Deja vu - San

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   Eram 08:15 da manhã e como costume foi a biblioteca pegar outro livro. Passo antes na cafeteria pois ainda não tinha tomado café, mesmo não querendo já que lá é meu local de trabalho.
  - Bom dia! - cumprimento o bibliotecário
- Bom dia senhorita!
- Vim escolher outro livro ok?
- A vontade!
  Tinha lido A Irmandade da Adaga Negra, Amante sombrio. Agora quero pegar algo parecido novamente com romance e ficção juntos.
   Vejo a capa de um livro que era pra mim linda demais. Já tinha escutado falar desse livro e todos falaram muito bem. Abro em uma página qualquer  " Aquela chuva, os trovões ainda me lembravam você. O frio que dá em meu corpo... isso parece um ". Fecho o livro e minha respiração se torna forte, meu coração acelera e me vem borboletas no estômago. Essa sensação, isso parece um... Déjà vu? Essa cena já me aconteceu antes e o livro me fez lembrar dela, o que eu tô tentando não lembrar a um bom tempo mas tudo me encaminha a ele de novo.
   Volto a recepção, assino a ficha e levo o livro comigo pra casa. Chegando lá tomo um banho, troco de roupa colocando a do trabalho e como um omelete.
  Abro meu celular
- Oii amiga, bom dia
- Oiie! Como vc tá?
- Tudo bem, indo pro serviço ( infelizmente)
- Vamo sair hoje? O que você acha?
- Aí, eu peguei um livro novo hj, queria ficar lendo kkjj
- AH NAO! Não escutei isso não né? Aff S/N, para de ser assim. Vou pra sua casa as 20 da noite pode ser?
- Aff, tá ne, mas vamos pra onde?
- Balada? Barzinho? Andar a toa?
- Andar a toa e depois pra algum lugar kkk
- Blz! Fica lindona tá? Pq da última vez que a gente saiu vc ficou super na bad. Eu sei o pq mas vc tem que pegar outros caras. Os mais lindos querem você aqui.
- É, Estados Unidos ta cheio de homens maravilhosos eu sei mas sabe que eu ainda me lembro de um... ele era diferente
- Claro, era asiatico, por isso era diferente. Supera amg, foi só um ficante que não deu em nada. Só pq a foda era boa não significa nada. Bjsss
- Vc não consegue entender masss deixa bjss
  Vejo o horário e já tava na hora de ir pro serviço.
Chegando lá já tinha uma fila enorme me aguardando pra fazer pedido.
  - S/N, hoje se puder fazer hora extra... eu agradeço.
  - Marilyn, hoje eu não vou poder pq eu tenho compromisso às 20 entende?
- Então as 19:55 você termina o trabalho. Tô saindo, tchau!
- Ridícula- penso baixo
  Marilyn era a nossa patroa mas ela era extremamente rude. Eu saio daqui as 18 horas mas fico quase todo dia até as 20. Ela me paga a hora extra mas é tao pouco que nem compensa, so fico aqui mesmo por comodismo acho ou então ainda a esperança de voltar como nos velhos tempos em que eu via a pessoa que ta no meu coração todos os dias aqui. A fila vai diminuindo e eu vou ajudando em outras partes da cafeteria.
  O tempo começa a nublar e a ventar também. Gatilho que eu não queria. Minha mente na mesma hora trás a tristeza e meu corpo fica fraco junto por lembranças. Era sempre esse tempo do ano passado, nessa época que eu conheci ele. Pq me dói tanto ter perdido ele? Pq ele não tá mais aqui? E o pior disso tudo é não ter um por que.
  - S/N, o café! - George grita e eu olho a xicara na minha mão derrubando café pra todo lado.
  - MEU DEUS! ME DESCULPA
  Saio correndo atrás de um pano de chão pra limpar e pego outro xicara levando o café pra mulher que havia pedido.
- Tá com a cabeça nas nuvens hein minha filha?
- Nossa, me perdi nos pensamentos George kkk
   Começa a chover e a cafeteria começa a encher de pessoas esperando a tempestade passar. Me lembro uma vez que o Adam Sandler parou aqui na cafeteria pra esperar a chuva passar. Tiramos fotos, preparamos waffles pra ele igual no filme da Lucy, foi muito legal.
  Pego alguns donuts pro meu almoço e pego um café. Sento em uma mesa vazia. Começo a comer enquanto coloco uma música no fone.
   Deito minha cabeça sobre meu braço pra tentar tirar um cochilo já q eu tinha 1 hora de almoço ainda restante. Acabo sonhando com tempestade, choro e chuva.
  Sinto uma mão em meus ombros tentando me acordar do sonho que agora era pesadelo já que eu não conseguia sair do lugar mas consigo acordar e dou um pulo. Todos ao redor me olham assustado. Eu estava chorando pelo sonho.
   Viro meu rosto procurando de quem eram aquelas mãos em meus ombros. Aquele cheiro, aqueles dedos... meus olhos se enchem de água novamente e minhas mãos começam a tremer. Não podia ser.
- A chuva ta vindo em você, cuidado.
  Eu ainda tava meio paralisada olhando pra ele
- Você tá chorando? O que houve? S/N, você tá bem? - ele se agacha pra olhar mais de perto o meu rosto e enxuga minhas lágrimas
  - S-San?- engulo o restante do choro e   puxo uma cadeira pra ele
  - Pq você tá chorando?
  - O que você tá fazendo aqui? Não pode ser. É ainda meu sonho?
- Você tava sonhando comigo? - ele sorri - você não me respondeu ainda
- Pq você tá falando comigo como se tivesse tudo bem? Você não tem noção das coisas?
   - S/N - um trovão muito barulhento ressoa e eu me assusto. San me puxa pela cadeira pra perto dele
  - Você não devia mais falar comigo. Pq você me desprezou assim?
  - Eu nunca te desprezei, eu nunca me esqueci de você
  - Então pq me abandonou assim? Melhor, a gente não tinha nada, não éramos nada não é?
  - Não fala isso, você sabe que a gente era. Tudo o que a gente passou junto, nada foi a toa. Mas esses tempos foram tão turbulentos pra mim, eu não pude me justificar com você. Mas eu sentia sua falta todos os dias, eu juro por Deus, por tudo que há de mais sagrado. Por favor, olhe em meus olhos
   San coloca sua mão em meu queijo e sobe levemente minha cabeça, fazendo meus olhos contatarem os dele. Aquele maldito olhar, aquele maldito sentimento, pqp.
  - Você podia só ter mandando uma mensagem falando que tava passando por momentos difíceis mas não, você quis simplesmente me esquecer do dia pra noite. Você sabe o quanto eu... nada.
  - O quanto você gosta de mim? Eu sei.
- Seu convenci -
- O mesmo tanto que eu gosto de você.
   Naquele momento meu coração fica pesado e a chuva que tava forte parece abaixar um pouco, revelando mais suas palavras.
  - Você não sabe mesmo o tanto eu sofri S/N. Meus pais me obrigaram a voltar pra Coreia, meu trabalho, minha vida tudo era horrível lá. Todas as pessoas lá são infelizes, não sabem a felicidade o que é. E que até mesmo um dia chuvoso e nublado que era tão dramático aqui era 3x pior e horrível lá. Só me doía ficar longe de você, dos seus beijos, das nossas noites e dias. De estar aqui, em casa.
  - Pq você não me falou San? - começo a chorar - doía tanto em mim, tanto ao ponto de querer arrancar minha alma. Ao mesmo tempo que o tempo todo me vinha a sensação de que você ia voltar ou aquele momento ia voltar.
  - Eu quero tanto que isso volte. Nós nao eramos so ficantes ou so algo casual, voce era muito mais pra mim. Me perdoa S/N, eu te quero tanto mais tanto de volta.
   San coloca sua testa sobre a minha e começa a chorar também. Eu não sabia o que fazer, eu simplesmente não podia falar nada naquele momento. Como saber se tudo isso era verdade de San? Antes de ficar com ele todas minhas amigas diziam que ele não prestava muito.
  - Eu preciso pensar - me levanto da cadeira - por favor...
  - Eu espero que nada atrapalhe ainda mais a gente. Por favor S/N, me manda uma mensagem. Não quero nos perder, nunca mais.
   Me viro pra janela e ele sai dali. Vejo pelo vidro ele entrar em um taxi antes passando pela chuva e me olhando chorando.
  Pego o papel que ele tinha deixado ali. Era seu número novo. Guardo no meu bolso e volto ao trabalho.
   
  20:30 PM

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