A meia noite depois de algumas doses de Bourbon, decidi ir para o atelier dormir no sofá do escritório mesmo, só de pensar em ir pra casa de carro, decididamente não era uma boa ideia o atelier era mais perto e poderia ir andando, bem mais seguro, cheguei ao escritório e capotei, acordei com a Alice me chacoalhando.
_ O que foi Alice? Está maluca? O que é isso? Que horas são? _ Não existe nada pior do que ser acordado pela Alice, acordei meio tonto e assim que levantei, minha cabeça deu um giro de 160 graus, que dor de cabeça.
_Alice pode, por favor, falar mais baixo, minha cabeça está explodindo.
_A deve estar mesmo depois de uma garrafa de Bourbon, não sei como você não foi parar no hospital, sorte sua, ser só uma dor de cabeça, Mik você está um trapo, vai tomar um banho e...
_Alice, pausa, por favor, só por hoje fecha a matraca, vou tomar um banho.
_A, claro, a sua cara beber até quase ter uma overdose alcoólica e a Alice que tem que fechar a matraca, mas se não é a Alice pra cuidar, pra comprar aspirinas para o chefe ingrato, pra abrir o atelier queria ver o que seria do senhor Mikhael Willians...
Às vezes eu gostaria que a Alice tivesse botão de liga e desliga, e essa maldita dor de cabeça, e juro por Deus que ela deve ter uma bola de cristal onde vê tudo o que faço, de que outra maneira saberia que bebi Bourbon e que sequei uma garrafa, mas se tratando de Alice tudo é possível, e o fato é que ela cuida de mim como ninguém, como se fosse minha irmã mais velha, e com ela o melhor sempre é se render.
_ Está bem Alice, desculpe ainda bem que tenho você pra cuidar de mim, tomo a aspirina que você comprou assim que sair do banho.
Entrei no banheiro do meu escritório e liguei a ducha no máximo pra acordar e ver se passava um pouco da ressaca, ainda estava sentindo gosto de whisky, acho que bebi demais, mas estava tentando tirar de mim aquela sensação estranha que tomou posse de minha mente desde que vi a ruiva angelical no dia anterior, eu não era assim, nunca me encantava por ninguém, mas aquela mulher não saía da minha cabeça, ela disse que pagaria qualquer valor por minha exclusividade como pintor, mal sabia ela que nesse momento seria capaz de entregar meu atelier para tê-la como minha modelo, Deus eu deveria estar ficando louco, sai do banho e vesti a roupa que sempre deixava de reserva para ocasiões como essa, tomei a aspirina que a Alice tinha deixado com um copo de água em cima da minha mesa, dei uma olhado no relógio, já era passado das oito horas da manhã, fui organizar o estúdio antes que Alice resolvesse ter outro ataque, graças a Deus ela estava envolvida em atender um cliente, isso me daria tempo pra organizar o estúdio enquanto aguardava a chegada da ruiva.
...
Enquanto isso na suíte de luxo do Palace Hotel Eleonor Sammers nem imaginava que tinha despertado algo tão intenso no belo pintor que conhecerá no dia anterior, na verdade ela não tinha deixado de notar o quanto ele era bonito, olhos azuis, cabelos negros, boca carnuda e um corpo másculo com tudo no lugar, até a barba por fazer o deixava encantador, mas naquele momento o sentimento dela era só de alivio, pois Vincent seu marido tinha saído cedo sem se quer falar com ela, mal a tinha notado há dois dias e se tratando de Vincent Sammers isso era algo muito bom, aproveitou pra se arrumar tranquila e ir começar sua tela, e depois passar o dia gastando muito dinheiro em coisas que na maioria das vezes nunca usaria, mas tudo valia pra fugir do que era a vida dela, o casamento dela.
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Entre Pincel e Tinta
RomanceO dia tinha amanhecido com uma temperatura amena, um alivio depois de muitos dias de frio, eu estava aproveitando pra dar uma organizada em meu atelier, organizando minhas pinturas, deixando o local apresentável para os clientes, pois em dias ensola...