Capítulo três

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Eles dizem: " Todos os garotos B O N S vão para o céu "
Mas os garotos maus trazem
o C É U até você
Julia Michaels - Heaven

Eleonora D'aramitz

Eu já tinha chegado da faculdade e tomado banho, preparando-me para a noite que se aproximava. Peguei meu vestido branco, longo, de mangas bufantes, pendurado no cabide. Os vestidos não eram meus preferidos e muito menos de Louise, que os abominava, comparando-se a um bolo de aniversário cheio de glacê. Mamãe insistia no branco, dizendo que transparecia inocência e juventude, uma imagem de pureza que ela prezava.

Passei uma camada de base nos meus machucados, ocultando os sinais das lutas recentes. Aprendi a me maquiar com a vovó para me divertir, nunca para esconder feridas. Fiz uma maquiagem leve, observando meu reflexo no espelho. O vestido que eu usava era diferente dos outros; destacava minhas curvas e mostrava um pouco mais dos joelhos, embora as mangas bufantes ainda me incomodassem. Meu cabelo estava preso pela metade com um laço branco, e calcei uma sapatilha bege, completando o look.

Saí do quarto e fui em direção à cozinha, onde todos já me esperavam. Louise, usando um vestido branco longo de alcinhas e sapatilhas brancas, tinha os cabelos loiros soltos e cacheados nas pontas. Ela usava pouca maquiagem, assim como eu. Mamãe, com seu vestido bege e cabelos ruivos em um coque, usava saltos brancos e estava sem maquiagem. Papai, de terno preto e cabelo ligeiramente bagunçado, calçava sapatos pretos elegantes.

Louise foi a primeira a me ver e imediatamente me puxou em direção ao carro dos nossos pais. Sentamos atrás, esperando eles entrarem. Em pouco tempo, estavam todos no carro, e meu pai começou a dirigir em direção à igreja. A viagem foi rápida e silenciosa, e quando chegamos, todos estavam sérios, sem sorrisos ou conversas.

Louise foi a primeira a me ver e imediatamente me puxou em direção ao carro dos nossos pais. Sentamos atrás, esperando eles entrarem. Em pouco tempo, estavam todos no carro, e meu pai começou a dirigir em direção à igreja. A viagem foi rápida e silenciosa, e quando chegamos, todos estavam sérios, sem sorrisos ou conversas.

Louise saiu do carro com mamãe, e eu comecei a sair também, mas minha mão foi puxada com força, me fazendo voltar para dentro. O aperto era doloroso, e quando levantei os olhos, vi a fúria fria no rosto de meu pai.

— Você tá tentando seduzir quem com esse vestido de puta? Se fizer algo hoje, eu acabo com você em casa. — Ele falou, quase rosnando, seu rosto a centímetros do meu.

Seu hálito quente e carregado de raiva fez meu estômago revirar. Eu tremi, sentindo o medo se infiltrar em cada fibra do meu ser. Seu aperto na minha mão era firme e implacável, como se quisesse esmagar qualquer resistência que eu pudesse ter.

— Você me entendeu? — Ele exigiu, sua voz um sussurro feroz.

Balancei a cabeça em concordância, o nó na minha garganta tornando impossível falar.

— Quero que fale, Eleonora, ou o gato comeu sua língua? — Sua voz se elevou, e eu sabia que ele estava à beira de perder a paciência.

— Sim, pai, eu entendi. — Minha voz saiu fraca e trêmula, um reflexo da tempestade de medo e submissão dentro de mim.

— Bom. Vamos então, minha filha. — Ele sorriu para mim, mas o sorriso não alcançava os olhos. Era um sorriso frio e calculado, me fazendo ter ânsia de vômito.

Saímos do carro, e meu pai logo abriu um sorriso falso, cumprimentando as pessoas que passavam. Ele sabia fingir bem, como se fosse uma segunda pessoa naquele corpo, diferente do pai que eu conhecia em casa. Seu comportamento público era impecável, uma fachada de cordialidade e respeito, escondendo a verdadeira natureza de um homem controlador e cruel.

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