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Maya Abdala

Já se passaram duas semanas desde que visitei minha mãe no hospital. Ela está um pouco melhor do que antes, mas não boa o suficiente. Isso está me enlouquecendo.

Ainda tem o homem misterioso que vi quando estava saindo da casa de Nora. Fiquei com muito medo. Saí correndo e me tranquei dentro de casa, não saí mais desde então. Pode ser só paranoia minha, mas nunca se sabe.

— May, você está bem? — Nora sussurra, olhando de relance para mim.

— Estou sim. — Sussurro de volta.

— Então, alunos, essa foi a aula de hoje. Peço que estudem esse conteúdo para a prova. Até a próxima aula. — Ouço Ryder falar e viro-me imediatamente para frente.

— Droga, a prova! — Digo para mim mesma, recolhendo minhas coisas da mesa.

— Maya, acho que você está fudida. — Nora debocha de mim.

— A sério? — Abro um sorriso forçado.

— Acho que para passar, você vai ter que dar pro professor. — Ela solta uma risada.

— Nora, eu já te disse que te odeio? — Levanto-me da cadeira e fico em sua frente, esperando que ela faça o mesmo.

Ela se levanta, e vamos em direção à porta. Quando estou prestes a sair da sala, Ryder me chama:

— Maya, preciso falar com você. — Ele está em pé, com as mãos nos bolsos de sua calça jeans preta, olhando para mim.

— Claro. — Viro o rosto em sua direção. — Vai lá, daqui a pouco te encontro no refeitório. — Digo para Nora, que acena e logo desaparece pelo corredor.

Ryder vem em minha direção, passando por mim para fechar a porta. Vou até uma mesa, encostando minha bunda sobre ela.

— Estou preocupado com você, Maya. Não tem prestado atenção nas aulas, sempre que olho para você, parece estar no mundo da lua. Você sempre foi uma aluna excelente, o que está acontecendo?— Caminha e para bem na minha frente.

— Eu só estou com alguns problemas, nada demais. Juro que vou mudar. Só… — Simplesmente desisto de tentar me explicar.

Ryder fica me olhando por alguns segundos, sua expressão é indecifrável. Ele me analisa de cima a baixo.

— Ok. Desculpa, eu só tenho que cuidar do meu irmão. Tenho que mentir sobre minha mãe estar bem. Tenho que cuidar da casa e ainda conseguir manter minha média boa na escola. Eu só… — Começo a piscar várias vezes para afastar algumas lágrimas. Mas a tentativa é falha.

Ryder se aproxima de mim e me abraça. Começo a chorar descontroladamente. Me sinto segura aqui. Sinto que posso carregar o mundo em meus braços. Ele apoia o queixo na minha cabeça e acaricia minhas costas delicadamente.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu não consigo parar de chorar. Acho que eu realmente desabei, tenho que fingir que sou forte o tempo inteiro. "Não demonstre sentimentos demais, isso pode ser prejudicial." "Não chore, chorar é para fracos." "Você precisa ser forte, por mim e pelo seu irmão." Sempre que penso em desmoronar, lembro das palavras de mamãe.

Me afasto um pouco, ele parece não gostar da ideia.

— Desculpa. — Dou um sorriso nada convincente, enxugando as lágrimas com as costas das mãos. — Eu molhei toda sua blusa. — Aponto para o pano preto todo molhado.

— Está tudo bem. — Dá um sorriso reconfortante. — Você está se sentindo melhor?

— É, às vezes é bom ter um colo para chorar.

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