Capítulo quatro

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A V I S O

Antes de lerem, o capítulo terá alguns gatilhos sobre tortura psicológica, tortura física e agressão, se você não gosta de ler esses capítulos sugiro pular esse capítulo.

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S O U apenas um humano
no fim das contas
Sou apenas um H U M A N O
no fim das contas
Não coloque sua culpa em mim
Rag'n'Bone Man - Human

   18 de julho de 2023

Eleonora D'aramitz

    Eu estava na cozinha com Louise, o aroma do café fresco misturado com o som alegre da sua voz, que não parava de falar sobre a festa que ia acontecer hoje à noite. Ela estava animada, quase radiante, tentando me convencer a sair de casa e aproveitar um pouco.

— Por favor, nora, você precisa sair dessa casa e se divertir — insistiu Louise, balançando meus ombros com uma energia que parecia inextinguível. — Você passa o tempo todo com a cabeça nesses livros. — Ela puxou o livro que eu estava lendo e o balançou no ar. Eu a olhei, não conseguindo deixar de sorrir com a sua insistência.

— Livros são mais interessantes que pessoas, e eu não vou ficar só lendo, vou estudar para a prova de amanhã — respondi, tentando recuperar o livro das suas mãos. Louise me olhou com uma expressão de espanto exagerado, como se eu tivesse acabado de dizer a maior heresia.

— Você deveria fazer o mesmo, sorellina — disse eu, piscando para ela. Louise respondeu com um sorriso irônico, claramente desafiada pela minha resposta.

— Na próxima festa você vai comigo, sem escapatória — suspirou, levantando-se e indo em direção às escadas. Mas, antes de subir, parou, virou-se e me deu um olhar de determinação. — Não se esqueça da festa de sábado, eu não vou te deixar escapar dessa, Eleonora — falou com uma convicção que não deixava espaço para argumentação. Depois, ela voltou a caminhar, pulando de felicidade enquanto se afastava.

Eu balancei a cabeça, um sorriso brincando nos meus lábios enquanto observava sua saída. Sentia uma leveza na minha alma com a sua persistência, um contraste tão bem-vindo com a carga de tristeza e responsabilidades que me acompanhavam. Louise sempre tinha esse jeito de iluminar o ambiente, de trazer um pouco de cor para os dias cinzentos.

— E vai se arrumar para a faculdade — gritou do corredor, sua voz ecoando pela casa. O som me fez lembrar da rotina que ainda estava por vir, mas também trouxe um toque de leveza à minha manhã.

Levantei-me da cadeira com uma sensação de alívio, meu humor melhorado pela insistência alegre de Louise. Enquanto caminhava em direção ao meu quarto, uma pequena parte de mim se perguntava se talvez, apenas talvez, uma noite de diversão não fosse tão má ideia assim. Mas, por agora, tinha que me concentrar nos estudos e nos desafios que o dia me reservava.

No entanto, a ideia da festa e a visão de Louise pulando de alegria me deixaram com um sentimento de antecipação leve e esperançosa, uma pequena faísca que, mesmo que pequena, podia talvez, iluminar um pouco o meu dia. Ao entrar no meu quarto, me preparei para enfrentar a jornada acadêmica que se seguia, mas com um sorriso no rosto, um pouco mais leve e esperançosa do que antes.

20 minutos depois

Saí do banho com a água ainda escorrendo pelos meus cabelos e um frio na espinha que parecia se instalar nos ossos. O relógio marcava a hora de ir para a faculdade, mas eu estava parada diante da porta do quarto de Elliot, meu irmão, como se a simples presença ali fosse um ritual de devoção. Sem coragem para simplesmente passar adiante, entrei no quarto dele, um santuário de memórias que eu mantinha intacto, apesar do vazio doloroso que ele agora representava.

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