a plateia do bailarino.

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Um mentiroso sempre reconhece outro.

É um anátema sobre a mente daqueles que proferem palavras contrárias às verdadeiras.

Jimin sempre foi bom em identificar um bom mentiroso.

Não era intencional, mas acontecia. Apesar de, na maioria de seus dias, observar foi uma arma necessária para prever os movimentos.

Jimin começou a falar muito tarde para sua idade. Quando criança, sua mãe teve suspeitas graves sobre haver algo de errado com o filho. Seu pai, pelo contrário, nunca achou que fosse algo sério. Jimin seguia adiante com sua mãe esperando por qualquer sinal de seu desenvolvimento.

Mas ele era silencioso.

Nada do que fazia gerava muita balbúrdia. Uma criança que não falava e não tinha muitos afins para curiosidade alheia. Era como se ele ainda não tivesse consciência, apesar da idade.

As coisas começaram a mudar quando seu irmão mais velho deixou de ser barulhento, para virar escandaloso.

Ao contrário de Jimin, Taehyung era apocalíptico. Uma bagunça adolescente ambulante que gostava de gritar e ser ouvido.

Jimin, em seus piores dias, se perguntava — em silêncio — porque o barulho era necessário.

Até que ele entendeu.

Em casa, seu pai só dava atenção àquilo que lhe tirava o sossego.

Não era de muito entendimento do porquê um garoto como Taehyung necessitava ao chamar a atenção do pai. Parecia autodestruição.

Jimin mal era notado pelo progenitor. Ele achava melhor assim. Seu pai não tinha muitas coisas boas para oferecer de qualquer modo — um homem sem avulso para coisas que não lhe interessavam. Isso incluia seus próprios filhos.

Mas por que Taehyung continuava insistindo em querer a atenção dele?

Ao passar do tempo, Jimin começou a se "reiniciar" como um todo. Não que ele não soubesse falar, ele só não queria.

Havia algo no silêncio que era exuberante.

Enxergar era a maior maravilha delas.

Se você não fala, você enxerga. E foi isso que Jimin fez por muito tempo até decidir que estava na hora de entrar com suas vocações.

A dança foi o seu primeiro contato com o amor.

Era como um abraço caloroso e silencioso — do jeito que ele gostava. Quente, suado e flexível.

As pisadas distantes de um dançarino profissional exercendo seu trabalho em um palco era como respirar ar fresco.

Ele ficou obcecado.

E sim, pode-se dizer que quando nada ao redor te segura por muito tempo, quando chega o verso de uma nota diferente, você fica obcecado.

Então Jimin contou aos seus pais que queria dançar.

Ballet não era sua primeira opção, até ele ver aquele maldito vídeo da apresentação de Le Corsaire.

Foi sem querer; um click suave em cima de uma apresentação vista de seu computador velho.

A peça era difícil, quase impossível, planejada, perfeita e distante. Ao mesmo tempo que era suave, agressiva, persistente e, claro, controversa.

A solidão russa, o poema da peça e a música foram uma das coisas mais lindas que Jimin já havia visto.

Como se o mundo tomasse cor, ele finalmente achou algo para ter o que falar.

Quando Jimin disse aos seus pais que queria dançar ballet, eles o olharam com uma curiosidade que demorou muito para se ajustar.

Me deixe entrar | yoonkookminOnde histórias criam vida. Descubra agora