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— Rio de Janeiro, Brasil.

Giulia Mattos

"Você não sabe o que é ser oprimido dentro de uma comunidade, tem morador de comunidade que dá graças a Deus quando a gente entra pra operar...se você tem uma filha gostosinha, bonitinha, você vai perder ela pra vagabundo."

Isto numa tarde de terça-feira quando estou bem bela sentada em sofá de casa vendo um tiktok quando então começa uma reportagem no jornal sobre operadores da BOPE após uma invasão deles em uma das  favela daqui do errejota na qual não prestei atenção. Nisso vem minha mãe correndo assistir  pois uma grande maria fifi de plantão nós temos!

— OLHA QUE ABSURDO É OUVIR UMA COISA DESSA!!! - exclama minha mãe após ouvir as palavras ditas pelo o senhor policial.

Chego até me assustar com esse tipo de reação, para mim é algo novo ver ela tão interessada nisto e ainda mais brava com as sinceras palavras do senhor. Minha mãezinha tem o temperamento meio elevado com certos tipos de coisas mas jamais que ela ficaria assim com uma reportagem dessas... nem chega ser normal nós assistir reportagens além quando dizem sobre o tempo.

— Que ridículo a forma que este policial falou sobre a filha de alguém, queria ver se fosse a dele. - ainda estressada, minha mãe coloca seu pano de prato no ombro e se posiciona em frente a televisão.

"o cara vai levar tua filha por que ela é bonita, ele vai querer comer a sua filha, ele oprime!"

— Ah perdão, se a menina aceitou ir a culpa fica do garoto.. hã hilário!

— Manhê que mal te pergunte, que tão incomodada estas com o comentário desse cara?- tentei segurar minha curiosidade mas vá que ela me solte uma bomba dizendo que ela já ficou com cara envolvido.

Me ignora total e volta a ouvir a reportagem.

Me ignorou por quê? será por que minha paranoia estava certa?

"se ele cismar que você é X9 ou alguma coisa na polícia, ele vai tomar o seu barraco. Quantas vezes cara eu já vi isso na minha vida, eu já presenciei um morador de comunidade olhar pra nossa patrulha e chegar a chorar emocionado por que a gente chegou num momento que tava critico..."

Minha mãe nem um pouco puta da cara com isso (ironicamente) sai da sala voltando para a cozinha me deixando um pouco curiosa. Isso me da uma vontade de investigar sobre o passado dela e também sobre meu pai, será que ele era envolvido? ou será que minha mãe era de favela? por que ela sempre me disse que lutou e conquistou tudo para poder me dar do melhor mas também nunca quis me contar sobre o passado e nem eu quis perguntar muito pois sabia que doía muito falar sobre meu pai já que ele é falecido tem  vinte anos, eu ainda estava no ventre de minha mãe com oito meses de gestação ou seja, nunca o conheci.

— Mãe? - a chamo.

Não obtenho nenhuma resposta.

Vou ou Não? Isso é desrespeito ou Não?

Apesar de que eu só estou atrás de notícias do meu pai, saber dele...

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Narrador

— Jacarezinho, Rio de Janeiro.

Thiago da Silva Alves, mais conhecido por th do jacaré apelido dado por seus amigos. Thiago foi nascido e criado na favela do Jacarezinho por sua humilde avó Maria de seus 64 anos de idade; Th sempre foi um garoto da rua ou era jogando bola com seus amigos ou então vendendo sacolé para arrecadar o mínimo de dinheiro para ajudar em casa pois sua avó já não tinha e nem tem condições de trabalhar.

Thiago sempre passou suas dificuldades mas não fez diferente dos crias de comunidade; Com seus 16 anos optou pela vida mais fácil e que o dinheiro vem rápido, entrou para a vida do crime mais diretamente para organização criminosa mais famosa do Rio de Janeiro, Comando Vermelho.  Desde então ele ingressou com tudo e hoje é um dos mais procurado da BOPE.

Dona Maria? pois então ela não aceitou isso numa boa, tiveram diversas discussões e brigas. Apesar de Thiago respeita-lá o máximo, ele optou a sair de casa com somente um ano de missão com a organização criminosa. Thiago recebe bem mais que um salário mínimo por semana, com o tráfico ele chega a lucrar muito ainda mais com a boa lábia que ele tem e o desenvolvimento com os crias. Começou novão como fogueteiro; sempre na ativa quando os cana entrava na favela.

Com o tempo Thiago foi subindo de cargo e era algo que ele sempre se orgulhou, pois isso mostrava a ele que era bom no que fazia até então isso o motivava a fazer mais e mais; Th não gastava um tustão do que ganhava, sempre guardava e todos amigos achavam isso estranho pois os mesmo gastavam com prostitutas, drogas e bebidas. Thiago com dois anos de serviço ao crime comprou uma casa nova para dona Maria e mobiliou com móveis todos novos e mesmo sua avó não o apoiando, julgando o próprio de vez enquanto, ele ainda seguiu o propósito dele, entrou com o pensamento de mudar a vida de sua avó e tá fazendo por onde.

Thiago Alves foi um dos únicos a ficar e defender seu antigo chefe, combateu de frente os inimigos em uma das missões mas que infelizmente Bravo do Jacaré foi ser Bravo no céu ou... melhor deixar baixo em respeito. Após isso veio seu apelido ou melhor seu vulgo "Th do Jacaré" pois ali ele mostrou que tem a facção como família e hoje em dia está como gerente do Jacarezinho. Mais do que aliado com o seu chefe Patrick, tanto é que o acompanha em altas reuniões do comando vermelho em geral, ou seja, todos morros que fazem parte cv participam dessas reuniões.

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Notas da Autora:

Confesso que pra mim tá sendo bem legal estar de volta mas também não posso deixar de pedir encarecidamente o voto de vocês (⭐) e também o comentário (💬). Pois isso me ajuda muito a saber se vocês estão gostando, se querem mais ou querem que eu pare. Além disso me motiva um monte a escrever mais.

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