Um • Broa de Milho & Propostas Irrecusáveis

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Broa de Milho & Propostas Irrecusáveis

5 de Março

Tentar algum contato com Harry não seria algo fácil. Louis tinha plena consciência do fato.

As raras interações existentes entre eles, durante os três anos, somados à inimizade entre Hector e João, levaram os dois jovens a evitarem criar uma relação além da existente: Vizinhos.

Ademais, Harry não era fã do jeito relaxado de Louis.

Para começar, era muito cheio de si, se exibindo para os demais como se fosse o melhor solteiro em toda região. E para muito era, mas Harry não compartilhava do mesmo pensamento que a grande maioria.

Louis também era um grande engraçadinho, do tipo que encontrava humor até em momentos indevidos. A prova daquilo fora o infeliz acidente do dia em que, completamente bêbado, interrompeu o discurso de posse do prefeito para cantar em frente a centenas de pessoas.

Os moradores naquele lado da serra foram agraciados com o jovem cantando "Filho do Mato", ao menos quatro vezes seguidas. Para sorte de Louis, tinha uma ótima voz e muitos fãs.

Harry desgostava do modo como ele agia, tinha uma ideia fixa em sua mente, e muito difícil de ser mudada. Ele encarava Louis como um bruto garoto pouco romântico e demasiado interessado em noites sem compromisso, com gosto forte por embebedar-se de cachaça e ganhar dinheiro.

Não era alguém para Harry.

Sem dúvidas o maior desafio de Louis seria mudar a ideia formada por Harry sobre si.

Com a broa de milho enrolada em um pano, Louis caminhou por alguns minutos, descendo o pasto em direção a enorme construção onde os cavalos e éguas eram acomodados pela noite. Era mais seguro.

Theo parecia bastante concentrado, enquanto tratava de delicadamente limpar o casco de "Sol" a égua mais cara da fazenda. Havia sido um presente de Hector e Tatiana para Louis, quando o garoto completara seus dezesseis anos. Estavam juntos a pouco mais de cinco anos.

Louis tinha paixão por cavalos, diria que era seu animal favorito entre todos. Sempre foram seus companheiros de aventura, durante toda uma vida.

— Bom dia — limpou a garganta. Theo assustou-se, abandonando o que fazia para colocar a atenção em Louis. Sol relinchou, parecendo animar-se de imediato com a presença de seu companheiro mais fiel.

— Bom dia, patrão — o garoto acenou — estou terminando de limpar os cascos da Sol. Precisa de mim?

— Não precisa me chamar de "patrão".

Theo era um bom menino. Sua mãe trabalhava como cozinheira na fazenda. Seu pai havia falecido a alguns anos e Hector costumava lhe considerar um fiel amigo. A família Tomlinson possuía muito apreço pelo garoto e sua mãe.

— Acaso você vai na fazenda Terras Raras hoje? — perguntou.

— Pensei em ir depois do almoço. Eu tenho poucas tarefas hoje e acho que consigo fazer tudo agora de manhã.

— O que precisa fazer? — cruzou os braços. Torcia para que a broa de milho não esfriasse tanto.

— Limpar os cascos da Sol, conferir se aquela leitoa já teve os filhotes e depois alimentar os porcos.

— Eu deixo as suas tarefas com o Bruno. Termina de limpar os cascos, eu te dou uma carona até Terras Raras — Louis o disse, parecia decidido quanto aquilo e Theo não tinha certeza se deveria questioná-lo a respeito da proposta.

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