O grande salão se encontrava totalmente lotado. Nobres de todas as regiões da província se aglomeravam em meio ao banquete de boas-vindas para o príncipe Hector e sua comitiva. Ao fundo, músicos tocavam canções animadas e serviçais caminhavam com dificuldade entre os convidados para servir comida e bebida.
Susan estava lá, no meio deles, esperando por uma oportunidade. Próximo do trono, Hector e Bela conversavam com algumas pessoas influentes. O regente acompanhava de perto, interagindo por vez ou outra enquanto bebia um drink.
Se quisesse conversar com o príncipe, teria de ficar longe dos olhares de Zaoth. Ele certamente não aprovaria que uma serva falasse com o futuro herdeiro de Zordium no meio de uma grande festa repleta de nobres.
- Você ainda está com essa ideia louca de conversar com ele? - Perguntou Suli, chegando de repente.
Susan quase não escutou devido ao barulho.
- Preciso que você me ajude – ela disse no pé do ouvido da cozinheira.
Suli suspirou lentamente antes de revirar os olhos.
- O que quer que eu faça?
- Preciso que você distraia o regente, afastando-o do príncipe por alguns minutos. Será a deixa para eu ir falar com ele.
- Você fala isso como se fosse algo simples.
- Ah, dona Suli, vamos lá – Susan desferiu um olhar de súplica para a anciã. - O regente gosta muito da senhora, tenho certeza que distraí-lo não será tão difícil.
Suli colocou a mão esquerda na cintura e olhou com cautela para sua amiga.
- Ok, você venceu. Vou tentar. Mas me prometa que, se não der certo, irá esquecer tudo isso.
Com a mão livre, Susan abraçou a cozinheira rapidamente e deu um beijo em sua testa.
- Eu prometo, agora me ajude.
- Continue servindo os convidados. Se formos vistas conversando, seremos punidas – avisou a mulher.
Susan seguiu a recomendação e retornou ao trabalho. Ela segurava uma bandeja com bebidas e os oferecia e quem estivesse por perto. Seu foco, porém, repousava em Hector, que seguia conversando e tendo Zaoth na retaguarda. Após certo tempo, a jovem cerrou os olhos e demonstrou irritação diante da cena.
"Ele não vai sair dali nunca?"
Distraída, ela não percebeu que um homem estava a sua frente e esbarrou nas costas dele. As taças caíram no chão, quebrando-se imediatamente. O barulho logo atraiu a atenção dos outros e ela só conseguiu pensar em uma coisa:
"Estou acabada."
- Senhor, por favor me perdoe – Susan disse de prontidão, puxando um pano do vestido para limpar o convidado. - Cometi uma falha inadmissível, mas não se preocupe, vou resolver essa bagunça na sua roupa.
- Por favor, não se preocupe com isso, você com certeza não teve intenção. Poderia acontecer com qualquer um – o homem respondeu de forma serena, tranquilizando-a.
Susan se surpreendeu com a resposta, tanto que fez uma expressão confusa. Só então ela parou para observar quem estava à sua frente.
Um soldado, a julgar pelas roupas. Trajava o tradicional uniforme de guerreiro usado por membros de elite do reino. Tinha corpo esbelto, pele clara, cabelo negro desgrenhado e rosto relativamente jovem.
Passado o choque inicial, ela voltou a se desculpar.
- Mesmo assim peço perdão, eu deveria estar mais atenta. Acabei me distraindo e causando esse alvoroço. Deixe-me limpar seu uniforme.
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Floresta Setentrional
FantastikEste livro integra a série As Crônicas de Zordium, mas pode ser lido de maneira independente. A província de Pandorn vive momentos de incerteza. Humanos e ferais - animais dotados de razão - estão próximos de iniciar uma guerra civil. Enquanto o reg...