Entre Pincel e Tinta

Entre Pincel e Tinta -Parte 8

Todas as palavras me saíram da mente, tudo ficou confuso, não conseguia formar uma frase, fiquei ali parado a olhando sem saber o que fazer, vi Alice sair em direção ao quarto pelo canto do olho, e eu ainda mudo, não sabia o que fazer não sei como Eleonor parecia estar ainda mais linda, um novo brilho no olhar, então ela saiu do transe do choque do que me ouviu falar e sorriu, e mais uma vez meu coração deu um salto, será que seria sempre assim, será que aquela mulher seria sempre capaz de me fazer paralisar diante dela e só pensar em beijá-la.

_Foi sério Michael?

_ O que foi sério?

_O que você disse sobre me amar?

_Nunca falei tão sério em toda minha vida, estou apaixonado por você Eleonor.

_Nossa!

Decidi ser direto, não dava pra voltar atrás, nos sentamos no sofá, e conversamos abertamente pedi que contasse o que estava acontecendo e ela contou não me excluiu nem um detalhe, é horrível o que ela passou nas mãos de um monstro, lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto, só de imaginar todo o sofrimento dela, ela passou a ponta de seus dedos em meu rosto fazendo o caminho de minhas lágrimas, minha pele queimou com seu toque, queria amar Eleonor, queria que fosse minha de todas as maneiras, mas sabia que aquele coração tão machucado, aquela mulher tão barbaramente tratada precisava de tempo, sabia disso e seria o que ela precisasse amigo, guardião por que pra mim mais do que tudo importava protege-la, mantê-la segura.

_Gosto do jeito como você me olha, nunca ninguém me olhou assim.

_Assim como?

_Como se eu fosse única?

_Você é única.

_Michael nesse momento eu estou me sentindo aliviada e ao mesmo tempo espantada, com medo, sei que não estou segura, vai demorar muito tempo pra me sentir segura, pra não ficar o tempo todo olhando pela janela procurando pelos seguranças do Vincent, não sei como sair dessa situação, talvez tenha pouco tempo, talvez amanhã ele me encontre...

_Eleonor...

_Me deixe continuar, talvez amanhã ele me encontre, ou talvez não, talvez nunca me encontre, o fato é que decidi não viver refém desse medo, sinto algo por você, não sei explicar que sentimento é, mas não vou fugir dele, vou me entregar a esse sentimento e deixar tomar conta de mim, só espero que tenha paciência e me deixe sentir e descobrir que sentimento é esse, me de essa liberdade, me de tempo.

Agarrei-me aquele sentimento que surgia nela como um naufrago num pedaço de madeira. Naquele momento nossa história começou, tivemos uma noite agradável como amigos, Eleonor, Alice e eu assistimos filmes, comprei pizza para o jantar que comemos tomando cerveja gelada, tudo pra Eleonor era novo, com tudo ela se divertia, Alice e ela se davam muito bem, em pouco tempo pareciam melhores amigas, esse era um dom que minha querida e velha amiga tinha, o de ser uma grande e maravilhosa amiga. Sai tarde de lá, cheguei em casa quase uma da manhã, deitei na cama e só acordei quando já amanhecia. Sonhei a noite toda com Eleonor, um sonho perturbado nele podia ver o marido machucando ela e me sentia preso, não conseguia ajudar, tomei uma ducha gelada, um café bem quente, mas aquele sonho não me saia da cabeça, não conseguia imaginar como aquele homem o seu marido podia a tratar com tanta perversidade, quando eu já a tinha como meu tudo e seria capaz de mover céus e terra por um sorriso seu, um olhar.

Cheguei no atelier cedo, dei folga pra Alice aquele dia, pra duas se organizarem bem no apartamento da Alice, atendi alguns clientes, vendi algumas pinturas sempre com meu pensamento em minha ruiva amada, lá pelas dez da manhã entrou um homem, venho direto ao balcão onde eu atendia um cliente, aguardou até que o cliente estivesse saído do atelier, vi quando fez um sinal pra um homem de terno na porta, e o homem se postou na porta impedindo que as pessoas entrassem, ninguém ousaria o homem parecia mais um gorila de tão grande, de impressionar, o homem ficou em frente ao balcão.