Capítulo 4

34 6 0
                                    

A festividade perdurou até o início da noite. Conforme o tempo passava, as pessoas iam deixando o local, fazendo com que o salão ficasse cada vez mais vazio. Próximo ao pôr do sol, Aubrey agiu – tendo ainda a ajuda de Suli – e conseguiu abrir caminho para que Susan chegasse em Hector.

O Veloz se aproximou de Zaoth e começou a conversar com ele de forma despretensiosa, especialmente sobre questões militares envolvendo Pandorn. Suli aproveitou o momento para avisar sobre um suposto problema na cozinha, levando o regente para fora do salão junto com Bela, que se prontificou a ajudar. Susan estava atenta e não perdeu tempo quando a oportunidade surgiu.

Hector estava claramente cansado depois de tanto tempo conversando com nobres e mais nobres. Tudo o que queria no momento era deixar o salão e aproveitar o restante do dia com sua noiva e quem sabe até conhecer um pouco mais da província.

- Vossa alteza deseja tomar mais um drink?

O príncipe olhou para a jovem serviçal que segurava uma bandeja com várias bebidas.

- Eu agradeço, mas já bebi o suficiente por hoje.

- Acho que o senhor poderia aceitar mais uma dose – disse Aubrey ao se aproximar de repente e pegar uma taça.

Hector encarou o Veloz com confusão no início, mas logo entendeu que esta era a serviçal que desejava conversar com ele longe dos olhares de Zaoth.

- Nesse caso, acho que mais um pouco de vinho não fará mal – ele anunciou dando um breve sorriso.

- Peço desculpas por estar tomando seu tempo, alteza – Susan tratou de se desculpar -, mas não poderia perder a oportunidade de fazer um pedido ao senhor.

- Se estiver ao meu alcance, ficarei muito feliz em ajudar.

- Para ser bem direta, eu sempre tive o sonho de ir até a capital e me estabelecer por lá. Contudo, não posso fazer isso se não tiver um emprego e um local para morar, então eu estive pensando se sua comitiva por acaso não precisa de uma empregada a mais que possa trabalhar dentro do Palácio Real.

Susan tentou parecer serena e confiante, mas a verdade é que seu corpo inteiro tremia. Ela estava conversando com o príncipe herdeiro de Zordium e pedindo um emprego a ele descaradamente.

Hector cerrou os olhos e ergueu as sobrancelhas. Ele não esperava por nada dessa natureza. Uma solicitação no mínimo curiosa.

"Pelos deuses, onde eu estava com a cabeça quando pensei nisso?", a jovem se indagou ao ver a expressão do príncipe.

- Quer saber, isso foi totalmente inadequado da minha parte – ela disse, arrependida. – O senhor deve ter tantas coisas importantes para se preocupar e está aqui ouvindo uma serviçal...

- Acalme-se, não precisa se desculpar – Hector tocou em seu ombro para tranquilizá-la. – É que eu não esperava por um pedido desses – admitiu. – Temo que não possa lhe dar uma resposta neste exato momento, mas prometo que vou considerar sua proposta. Tem minha palavra que não esquecerei, combinado?

- Ah, combinado, alteza. Muito obrigado por me ouvir – ela agradeceu fazendo uma breve reverência.

- O que está acontecendo aqui? – inquiriu uma voz distante, que se aproximava gradualmente.

- Não é nada. Estava apenas perguntando a ela como este vinho foi produzido – Hector disse mostrando a taça ainda cheia de líquido roxo para o regente.

- Você já não bebeu o suficiente por hoje? – Quis saber Bela, surgindo por trás de Zaoth.

- Bem mais do que deveria – o príncipe suspirou. – Se não fosse o vinho, certamente já teria deixado a festa rumo ao meu aposento.

Floresta SetentrionalOnde histórias criam vida. Descubra agora