Entre Pincel e Tinta-Parte 5

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E em meio a tintas e pincéis um sentimento começou a surgir, um sentimento único que fazia o coração de Mikhael e Eleonor bater no mesmo ritmo, pra Mikhael trazia felicidade, alegria, como o artista sonhador que era apesar de sempre dizer e agir de maneira contrária o fato é que lá no fundo sempre sonhará e até ansiara por um amor dessa magnitude, mas pra Eleonor era impossível, de maneira alguma podia se entregar a esse sentimento, pois sabia que não era dona de sua própria vida, e mais do que isso tinha medo, um medo que corroía sua alma, um medo que paralisava e que a fazia temer não só por ela, mas pelas pessoas que a rodeavam, ainda tinha viva em sua memória o que aconteceu com a ultima pessoa que tentou ajuda-la.

_No que está pensando? Perguntou Mik ainda a envolvendo em seus braços.

_Estou pensando em como é bom se sentir abraçada, há tanto tempo ninguém me abraça.

Sorrindo ainda com o rosto molhado de lágrimas, e se curvando diante dela tirando um chapéu imaginário da cabeça ele respondeu.

_Sempre que precisar disponha.

E assim voltou pra trás de seu cavalete, voltou a fazer os contornos de um rosto que nunca mais sairia de sua mente, e nem de seu coração, sabia que ela era casada, também sabia que o certo era se afastar, mas era um homem obstinado, e depois pra ele casamentos que não eram felizes não tinham porque continuar existindo, e bastava olhar nos olhos de sua ruiva pra saber que não era feliz.

_Você me disse que nunca chora, não estava falando sério, estava?

_Sim, verdade, eu nunca choro.

_Nunca mesmo, lendo um livro, vendo um filme, triste por algum motivo.

-Nunca, digamos que há muito tempo descobri que livros e filmes não são reais e que não importe o quanto eu chore, quantas lágrimas derrame, ainda assim minha vida não vai mudar nada nunca vai mudar, sou uma refém, preza em um cativeiro enfeitado de perolas, trancada em uma gaiola de ouro da qual nunca poderei sair.

_Ninguém nunca deveria se sentir assim, tão desmotivada, mas vou te contar um segredo. Eu choro, um bom livro me faz chorar, um bom filme, uma pessoa chorando me faz chorar, choro por tudo sou uma manteiga derretida.

E ali estava ela mais uma vez sorrindo alegre, mais uma vez se dando o luxo de esquecer sua própria vida.

_ Você não precisa ser tão simpático.

_Mas estou falando sério.

E as horas passaram rápidas, quando se deram conta já era quase hora do almoço, então Eleonor se despediu mesmo relutante por dentro em partir.

_Amanhã no mesmo horário.

_Sim respondeu ela, no mesmo horário.

E perdida naqueles olhos azuis Eleonor nem notou seu celular tocar na bolsa.

_Hum hum... Resmungou Alice tirando os dois do transi em que se encontravam.

_Até amanhã Alice, foi um prazer conhecer você, de verdade a achei um encanto.

_Viu Mik, alguém reconhece o quão encantadora sou.

Assim que Eleonor saiu pela porta Mik perguntou.

_Porque o resmungo, encantadora?

_Sem graça, porque achei que você iria perder toda a compostura que você não tem e agarrar a moça aqui mesmo na minha frente, e porque já são meio dia e quinze, e a Alice aqui já deveria estar em casa, mas foi esquecida atrás de um balcão por que o chefe apaixonado estava ocupado "babando" por certa ruiva e esqueceu a Alice atrás do balcão, e Alice como é uma pessoa encantadora ficou aguardando que ele parasse de "babar" e lembrasse, de sair daquele estúdio e enfim a encantadora Alice pudesse pegar o caminho de sua casa...

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