Halfblood: Noite Eterna

Ego Frágil - Yeh

    Yeh precisava se provar.

A Jaula estava chegando e seria a oportunidade perfeita para mostrar sua capacidade. Ela passou um longo tempo renegando o acampamento, sempre muito apegada a mãe, a ideia de deixar Taiwan para viajar até a América soava perigoso, principalmente pra uma jovem de treze anos. Yeh era filha de Ares, e seu chalé não era o mais receptivo do acampamento. Diversas fugas fizeram parte de seu processo de adaptação, por isso, Yeh nunca criou conexões durante muito tempo. Tudo que ela mais queria era voltar para sua terra, mas era complicado quando os arredores de Long Island estavam lotados de monstros famintos por pessoas como ela.

Aos 16, Yeh percebeu que se fortalecer no acampamento poderia ser vital para que a semideusa fosse livre para visitar sua mãe sem tropeçar em empousas e Equidnas pelo caminho. Talvez fosse o momento de encarar um local que parecia tão hostil a ela e finalmente enfrentar de frente um novo desafio. Essa temporada de verão seria diferente para ela, pelo menos ela iria tentar passar um ano sem fugir de tudo e aguentar as saudades.

Quando Yeh acordou, já esperava encontrar uma bagunça. O chalé 5 geralmente era barulhento, as proles do deus da guerra não eram fãs de etiqueta, o que não era uma regra geral, no entanto, não era calúnia afirmar isso. Haviam dois quartos paralelos no segundo andar do chalé, e os colegas de cômodo dela eram os mais indisciplinados do batalhão, ela odiava aqueles caras. Inclusive, ela também odiava o fato das maioria das meninas dormirem no outro quarto, se bem que, independente do quarto, ela seria tratada da mesma forma...

Yeh arrumou para trás seus longos cabelos negros e ondulados que fluiam sobre seu corpo a ponto de cobrir seus ombros e tentou sair de seu beliche o mais rápido possível, mas assim que levantou, notou algo de diferente. O chalé estava vazio. Estava atrasada. Ela tentou tomar um banho o mais rápido possível e vestiu uma camisa preta com um shortinho jeans antes de arrumar sua cama para sair.

Passando pelos corredores de madeira rústica do segundo andar, Yeh desceu as escadas e passou rápido pela sala comunal até deixar o chalé. Ela esperava que o símbolo de Ares, a cabeça de Javali exposta na fachada do chalé, a abençoasse, já que ela acordou com o pé esquerdo. Felizmente, ela avistou alguns semideuses pelo caminho, o que significava que ainda não era tarde demais.

Um puxão de cabelo repentino fez ela tomar um susto e virar para trás pronta para desferir um soco em quem estivesse em suas costas, mas não havia ninguém atrás dela. Uma suave cócega em sua perna a fez notar um jovem e esguio gato loiro passando pelo meio das suas pernas. Ele sentou, olhou para cima e ronronou, fazendo uma feição fofinha. Ela prontamente se afastou um passo e deu uma bicuda no gato, jogando ele na parede de madeira da varanda do chalé de hermes, rapidamente forçando ele a voltar a virar um garoto sardento de cabelos curtos e despenteados em tonalidade castanho-escura e jaqueta jeans.

– Qual é, você vai chutar um GATO? Que tipo de monstra maltrata gatos?

– Quando o gato é você, fica bem fácil. E como eu te conheço, Jimmy, não me restaram dúvidas que era mais uma das suas meninices.

– Então você me acha um gatinho, é?

Jimmy fez uma carinha galanteadora e abriu um biquinho.

– Pirralho, tu tem 14 anos, deveria estar no fundamental ainda.

– E você não?

– Eu deveria estar no ensino médio, tá? Eu sei que sou linda e tudo mais, mas procure meninas da sua idade.

Ele dá uma risada para caçoar de Yeh.

– Claro, grande diferença. Pra sua informação, galã é meu sobrenome nesse acampamento, já o "Jimmy", é só pras mais íntimas...