Um Caso Em Obras

Capítulo 8

Emily Monteiro.

Que som infernal!
Me viro pro outro lado da cama...

- Aaah, esse som não me deixa dormir! - Tateio o celular ainda grogue.

Uma ligação.

Atendo com raiva por ser interrompida no meio do sono.

- Quem é?!

- Emily? - Uma voz masculina fala. - Está dormindo?

- Estava.

- Então te acordei?

Não, claro que não...

- Quem é? - Pergunto novamente.

- Adam Williams. Por acaso você não salvou meu número?

Levanto abruptamente.
Será que perdi o horário?!

04:10 da manhã!

AAh vai a merda.
Qual o motivo dessa ligação, Afinal?

Tecnicamente não estou em horário de trabalho, então não devo satisfações a ele.

Sem pensar duas vezes desligo na cara de Adam.

Ele poderia muito bem, esperar algumas horas.

De repente, o toque cintilante do meu celular começa a cantarolar de novo.

- Não. Eu não vou atender.

Deito novamente, ainda tenho mais algumas horas de sono e não vou querer desperdiçá-los.

O telefone cantarola de novo.
e de novo...
e de novo...

- O que foi? O que é tão importante que você não pode esperar pra falar no trabalho? - Falo pelo telefone.

Apesar de não estar olhando seu rosto, conseguia sentir que Adam abrirá um sorriso pelo outro lado da ligação.

- Apenas certifique-se de atender minhas ligações.

- A essa hora da manhã? São 04:10 da madrugada. Quão louco você está?

- Estou muito ocupado...

- Eu também estou.

- Ocupada dormindo?

- Se existem pessoas que estão ocupadas trabalhando, também existem pessoas que estão ocupadas dormindo.

- Certo, não me importo. Eu liguei pra saber se você pode comprar um café pra mim. Charles está de folga hoje, Liam não atende as minhas ligações e eu estou ocupado. Só sobrou você.

Dou um suspiro profundo.

Vamos lá, não deve ser tão ruim assim, né? É só comprar um café.

- Tudo bem, eu compro.

Adam me diz detalhadamente como quer seu café e por fim desligo o celular.

***

(07:30)

Abandono o meu rímel dentro da bolsa. Meu café duplo já estava pronto, junto do café de Adam.

Tento equilibrar os dois copos de café, com uma mão só, enquanto tento atravessar a rua.

Dentro de alguns segundos entro na recepção da empresa, passando rapidamente pelas catracas biométricas.

- Por favor! Alguém segura o elevador. - Corro ainda mais, quando percebo que ninguém tenta me ajudar, porém uma mão aparece, fazendo o elevador abrir e mostrar quem é o meu salvador.

- Ora, parece que a bela adormecida finalmente acordou.- A voz de Adam irrompe o local, acompanhado do seu sorriso galante

- Bom dia. - Digo por educação. - Aqui está o seu café.

Adam se aproxima e pega o copo com seu nome.

Ele começa a tomar café, enquanto mexia no celular.

Em segundos seu rosto muda de expressão, e se transforma em uma careta.

O Que há de errado?

Adam não diz nada, então deixo esse acontecimento de lado.

O elevador abre e saio sem olhar para trás.

- Não esqueça. Às 16h esteja na minha sala, precisamos debater coisas sobre o projeto. - Adam diz.

- Claro, às 16h estarei na sua sala.

***

Por volta de meio dia, finalizo alguns projetos atrasados. Era necessário fazer isso, já que terei que viajar com Adam esse final de semana.

Desenho o perímetro de uma planta, quando, sem aviso, Adam irrompe o meu escritório.

Ele não diz absolutamente nada, apenas se aproxima da minha mesa.

- Da próxima vez, me traga café AO LEITE. - Ele alega batendo o copo de café na mesa - Não gosto de café puro e amargo.

Minhas bochechas começam a queimar de raiva.

Suas palavras são rígidas. Porém, a única coisa que posso fazer é concordar.

Afinal, eu sabia que a funcionária tinha errado o pedido, mas achei que não faria mal mudar um pouco.

Ele dá um passo à frente para a porta, sua mão ao redor da maçaneta, enquanto me lança um último olhar.

- Você não perde por esperar.

Então ele se foi, meu olhar se fixando na porta vazia.

Acho que prefiro morrer.