Te devo uma - Narusasu

Verdades e quedas

Revisado ✅

Capítulo 15 — Verdades e quedas

Sasuke estava tendo uma semana péssima.

Porque infelizmente ele se deixa levar muito fácil pelas coisas que o pai fala, então estava pirando tentando bolar uma apresentação. Em tese era tudo muito fácil, ele tinha domínio do conteúdo e confiava na proposta que ia ser apresentada. Só tinha um pequeno porém.

O público.

Suspirou pela milésima vez.

— Então está querendo provar algo para seu pai de novo? Passo alguns dias sem te ver e você regride dessa forma, senhor Uchiha? — bronqueou Kaguya. — Está indo bem, trabalhando, fazendo amizades, saindo e até namorando. Seu pai e a pressão dele em você estão no passado.

— Não estou namorando com o Naruto.

— Ah, é. Morar com ele, se apaixonar, ficarem juntos, dúvidas e dúvidas e adivinha? Dúvidas. Mentir para a mãe dele. Nossa, sua vida não é nada chata. Pelo menos amorosamente falando.

Kaguya estava bem engraçadinha. Tudo bem que ela não precisava ser super séria, mas também o lado comediante não estava indo bem. Sasuke estava nervoso e, mesmo de longe, dava para notar o movimento frenético que fazia balançando a caneta entre os dedos. Estava agitado, parecia que tinha comido todos os sacos de jujubas com Naruto.

Ah, droga!
Tinha pensado nele de novo.

— Eu não quero gostar dele.

— Querer não é poder, xuxu — Kaguya sorriu e arrumou uma mecha de cabelo branquíssimo. — Qual o problema de gostar dele? Ele é feio? Tem mau hálito? Te trata mal?

— Não para todos. Ele é incrível, uma pessoa maravilhosa, todo mundo se sente bem ao lado dele. Parece estar irradiando luz, não sei, isso foi bem brega na verdade. Enfim, o Naruto é perfeito.

— Nossa, se ele é tudo isso e ainda tá arrumando defeito, então você é mesmo exigente.

— Não é isso, Kaguya. Olha o que eu sou, tenho medo de conversar com as pessoas, nem consigo olhar nos olhos dela. O Naruto quando chega parece que toma conta do ambiente, sacou? Literalmente a alegria da festa. E eu odeio festas.

Respirou fundo, precisava fazê-la entender direitinho. Kaguya era racional até demais, sua mente afiada fazia Sasuke confiar nela completamente, ajudava a pensar melhor, por outros pontos de vista. Embora a mulher sempre tenha o mesmo discurso de "você não precisa fazer com que acredite em nada, está aqui para se auto-consultar".

— E... também ele saiu com várias mulheres, eu perguntei a Karin. Eram lindas, médicas, bem sucedidas. E eu?

— Lindo, rico e bem sucedido — pontuou. — O Naruto não queria sair com alguém forçado, veja só, é um saco mesmo sua mãe ficar te apresentando gente porque não acredita que pode se virar. Isso não quer dizer que o seu cozinheiro não queira um relacionamento sério.

— Meu cozinheiro?

Kaguya o ignorou e continuou:

— Você ainda se acha inadequado demais, então é melhor culpar qualquer outra situação do que admitir que tem medo dos seus sentimentos. Nunca se apaixonou de verdade por alguém antes, está confuso. Acredita que o Naruto não pode perceber que é uma pessoa incrível e não se aproximaria de você se não fosse por pena, ou pelo que seu irmão pediu, mas a situação não é essa.

A mulher pediu uma pausa e bebeu um pouco de água, geralmente era o Uchiha que dominava a sessão contando todas as suas angústias e o local de fala da terapeuta era bem restrito. Mas o que poderia fazer? Parecia que os sentimentos que não podia falar para ninguém estavam sempre pertinho de transbordar e, quando a sessão chegava, caia a última gota.