumas pedras, mas ainda havia muito chão a percorrer, e a cada dia tudo parecia mais confuso, ao invés de respostas, estava ganhando mais perguntas. 

Nox Gênesis: a cidade sombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora