SE EXISTE UMA PESSOA que consegue me tirar do sério, ela se chama Carlos Sainz Jr.
Massageio as têmporas enquanto jogo a cabeça para trás tentando aliviar a enxaqueca formada após as imagens que chegaram no meu e-mail junto a matéria de um site de fofoca.
| Piloto da ferrari é visto em uma boate rodeado de mulheres semi-nuas. |
Em outra vida, devo ter cometido um pecado muito grande ou um crime absurdo para estar pagando tão caro nessa.
A ligação da assessoria que recebi naquela manhã jogou a bomba no colo e saiu de cena. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei ser RP de piloto problemático? Para ser mais específica, a minha função é gerenciar crises na carreira do bonitão.
Não fazia nem um mês que precisei apagar o incêndio que se alastrou pela internet com o rumor de que ele teria um filho — e sendo bem sincera, não duvidei nem um pouquinho dessa possibilidade. —, e agora essa!
Ouço o toque do meu celular e praguejo, mas ler o nome da minha amiga no visor despejou alívio em meu peito.
— Oi, Ally!
— Parece que seu piloto andou aprontando. Pobrezinha.
— Ele é um idiota! — Suspiro. — Me ligou só pra saber da fofoca ou para rir da minha cara?
— Deixa o rapaz se divertir. E sim, só queria saber se a fofoca era verdadeira, mas pelo seu estado de espírito nem preciso que confirme.
Ela estava mesmo rindo da minha desgraça.
— Ele pode se divertir a vontade, Ally, desde que saiba esconder bem as merdas que faz. Sabe de uma coisa? Eu deveria ser RP do Lewis Hamilton! Esse sabe comer quietinho. Vê se sai alguma polêmica dele por aí?
— Agora né? Nem sempre foi assim.
Deixo um riso nasalado sair. Ela tinha razão e talvez, eu devesse criar um contrato confidencial para meu piloto cafajeste.
— Tenho que desligar, Ally! Preciso apagar mais esse incêndio antes que comecem a questionar a competência do meu trabalho. Até.
Ouço Alyssa se despedindo e volto a me concentrar no que fazer. Cravo os dedos entre os fios castanhos do meu cabelo preso em um coque frouxo e com frustração reviro os olhos. Pensa, pensa, pensa. Não chegaria a lugar nenhum dessa forma, acho que preciso ter uma conversinha com o Carlos.
Maldita hora que não escolhi vender flores com a tia Mayze.
(...)