POV CAMILA CABELLO
Acordei ainda com sono por não ter conseguido descansar bem, obviamente depois da situação não consegui fazer mais nada, tomei apenas um banho gelado e me enfiei nas cobertas para tentar recuperar minha dignidade. Levanto e vou direto ao banheiro, faço minha higiene pessoal e me banho rapidamente. Escolho uma calça social branca com uma camisa do mesmo modelo e cor, calço meus saltos pretos e amarro meu cabelo em um rabo de cavalo deixando apenas minha franjinha solta. Respiro fundo ao pegar minha bolsa e verificar às horas, são 6h da manhã, torço internamente para não esbarrar com os olhos verdes de ontem à noite. Pego meu jaleco e minha maleta de instrumentais e abro a porta do quarto pronta para fugir da minha própria casa e me esconder no meu trabalho...
Desci a escada tão devagar que foi impossível ouvir meus saltos a cada degrau, suspiro aliviada por ter conseguido escapar e assim que entro na cozinha encontro ela sentada no banco e bebericando seu café enquanto analisa meu comportamento, sem demonstrar nenhuma expressão no seu maldito rosto lindo. Endireito minha postura e coloco a bolsa e a maleta em cima do balcão, caminho até a geladeira e pego algumas frutas e um copo de suco.
- Bom dia, La- Jauregui. - ela continua me encarando e começo a ficar sem graça mas consigo fingir não me importar, ou pelo menos acho que estou transparecendo isso.
- Bom dia, Doutora. - ela desvia o olhar e pega seu celular para olhar algo - Espero que tenha descansado bem depois de ontem. - seu olhar volta a pairar sobre mim e me sento no banco de frente para ela. A maldita tinha um sorrisinho nos lábios, ela adora me provocar, inacreditável.
- Dormi sim, obrigada. E como estão seus ferimentos? Sentiu alguma melhora com os remédios que te dei? - enfio um pedaço de manga na boca e suspiro ainda incomodada com seus olhares intensos.
- Acho que estão progredindo sim. - ela beberica o café e faz uma pausa dramática antes de responder as outras perguntas, me deixando inquieta com todo esse seu ar de misteriosa - Talvez você deva apenas verificar se precisa trocar o curativo, eu o molhei sem querer. - quase me engasgo com a fruta mas bebo a água, esqueci que precisava trocar isso... Precisaria ficar mais perto dela, do seu corpo, com seu olhar focado em mim enquanto analiso suas feridas. - Tudo tranquilo? - apenas confirmo com um aceno e aponto para o sofá.
- Se deite lá para que eu possa dar uma olhada antes de ir trabalhar, por favor. - ela se levanta e caminha até a sala, observo de longe ela subir a sua blusa e deixar a cintura exposta. Respiro fundo e fecho os olhos em busca de controle e calma. Me aproximo e deixo a maleta no chão em cima do tapete felpudo, sua pele branca exalava o cheiro dos meus produtos de banho e lutei internamente para não fechar os olhos e apreciar essa combinação perfeita. - Certo, deixe-me ver... - coloco o par de luvas e retiro com cuidado o curativo, sorrio por notar uma melhora na infecção.
- E? - ela questiona enquanto me analisa.
- Há uma melhora aqui, logo estará pronta para ir embora da minha casa. - encaro seu rosto e sorrio ainda mais, ela revira os olhos e volta a mexer no seu celular. Por algum motivo dessa vez ela não ficou me intimidando com seu olhar enquanto troco o curativo. - Vou dar uma olhada no da sua coxa.
- Hm. - seu tom seco me irrita mas abstraio para não ser impulsiva. - E como está o seu namoradinho? - foco apenas em limpar e trocar o curativo para não olhar em seus olhos.
- Se fala do Zayn, ele não é meu namorado e suponho que esteja com o rosto todo roxo. - vejo um breve sorriso querer surgir em seus lábios mas ela rapidamente o desfaz. - Pronto, acho que só precisa de mais três curativos e você estará intacta para voltar ao crime. - retiro as luvas sem desviar nosso contato visual e ela se senta ficando de frente para mim. O perfume do seu cabelo alcança meu nariz e umedeço meus lábios ainda atordoada por ficar tão próxima dessa mulher enigmática.
- Falta mais um. - ela aponta para o seu lábio inferior que brilhava por causa do corte levemente aberto, volto a encarar seus olhos que brilhavam de um jeito estranhamente atraente. Ela segura a gaze e entrega nas minhas mãos me despertando do transe.
- Por que se meteu na discussão ontem? - pergunto enquanto passava o soro no seu lábio e tentava fingir costume, não que eu não faça isso no hospital, entretanto, não há uma tensão sexual presente com os meus pacientes.
- Porque não suporto ver um homem tratando uma mulher daquela forma. - se limitou a dizer apenas isso e engulo seco a saliva que se formou na minha boca, passo mais tempo que o esperado limpando seu corte e aproveitando para observar discretamente os traços do seu rosto. Ela é incrivelmente linda mais de perto, eu não sabia que sentia atração por mulheres até esbarrar com essa, é uma incógnita o que ela me faz sentir... - Está tão feio para demorar tanto? - seu tom ríspido me desperta dos pensamentos intrusivos e aplico uma pomada em seu lábio para ajudar na cicatrização.
- Pronto, realeza da má educação. - ela semicerra os olhos na minha direção e eu reviro os meus entediada com sua tentativa de impor medo.
- Você não tem medo do perigo não é, Camila? - ela se aproxima mais cortando um pouco da distância segura.
- Qual perigo eu deveria temer, você? - sorrio enquanto fecho a maleta e ignoro as reações do meu corpo ao ter ela tão perto de mim. Seu olhar seco expressava seu ódio por causa da minha rebeldia ao desafiar sua moral - Não tenho medo de você Jauregui, na verdade chega a ser patético você imaginar isso. - quando ia me levantar ela segura meu pulso impedindo o ato e nossos olhares se conectam, sinto um arrepio subir dos meus pés até o meu pescoço, mas não de medo... é quente.
- Pois deveria, Camila. - seu olhar desce até os meus lábios e rapidamente retornam aos meus olhos - Se não de mim, dos meus inimigos, uma hora ou outra eles saberão que você ajudou Lauren Jauregui. - agora sim um arrepio perturbador corta minha coluna e ela nota a surpresa nos meus olhos - Mas devo informar a você que ninguém mexe no que é meu. - franzo as sobrancelhas com sua frase e puxo meu pulso do seu toque.
- Ah, era só o que me faltava, eu não sou sua. - ela se levanta ficando de frente para mim, um pouco mais baixa por causa do meu salto - Nem aqui e nem nas suas fantasias obscuras, meu bem. - dou dois tapinhas leves no seu rosto, mas ela segura meu pulso e me puxa colando nossos corpos.
- Ouse repetir esse ato novamente no meu rosto e vou fazer você se arrepender, Karla Camila. - contraio a mandíbula ao ouvir sua ameaça e meu corpo reage esquentando no mesmo instante sob seu olhar cortante. - E quando eu digo que ninguém mexe com o que é meu, significa que você tem minha proteção e não que será minha de outras formas, avalie seus pensamentos e intenções, Doutora. - ela sorri de lado e prendo minha respiração - Porém, você iria amar ser minha de outras formas. - ela sussurra no meu ouvido e fecho os olhos ao sentir uma pontada incômoda diretamente no meio das minhas pernas. Ouço meu celular tocar e ela me solta e vai para a cozinha, ainda atordoada pego o aparelho e atendo sem verificar quem era.
- Sim? - pego minhas bolsas e saio batendo a porta.
- Camila!! Onde está? - era Dinah e parecia afobada.
- Saindo de casa, precisei refazer os curativos de Lauren e já estou a caminho.
- Oi? Como assim? Ela está na sua casa? - fecho os olhos ainda tentando recuperar o controle do meu corpo e entro no elevador.
- Longa história, depois te conto. - desligo o celular e coloco no bolso da minha calça. Suspiro pesado eliminando toda a tensão do meu corpo, essa mulher é insana. Definitivamente está fora de cogitação qualquer envolvimento com esse capeta, além dos curativos.
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Criminal
FanfictionDuas mulheres com personalidades, objetivos e hobbys totalmente diferentes, tão opostas que chega a ser clichê. Camila Cabello - uma mulher de 27 anos, busca construir sua carreira de médica renomada. Destemida, ela não leva desaforo para casa e es...