21-Uma última chance

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Ter vida ou existência; existir. Esse é o significado da palavra viver, não posso muda-lo, não posso torna-lo melhor ou pior, não posso alterar a forma como se vive, como se traça os caminhos.


Apesar de muitos dizerem por ai que sabem por onde estão caminhando, a verdade é que estamos apenas seguindo o nosso rumo, mesmo quando desistimos de ir pela esquerda para ir pela direita, estamos seguindo nosso rumo já definido, não podemos muda-lo, não podemos dizer se vamos cometer erros ou acertos, se vamos ser bons ou maus.


Diante de tudo o que eu estava vivendo, sabia que estava chegando a hora de tomar uma decisão. Eu já era mais o mesmo Davi que adorava brincar com piadinhas e sarcasmos, que adorava dizer tudo o que vinha a mente sem me preocupar com nada, eu havia mudado muito, mudado o bastante para perceber que a vida não é do jeito que eu quero, do jeito que eu espero, não é a vida que tem que se adaptar a mim, sou eu quem tenho que me adaptar a ela, pois somos parte dela.


Não vou mentir que era frustrante, passei as últimas duas semanas me envolvendo com o homem que me jurou amor. Não havíamos voltado, estávamos apenas transando, sim, estávamos transando feito loucos. Depois daquele dia no banheiro, eu percebi que era excitante demais estar ao lado dele sem poder toca-lo, era viciante o seu beijo, o seu cheiro, mas eu ainda não queria voltar com ele, não queria que ele pensasse que tudo acontecia fácil, que ele me tinha nas mãos.


Não posso fazer nada em relação a isso, não sei vocês, não sei quantos que estão lendo já amou alguém, não quantos já sentiram o prazer de ter seu peito preenchido quando vê aquela pessoa, o sorriso, quando sente o gosto da boca colada à sua.

Pode parecer coisa de novela das nove, mas não é, amar é uma condição básica do ser humano, é uma coisa que todos sentem, mesmo dizendo e mostrando que não, todos amaram ou ama alguém de uma maneira que não consegue calcular, assim como eu o amo.


É muito amor para uma paragrafo só, sei que está ficando chato e meloso, mas é o que eu sinto, é o que eu senti cada vez mais nessas últimas duas semanas que passamos juntos.

Eu ainda não havia voltado com ele, mas ele sabia que isso ia acontece aos poucos, que isso um dia poderia acontecer; passei na sua casa para pegar umas roupas que haviam ficado por lá e acabamos na cama, com ele sussurrando em meu ouvido palavras safadas e gostosas, com ele apertando o seu corpo contra o meu, beijando a minha boca.

Depois, eu fui embora e acabei esquecendo da roupa, tive que pedir a Sara para buscar ou eu acabaria na cama com ele novamente. Foi ai que eu percebi, que desse jeito eu não iria viver, ainda não confiava nele o suficiente para voltar com ele, mas eu iria tentar, mesmo que doesse depois, mesmo que eu chorasse depois, iria tentar.

Uma vez eu vi em um livro uma frase "é melhor se arrepender de ter feito, do que de não ter tentado", e era isso que eu iria fazer. Pensei mil vezes antes de tomar essa decisão, mas só de imaginar ver ele com outro ou com outra, sorrindo, abraçando sabendo que poderia ser eu no lugar já me doía o peito, e o que era um simples eu te perdoo diante de um sentindo como o amor, como o prazer de estar junto.


Esse capitulo não é o mais humorado de todos nem o mais dramático, é o mais realístico de todos os outros, o que eu expresso a minha decisão.

Eu levantei da minha cama e mandei uma mensagem para ele dizendo que precisava conversar com ele, que precisava vê-lo, ele apenas me respondeu uma daquelas carinhas sorridentes com brilho nos olhos, sinceramente, eu acho algumas até bonitinhas, mas tem outras que me assustam, de verdade.


Fiquei esperando ele aparecer, ele iria me buscar já que ele estava de carro e como eu vivia de carona ou de transporte público cujo o mesmo eu pago (Viva Brasil), então eu esperei ele chegar. E logo lá estava ele, vestindo uma camisa branca de gola V, uma bermuda roxa bem escura, uns óculos de sol já que o dia estava rachando, de quente. Lembrando que nesse dia eu faltei a faculdade.

- eu acho melhor irmos a um lugar mais tranquilo, daqui a pouco o Sérgio chega - falei

- está bem, - falou

Entrei no carro e ele deu a partida, no caminho não falamos nada, ele ficou quieto também, não se expressou. Fomos até o AP dele que estava uma bagunça que só, mas enfim, entrei e me sentei no sofá, ele sentou de frente pra mim no mesmo sofá.

- precisamos conversar sério - falei

- hunrum, pode falar - disse me olhando


- olha Binho, não acho que seja ideal o que estamos fazendo, confesso que é bom, mas isso estava me destruindo, me deixando confuso e eu acho que não devemos continuar - ele me interrompeu

- se você quiser parar pode parar, mas eu não vou desistir de você - falou

- você não deixou eu terminar. Não podemos continuar desse jeito, mas eu decidi que quero voltar com você. Só que essa vai ser a sua única chance, a única de você mostrar que não vai mais me trair, pode ser ruim lá na frente, mas se isso voltar a acontecer, não tente me procurar, nunca mais - falei

- Davi, eu sei que eu errei, sei que fiz besteira, você me torturou por dois meses, não falou comigo, não respondeu as minhas mensagens, fiquei com medo de te perder pra sempre, eu estou parecendo aquelas meninas de filme americano, mas eu te amo demais para cometer esse erro novamente, - falou me olhando


Eu segurei suas mãos, entrelacei seus dedos nos meus e olhei para ele, tão lindo, tão sem vergonha que dava vontade de bater e beijar ao mesmo tempo, ele levou minha mão até a sua boca e beijou a minha mão esquerda, me puxou devagar fazendo com que eu fosse me inclinando junto a ele e deitamos no sofá com ele por baixo de mim.

- por que você fez aquilo? Poderíamos estar de outro jeito agora - falei

- não importa, foi um erro que eu não vou cometer mais, eu juro Davi. - falou me olhando

Quando finalmente íamos nos beijar, o meu celular começou a tocar feito louco. Eu saí de cima dele e atendi;

- Davi - falei


- é o Tiago, preciso de você aqui na agencia, a coisa ficou feia, perdemos o contrato com a concessionária e se não terminarmos um dos projetos até as seis, perdemos mais outro - ele falou

- o que aconteceu? - perguntei

- tivemos um problema com o fotografo, aquele que fez as fotos? Ele não nos entregou e perdemos o prazo de entrega do produto, estamos com a corda no pescoço, precisamos de um outro fotografo aqui e de você para ajudar na campanha - falou

- tudo bem, vou ver se consigo alguém - falei

Desliguei o celular.

- o que aconteceu? - perguntou

- o pessoal da agencia está com a corda no pescoço. - falei


- e? - ele perguntou

- e que eu vou ter que ligar para o Breno, ele é fotografo e pode me ajudar nessa - falei

- nem morto você vai falar com aquele zé ruela de novo, - ele falou bravo

- sinto muito Binho, mas é meu emprego e o Breno é fotografo, é trabalho e não uma suruba - falei

- arruma outro, tem tantos fotógrafos dentro de são Paulo - falou

- olha só, nem adianta ficar estressadinho agora, eu vou ligar para ele sim e acabou.

Nisso eu já havia ligado, estava chamando e logo ele atendeu perguntando quem era.



- sou eu, Davi - falei


Meu Hétero FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora