Dor e saudade

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Diogo

Acordo triste no dia seguinte depois de ter sonhado a noite inteira com o meu pai. Abro os olhos e lembro que dia é hoje:o aniversário dele. Se João Nogueira estivesse vivo completaria setenta e nove anos de puro samba e amor. Eu o amava tanto,ou melhor,eu o amo tanto. Nada nesse mundo pode me fazer esquecer de todas as coisas bonitas que o meu pai me ensinou e por mais que dezenove anos tenham sido pouco pra viver ao lado dele eu sou grato por poder ser conhecido como seu filho. 

Me sento na cama e olho ao redor do quarto em busca da Paolla mas pelo visto ela já levantou. Aproveito pra ficar refletindo em silêncio sobre a minha vida e a saudade que sinto do meu maior ídolo nesse mundo. Fecho os olhos e a imagem do meu pai me veem a memória e meu peito chega a doer de tanta vontade que eu sinto de tê-lo aqui perto de mim não só hoje mas todos os dias da minha vida. 

Eu contaria da minha flor de caña pra ele e com certeza ele diria que ela é a mulher da minha vida sem eu nem precisar falar. Eu teria a bênção dele pra casar com ela e com certeza daria seu nome se tivéssemos um menininho no futuro. Eu dividiria com ele as minhas dores e não que eu não faça isso com a minha mãe porque eu também a amo mais que tudo só que meu pai e eu tínhamos a nossa coisa,éramos melhores amigos. 

Sou despertado de todos esses pensamentos quando a porta do quarto é aberta e a namorada mais linda desse mundo entra com uma bandeja de café da manhã linda e recheada de coisas gostosas. Ela senta a minha frente e coloca a bandeja entre nós dois me olhando com carinho. 

- Bom dia,meu amor. 

- Bom dia,a que se deve esse café da manhã na cama? 

- A você. - Ela diz dando de ombros e sorrio - Sei que hoje não é um dia fácil então resolvi te trazer esse mimo. 

- Como sabe de hoje? - Pergunto confuso e ela faz mistério - Quem te contou? 

- Um passarinho verde chamado Clarisse vulgo sua irmã. - Ela fala de um jeito engraçado e começo a rir - Ela disse também que vocês sempre se reúnem nessa data e eu ofereci minha casa dessa vez. Todos vão vir pra cá,inclusive o Davi. 

- Obrigado, - É a única coisa que eu consigo dizer emocionado - Já fazem mais de vinte anos que ele se foi e eu sempre sinto a mesma coisa quando esse dia chega. 

- É normal minha vida,ele era seu pai. - Ela fala me dando um morango na boca - Eu não sei o que faria se perdesse o meu,você é muito forte! 

- Você também é,eu lembro como ficou quando perdeu seu padrinho. - Digo e sei que toquei numa ferida aberta porque ela abaixa a cabeça - Você poderia ter desistido de dançar mas não,você foi até o fim e ganhou aquela competição. Você que é forte! 

- Mas quem tava lá me ajudando?Me colocando pra cima?Me dando um ombro pra chorar?Você. - Ela fala com lágrimas nos olhos e os meus também estão assim - Toda a minha força pra vencer aquilo tudo veio muito de você por isso agora eu quero ser essa força pra você,eu quero te apoiar em tudo e se você quiser chorar o meu ombro está bem aqui.

E então eu saio de onde estou pra poder abraçar ela. Nós dois ficamos de pé grudados por longos minutos. Eu choro de saudade no ombro dela e ela também chora,não sei se por causa do meu choro ou porque ela também precisava desse momento pra colocar algumas coisas pra fora. Aperto seu corpo no meu e a sensação de tê-la tão perto e tão disponível pra ser minha âncora quando eu mais precisar me deixa mais emocionado ainda,emocionado e grato,muito grato por sinal. 

Nos afastamos depois de um tempo e ela faz questão de enxugar todas as minhas lágrimas e me dar um beijo carinhoso nos lábios antes da gente voltar a sentar na cama e comer em silêncio. Quando já estamos satisfeitos ela afasta a bandeja de nós e senta no meu colo pra fazer um carinho na minha orelha. 

A Flor e o Furacão🌺🌪Onde histórias criam vida. Descubra agora