Entre os Dois Mafiosos

04.

Minhas pálpebras lentamente se abrem, até eu encarar o teto.

Cheguei no céu?

Estou deitada em um lugar macio demais pra ser a minha cama. Tento me levantar, mas parece que passou um caminhão por cima de mim.

Onde eu estou? Aqui não é o meu quarto. Na verdade, é no mínimo quatro vezes maior.

Tem diversas janelas enormes que dão uma vista de toda a cidade. Sempre quis morar em um lugar assim.

Ainda está escuro, e o brilho da noite me fascina. É o meu período do dia favorito.

Parece que estou numa espécie de cobertura. Tudo aqui parece tão caro que tenho medo até de respirar e quebrar alguma coisa.

Nem se eu passasse a vida toda trabalhando poderia.

No canto do cômodo, tem um lindo piano preto. Definitivamente algo que teria no meu céu. Eu gostava tanto de tocar antigamente.

Antes daquilo tudo acontecer...

No outro canto, em um armário, tem uma coleção de vinhos e whisky's. Não conheço o nome da maioria, mas parecem muito bons.

Por que teria esse tipo de coisa no céu? Eu também não deveria estar sentindo tanta dor.

— Que paraíso... peculiar. - Falo

— Sua devoção por mim é linda, querida. — Uma voz rouca diz

Viro minha cabeça e solto um grito quando vejo meu chefe, Romano, parado na porta com os braços cruzados.

Ele está usando apenas uma calça cinza de moletom. As tatuagens no seu peitoral agora todas em evidência, o que só ressalta a beleza do corpo dele.

O cabelo molhado cai pela testa e seu rosto continua intimidador e penetrante.

Parece mesmo que foi escupido diretamente pelas mãos de uma divindade.

— O que você está fazendo aqui?

— Essa é a minha casa. — Responde, como se eu tivesse feiro a pergunta mais idiota do mundo

Acho que eu estou em coma e delirando.

Mas por que eu sonharia logo com ele?

— Gosta do que vê? - Ele pergunta enquanto vem em direção a mim

—Sim... — Respondo sem pensar, ainda afetada por essa visão.

Não importa mesmo o que eu falar, já que nada disso é real.

Ele para na minha frente e coloca as mãos no meu queixo, me fazendo olhar diretamente pra ele. O toque realista demais é como um balde de água fria.

Eu não estou dormindo?

— Eu sei que sou atraente demais pra ser desse mundo, mas não acho que eu seja tão santo assim, amor.