- Bomba Relógio -

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Guil Mars

Depois de descansar bastante logo após uma longa semana de assaltos, eu me levantei, me arrumei e fui treinar sozinho. Tinha um saco de pancada no cofre de Íris, então eu aproveitei a oportunidade para treinar.

Enquanto desferia vários golpes no saco de pancada, minha mente foi me levando para outros lugares.

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Eu estava me sentindo desconfortável faz alguns dias, roubando tantas coisas. O cassino foi à uma semana atrás e desde então, temos roubado tantas coisas em tão pouco tempo. Não gosto de roubar... Nunca roubei nem um lápis se quer. Minhas ações estavam erradas, mas eu devia minha vida a Íris naquele momento. Eu não sabia direito oquê fazer...

Nos dias em que nós não roubavamos nada, a Íris ia para o Bordel. Eu fico desconfortável por algum motivo sempre que me lembro disso... Não posso simplesmente chegar nela e falar: "Aí Íris, não quero que você vá trabalhar! Eu me sinto mal com isso!". Não sou o pai ou o namorado dela para falar essas coisas...
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Eu estava batendo feito louco no saco de pancadas quando Íris apareceu:

- Trabalhando duro não é? - Disse Íris enquanto se aproximava de mim com uma xícara de café. - Tem um minuto? - Acenti, e nós dois fomos para a varanda dela. - Você foi incrível, sabe? Nos últimos roubos que fizemos. Suas habilidades furtivas são ótimas!

- Ah... Obrigado... - Abaixei a cabeça.

- Mas você não me parece feliz faz alguns dias. Tem alguma coisa errada?

- É... É só que... - Quando eu ia dizer alguma coisa, minha insegurança tomou conta de mim. Acabei recuando. - Não... Não é nada... - Menti, enquanto tomava um gole de café.

- Se você diz... - Ela sabia que tinha alguma coisa errada, mas não queria me pressionar, então deixou quieto. - Ah, eu vou "trabalhar" hoje a noite, então não teremos nenhum assalto para realizar.

- Entendi. Mais alguma coisa para me dizer?

- Não?

- Então eu vou voltar a treinar, tá? - Disse enquanto me levantava. - Obrigada pela xícara de café.

- Mas já vai sair? Eu queria conversar um pouco... - Não deixei nem ela terminar de falar, saí apressadamente. - mais...

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Eu estava me sentindo um idiota. Ela me dava comida e abrigo e eu estava a evitando por pura babaquisse. Eu queria concertar as coisas e me abrir, mas não tinha coragem para isso.

Quanto mais fui ficando deprimido, mais forte eu batia no saco de pancada. Chegou em um ponto onde eu quase quebrei meus dedos. Estavam em carne viva, mas não doíam nada.

Eu subi, tomei um banho e fui enfaixar meus dedos. Quando olhei para a janela, vi que já tinha anoitecido. Íris não estava mais em casa, provavelmente deveria estar no Bordel. Fui para a cozinha, peguei um Kit de Primeiros Socorros e comecei a enfaixar minhas mãos.

Assim que terminei, eu caminhei até meu quarto e deitei na minha cama, ainda pensativo. "Eu estava sendo egoísta? Eu estava errado naquela situação?", eram alguns dos pensamentos que me perturbavam.

Estava mergulhando cada vez mais nos meus pensamentos quando ouvi uma porta se abrindo, achei que fosse Íris então fui recebe-la. Quando olhei para a porta, vi que de fato era ela. Mas ela estava com um homem, provavelmente cliente dela.

Eles estavam... Se beijando e se tocando. Foi uma visão nojenta. Talvez ela não quisesse que os clientes dela descobrissem que tem um homem morando com ela, então voltei para o meu quarto e tranquei a porta silenciosamente.

Eu fiquei lá no meu quarto, tampando os ouvidos tentando abafar o som... Era de fato torturante...

Pensar que ela estava dando para outros caras já era angustiante, agora ter que "presenciar" de camarote essa merda toda? É demais para mim...

Só fui conseguir dormir depois que acabou a "festa", e naquela noite... Eu tive tantos... Tantos pesadelos...

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Íris Liarder

Eu acordei bem cedo, o cliente já havia ido embora, graças a deus. Quando me levantei, vi que ele havia deixado seu cartão encima da minha cabeceira. E atrás do cartão estava escrito: "Me ligue depois docinho ♡". Amacei e joguei fora, não queria me envolver seriamente com esses cretinos.

Me levantei da cama e fui direto para o banheiro, tirei toda a sujeira e maquiagem e logo fui para a cozinha, onde encontrei Guil fazendo o café.

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- Bom dia Guil. - Disse sorrindo.

- É, bom dia. - Quase nenhuma reação, nem uma olhada nos meus olhos. Ele estava muito frio esses dias, sempre me evitando. Eu estava começando a ficar preocupada.

- Está fazendo o que?

- Só um miojo.

- Um miojo? De manhã?

- Já são 13:00 Íris. - Disse soltando alguns risos. Que fofo, eu estava com tanta saudade de uma reação vinda dele.

- Espera... Uma da tarde?? Eu preciso concertar urgentemente o relógio do meu quarto. Por quê não me acordou?

- Você estava dormindo tão serenamente, que pensei em te deixar quieta. Descansar é importante, ainda mais depois de uma noite inteira de... Trabalho... - Ele falou está última frase de um jeito muito estranho. Agora que eu fui me tocar, ele deve ter ouvido tudo!

- G-Guil... Olha... me desculpe tá. Ele não queria ficar no Bordel então eu trouxe ele aqui e...

- É o seu trabalho. Os detalhes dele não são da minha conta. - Ele foi curto e grosso. Me senti culpada na hora.

- Eu... Eu só quero pedir desculpas... - Meu coração estava batendo forte pela ansiedade. Parecia uma bomba relógio, pronta para explodir.

- Não precisa se desculpar. Tem algum roubo hoje?

- Ah, não. Eu pensei que a gente poderia sair, sabe? Para conversar.

- Eu acho melhor não. Estou muito cansado mentalmente, vou treinar mais um pouco. Por favor, não me incomode. - Depois disso ele desceu e foi para o cofre.

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Eu me sentia horrível. Ele não merecia passar por isso. É literalmente a primeira vez que eu fiquei preocupada por alguém ver como eu sou no meu trabalho. Eu queria consertar as coisas, mas como fazer isso?

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Guil Mars

- Íris... - Murmurei enquanto desferia golpes violentos no saco de pancadas. Eu estava perdendo a minha cabeça. - Roubos... - Dei mais alguns golpes fortes até a minha mão começar a sangrar, e eu cai no chão quase chorando. - Afinal de contas... Eu estou assim pela Íris ou pela minha consciência? POR QUE EU SOU TÃO CONFUSO COMIGO MESMO!? - Berrei. Eu estava prestes a chorar, eu não gostava de me sentir confuso... Meu coração batia tão rápido e forte. Quase como uma bomba relógio com várias camadas de dinamites. Eu queria me explodir naquele exato momento só para não sentir essa angústia. - O que eu faço?

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- Brenda -

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Pobrezinho do nosso Guil... Te entendo Guil... Te entendo---

Vocês acham que ele está triste por roubar, pela Íris ou pelos 2 motivos?

Ladra Dourada °Onde histórias criam vida. Descubra agora