veni, vidi, vici.

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O dia estava transcorrendo facilmente, isto é, se o produtor executivo da banda não estivesse pressionando Yoongi a criar um novo single para eles. Já havia dois prontos, mas pelo visto, não era o suficiente. Sentado na cadeira giratória, um dos rapazes — que gostava de se denominar o líder deles — estava no estúdio de Yoongi, mostrando suas ideias rabiscadas em um caderno escrito Death Note na capa.

O garoto não era nenhum gênio. Tudo soava repetitivo e odioso, como se ele tivesse expressado ódio em forma de música. Yoongi coçou a cabeça e se virou para ele, sem muita paciência.

O garoto era alto, com um corpo atlético e um vocal bom de quem foi criado em um coral de igreja. Os olhos dele eram preguiçosos, com um azul manchado e uma pinta preta em um deles. O cabelo desgrenhado o fez lembrar de Jungkook.

Então sem qualquer pudor para diferenciar garotos idiotas de pessoas comprometidas socialmente, ele soou rude com sua verdade.

"Quantos inimigos você realmente tem? Consegue por em categoria o que cada um deles te fez? Ou isso aqui é rancor pelo mundo que você acha que não consegue suportar, quando o problema está em você e na sua mente mal desenvolvida?"

O garoto parou de girar o piercing na orelha esquerda, totalmente petrificado enquanto encarava Yoongi. Ele abriu a boca, como se tivesse a resposta para aquilo — ou achasse que tinha. Mas nada saiu.

Nada saiu porque era um tolo. Apenas uma criança com um risco de fama no currículo dizendo que queria sugar o sangue de seus inimigos.

Yoongi não suspirou, ou mostrou arrependimento pelas palavras. Ele apenas pegou o caderno e jogou no colo do garoto.

"Você tem vinte e um anos, uma vida confortável desde que nasceu e nenhum inimigo para confrontar. Escreva o que você sente, ou o que está passando agora. Às vezes o sentimento mais genérico, é melhor do que uma mentira."

Ele então se virou para as telas do seu computador, pensando rapidamente em como uma música sobre "futuro" pudesse ser mais administrativa para aquele grupo. Embora Yoongi fosse só um produtor, ele se recusava a produzir músicas com letras ruins e dormir à noite pensando nelas.

"Hm... talvez sexo?" Ele se virou para o garoto de novo, que se desarmou completamente agora. Nada de um sentar desleixado e um olhar de quem era bom demais para estar ali. A cara vermelha era de dar dó.

"Sexo vende," Yoongi bufou com a verdade, esfregando o rosto. Provavelmente aqueles garotos tinham mais conteúdo sexual em suas mentes do que qualquer poesia musical.

"Sim." O garoto soou tímido.

"Me traga o que achar bom. Eu vou ver como melhorar." Como se fosse o chefe, ele ordenou e viu o garoto se levantar, tentando se curvar para ele em um gesto cultural que não lhe pertencia.

Yoongi revirou os olhos, esticando os lábios em descrença quando sua cabeça latejou assim que a porta fechou.

Ele olhou para a lata de energético que estava ali há horas, provavelmente quente agora, mas ele ainda sentia a taurina fervendo suas entranhas por dentro.

Ou era outra coisa?

Com a tela ligada, ele desviou da gravação em sua frente e entrou no Instagram, onde mal administrava o aplicativo se não fosse para curtir as postagens de Jimin durante o dia. Seu marido era ativo em todas as redes sociais, diferente dele.

Até agora Jimin não tinha postado nada do trabalho: uma criança fofa tentando rodopiar na sala, ou uma foto de seu café americano no Starbucks do outro lado da rua. A maioria das fotos no feed dele era com ele e Yoongi. Mas havia muitas fotos de Jimin sozinho, rindo em meio a neve de setembro, totalmente empacotado como um bolinho de arroz.

Me deixe entrar | yoonkookminOnde histórias criam vida. Descubra agora