O Amor Venceu (kelmiro)

Capítulo 3

Mas como nem tudo são flores, após quase um ano de namoro, o jovem casal é surpreendido por Dona Carmem, a senhora de sorriso encantador e mãe de Ramiro. A mais velha havia conseguido comprar uma passagem de ônibus até Nova Primavera e finalmente iria rever o filho que há tempos não conseguia ir até o interior ver a mãe.

Logo que Dona Carmem chega à cidade, pergunta na pousada onde poderia encontrar "um rapaz moreno que se chamava Ramiro", Nina por sua vez diz que a doce senhora poderia encontrar o peão na fazenda dos La Selva, mas que por conta do horário era mais provável que o encontrasse no bar. Dona Carmem estranhou a jovem ser tão especifica na localização do filho, mas não falou nada, poderia perguntar o porquê quando encontrasse o seu "menino".

Nina ensina o caminho que a senhora teria que seguir até chegar ao bar, e a doce velha a agradece com um sorriso gentil, estava animada, finalmente iria ver seu adorado filho, seria uma grande surpresa, afinal, mesmo depois de anos que o mesmo morava em Nova Primavera, era a primeira vez que conseguia dinheiro o suficiente para viajar até a cidade – não valia a pena traze-la consigo quando Ramiro ia visita-la pois seria um gasto a mais quando a doce senhora tivesse que retornar até sua casa – Dona Carmem segue até o local que fora ensinada a ir, apesar de morar no interior, a senhora sabia falar muito bem, sabia ler e escrever e não se permitiria se perder naquela cidade só por ser muito maior do que o interior onde morava.

Chegando ao bar, dona Carmem logo avista o moreno... Grudado com um ser pequenininho e ruivo que a mesma não sabia dizer se era homem ou mulher.

Ramiro estava de costas para as portas do bar, dançando feliz com seu namorado, nesse quase um ano Ramiro havia perdido o medo do que as pessoas podiam falar dele e de seu amor, já se sentia confiante o suficiente para pequenas demonstrações de afeto em publico, nada muito exagerado é claro, mas pequenos gestos como abraçar, segurar as mãos, e dançar juntos já eram gestos cotidianos do jovem casal que demonstrava cada vez mais estar apaixonado e feliz.

— Ramiro meu filho, é você?

Naquele instante Ramiro podia jurar que viu sua vida inteira passar diante de seus olhos, não podia ser verdade! Conhecia aquela voz, como não conheceria? O moreno então solta Kelvin e se vira devagar em direção à voz que o havia chamado, implorando para sua santinha que estivesse ficando louco, que nada daquilo não tivesse passado de alucinação, podia crer que estava bêbado, mesmo que não tivesse tomado nenhum gole de bebida naquela noite.

— Mãe? O qui a sinhora tá fazeno aqui? Como qui a sinhora tá aqui?

Luana estava próxima ao corredor que dava acesso aos quartos do bar rapidamente se junta a Rodrigo e pede para que Kelvin, Ramiro e Dona Carmem fossem todos com eles até uma sala mais reservada para que pudessem conversar e para a senhora poder deixar sua pequena mala enquanto descansava um pouco, pois era visível que a caminhada até ali havia deixado a mais velha cansada.

Os cinco chegaram até a sala onde uma vez Kelvin e Ramiro em outro momento haviam discutido o futuro de Raimunda, quando a mesma estava ameaçando o capataz em troca do seu silencio. O silencio estava sendo ensurdecedor, o clima estava extremamente pesado, o medo era nítido no olhar de Kelvin e Ramiro. A única certeza que tinham é que independente do final daquela conversa permaneceriam juntos. Não havia possibilidade de se separarem, não quando tudo que haviam feito de "errado" era serem felizes da forma que eram.

Naquele tempo em que Kelvin e Ramiro estavam namorando, o jovem casal havia percebido que Ramiro nunca gostou de mulher realmente, sempre fora gay, mas nunca soube entender os próprios sentimentos, mas com o menor ao seu lado, fora o suficiente para que entendesse e aceitasse o que realmente era, mesmo que em conversas hipotéticas e sem nenhum valor real, o mesmo afirmasse que se acontecesse algo e Kelvin não o quisesse mais, nunca mais iria se relacionar com ninguém, seja ele homem ou mulher. Claro que Kelvin sempre tirava essa ideia boba da cabeça do mais velho, mas constantemente Ramiro fazia questão de deixar claro que Kelvin era a única pessoa nesse mundo todo que ele gostaria de estar, que seria capaz de fazê-lo feliz.