Halfblood: Noite Eterna

Mel Cruel - Mel

    Mel Levesque acordou se sentindo terrivelmente gostosa.

O dia do Homecoming começou cedo para a prole de Afrodite. Após acordar de uma noite animada no chalé de Ares, onde descobriu que suas filhas não são só boas de briga, Mel foi até os Campos de Morangos irritar alguns filhos de Deméter. Vide que irritar era, na verdade, um eufemismo para "usar". Mel adorava os fazer de cobaia enquanto treinava sua habilidade de encanto, o famoso "charme" característico das proles de Afrodite. Era bom pra colocar os homens nos lugares deles, abaixo dela... Em ambos os sentidos.

Mel estava sempre em progresso. Regressão não era e nunca poderia ser uma palavra existente no seu vocabulário, da mesma forma que derrotas também não tinham espaço. Mel raramente não tinha o que queria, e acredite, é um erro muito grande subestimá-la quando algo desperta seu interesse. Se ela quer, ela tem. Se ela não tiver, ela consegue.

A semideusa banhou-se sob o sol quente da praia dos fogos antes do anúncio de Quíron no anfiteatro. Seu cargo era de conselheira-chefe dos campistas, aquela que mediava a relação entre os chalés e promotora do consenso de decisões em reuniões importantes, Além disso, também era a porta-voz do conselho dos chalés à todo acampamento, tendo alcançado esse nível de liderança principalmente por suas proezas com o público. Sua eloquência sempre foi um talento natural, e quando se tratava de habilidade oral... ela dava aula.

Mel se bronzeou, buscando estar no auge da sua beleza com a chegada dos veteranos e de alguns novatos com potencial. Era necessário mostrar o porquê dela ser a representante, não? Roubar toda a atenção dos campistas para si era uma ótima forma de mostrar isso. Nesse quesito, faltavam reveses, mas as atenções indesejadas eram inevitáveis. Fadada a ser perseguida e adorada por rapazes desmiolados ou cabaços inimigos do charme. Eles sempre corriam atrás dela como se, de alguma forma, Mel fosse um tipo de padre pra fazer caridade. Ainda sim, havia aqueles que se mostravam dignos de sua atenção. Esses, sim, eram interessantes.

Após os anúncios de Quíron, Mel teve a oportunidade de apresentar o planejamento que ela mesmo o intercedeu e finalmente conseguiu dois dias de recesso. Os campistas foram à loucura, como sempre iam quando ela tomava a voz. Mimos pra Mel. Os aplausos, gritos em apoio e elogios sempre a agradaram. Estar numa posição de destaque fazia ela se sentir no lugar em que deveria estar. Pelo menos, por enquanto.

Os Semideuses se dispersaram após o discurso, e não diferente, Mel também tomou seu rumo. Ela queria conhecer melhor todos que haviam chegado, fossem novos rostos bonitos ou fossem velhos conhecidos de tempos passados.

Mel andava à esmo, sem muita pretensão. Ela desfilava graciosamente enquanto seus cabelos castanhos, que ganhavam um aspecto dourado devido ao sol, balançavam em contato com a leve brisa. Seu biquíni tingido de uma mistura de azul e roxo cobria apenas as partes necessárias, fazendo questão de expor seu corpo escultural. Se aproximar dela parecia até mesmo um sacrilégio.

De repente, durante a caminhada, um rapaz ao longe chama sua atenção. Corpo negro, estiloso, cabelos cacheados. Ele andava em passos firmes, como se estivesse estressado... Parecia ser interessante.

Ela seguiu o trajeto do rapaz, interessada em saber para onde o semideus ia. Quando sua caminhada não parou na área dos chalés e pareceu se aproximar da direção dos bosques, Mel ficou curiosa. O que será que ele tinha em mente? A fofoqueira que habitava em sua mente não descansava. Permanecendo atrás do garoto, manteve sua observação silenciosa, enquanto o mesmo cruzava as árvores até chegar às margens do riacho Zéfiro, o riacho que cortava a floresta internamente.

Ele checou os arredores para garantir que não havia ninguém ali, e Mel que não era boba não ia ser pega fácil assim. Ela colou o corpo em uma das árvores e voltou a brechar o rapaz que pra sua surpresa começou a... Socar árvores? Ele não era o rapaz mais fortão que ela já viu por aí, nem chegava a ser musculoso, parecia um grilinho. Ainda sim, o rapaz era determinado o suficiente para socar aquele pedaço de madeira sem medo... Que rapaz esquisito, hein. Mas era bonitinho.